Miramez – Capítulo 108 do livro Médiuns

Vigilância do Sensitivo – Miramez
Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios. (I Tessalonicenses, 5:6)

A vigilância nos faz conhecer a aproximação do engano, dotando-nos de resistência quanto às investidas da maldade.

Equilibra o nosso raciocínio, para nos livrar do ciúme, do orgulho e de tantas outras contradições do amor, que objetivam atrofiar as qualidades excelentes da inteligência e do coração.

O médium que não se esquece de vigiar o que pensa e fala, o que escreve e anuncia, é mais difícil de ser envolvido na trama da mistificação, porque a vigilância é a eterna âncora, onde pára o navio do bem, na área precisa do amor.

Em todas as etapas educativas não se deve esquecer a vigilância. Acautelar-se contra possíveis ataques das trevas não é se impressionar com o mal; é preparar-se para a difusão do bem, sem que tenhamos medo de fracasso.

O médium é um campo visado de inimizade entre os dois planos geralmente, um se associa ao outro e, em casos diversos, sem que o encarnado tenha conhecimento disso; carece de notar que todo resguardo é pouco, para que a obra doutrinária não se macule na transmissão das belezas imortais.

Existem muitos meios de os Espíritos brincalhões e zombeteiros desequilibrarem um medianeiro.

Sempre são usados os processos nos quais o médium se sente fraco. É nesse ponto alto do perigo que deve entrar a auto-análise, exercício esse operante todos os dias, em todas as freqüências dos sentimentos, para que a instalação das sensibilidades decisivas seja assegurada pela razão.

E quando alguém se sentir mais atraído pelos caminhos largos, que se lembre da oração, converse com Deus por intermédio da prece e confie, trabalhando em serviços dignos de louvor.

A afirmativa “Fora da caridade não há salvação”, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” é, principalmente, nesse sentido. A caridade nos livra de todo e qualquer mal, de todo ambiente indesejado, e transforma o ódio em amor. Pode-se dizer, hoje e sempre, que caridade é vigilância.

O homem diligente comunga com freqüência com a paz, desata em si a segurança e se liberta das influências malévolas. Todavia, a verdadeira diligência não é aquela que só examina o que não convém. É, acima de tudo, o tempo ocupado em tudo o que se refere ao bem da coletividade.

O médium moderado nunca cai sem condições de se levantar imediatamente, porque caminha com estabilidade, sabendo das prováveis investidas de natureza inferior. E, ainda mais, não teme os convites externos em relação às iniqüidades.

No entanto, não se descuida do seu mundo íntimo e se comporta em todas as ocasiões como senhor das suas fraquezas, construindo o seu próprio destino, para que o futuro lhe outorgue existências mais favoráveis.

Estudar é também manter vigilância. O intermediário dos Espíritos estudioso é capaz de acumular conhecimentos doutrinários, que lhe servem de amparo em todas as necessidades.

Exerce também a função de terapia, de alimento para a alma. Conhecer é viver. A sobriedade multiplica a nossa alegria, e o cuidado fortifica a nossa fé. Não devemos dormir em caminho, quando a noite é de contradição.

Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios. (I Tessalonicenses, 5:6)