Nas Fronteiras da Loucura – 14 Parte

Nas Fronteiras da Loucura
Manoel P. de Miranda - Divaldo Pereira Franco
Centro Espírita Nosso Lar – Grupo de Estudos das obras
de André Luiz e de Manoel Philomeno de Miranda.

62. Adversários da mediunidade

Havia no Dr. Bezerra um entu­siasmo sadio e grande respeito pelo ministério mediúnico, que lhe transparecia na face e ressaltava nas palavras. Mas ele advertiu: De tempos em tempos, amiudadas vezes, surgem movimentos anti mediunistas entre respeitáveis estudiosos e obreiros da Doutrina Espírita, que en­tão sofrem inspiração negativa.

As Entidades perversas, que se vêem desmascaradas, desmanchadas suas tramas e conluios nefastos, através da mediunidade digna, combatem, sistematicamente, esta porta de servi­ços, tentando cerrá-la, ora pela suspeita contumaz, ora pela desmora­lização e vezes outras pela indiferença geral, desfrutando, então, es­ses inditosos, de  área livre para o comércio infeliz que estabelecem e o prosseguimento das ardilosas quão inclementes perseguições que pro­movem.

Dr. Bezerra reportou-se então à memorável sessão mediúnica re­alizada no Tabor, quando o Mestre se transfigurou e parlamentou com Moisés e Eliás materializados e, logo depois, ao descer do monte, re­preendeu um obsessor que atormentava um jovem, expulsando a Entidade infeliz e liberando o paciente. Ali, acentuou o Mentor, se rea­lizara uma perfeita fluidoterapia com o obsesso, socorro ao obsessor e um intercâmbio superior com os líderes israelitas desencarnados, qual ocorre nos trabalhos espíritas práticos, sob os rígidos códigos da mo­ral evangélica.

Inspirados, portanto, por mentes perturbadoras, ociosas, vingativas de diversas gamas, surgem companheiros ciosos da preservação do patrimônio doutrinário, investindo contra as reuniões mediúnicas. Alguns alegam excesso de animismo, outros exageros no me­diunismo, mais outros afirmam que esse período está  superado e não falta quem diga serem tais serviços prejudiciais ao equilíbrio mental e emocional de pessoas nervosas, de personalidades psicopatas.

O Men­tor, afirmando que tais críticos não têm razão em sua postura, anali­sou, na seqüência, todos os argumentos levantados, indicando para cada um deles a orientação necessária. Assim é que, na questão do ani­mismo, ao invés de coibi-lo, devemos educar o sujeito, fazendo-o libe­rar-se das impressões profundas que lhe afloram do inconsciente, nos momentos de transe, qual oportuna catarse que o auxiliará a recobrar a harmonia íntima. É essencial doutrinemos, diz ele, os portadores de mediu­nidade em fase atormentada. (Cap. 16, pp. 118 a 120)

63. O valor da mediunidade

A tese exposta por Dr. Bezerra é muito clara: os chamados excessos mediúnicos não são da responsabili­dade das sessões, mas da desinformação dos experimentadores e das pes­soas que se aventuram nas suas realizações, desarmadas do conhecimento doutrinário e da vivência de suas execuções.

Nunca, asseverou Dr. Bezerra, estarão ultrapassadas as realizações mediúnicas de proveito incontestável, além do poder que exercem para fazer novos adeptos que então passam a interessar-se pelo estudo da Doutrina e seu aprofunda­mento. O Mentor examinou, por fim, o argumento de que as sessões afe­tam pessoas portadoras de desequilíbrios nas  áreas mental e emocional, o que, para ele, não tem qualquer fundamento.

Em primeiro lugar, por­que tais pessoas não devem ter participação direta na reunião; e de­pois, porque essas criaturas podem ser beneficiadas a distância, sem participarem fisicamente das sessões. Em seguida, após afirmar  que o conhecimento, a preparação doutrinária e as condições morais dos par­ticipantes da sessão são os fatores predominantes para a obtenção dos resultados, o Mentor concluiu:

“Respeitamos todas as criaturas nos de­graus em que estagiam, no seu processo de evolução espiritual. Entre­tanto, valorizamos os trabalhadores anônimos da mediunidade, os que formam os círculos espirituais de assistência aos desencarnados e de intercâmbio conosco pelo sacrifício, abnegação e fidelidade com que se dedicam ao fanal da consolação e da caridade que flui e reflui nas sessões mediúnicas de todas as expressões sérias: de “curas” ou fluidoterapia, de desobsessão, de desenvolvimento ou de educação da mediu­nidade, de materialização com objetivos sérios e superiores, favore­cendo o exercício das várias faculdades mediúnicas para a edificação e vivência do bem.

Esses trabalhadores incompreendidos, muitas vezes afadigados, estão cooperando eficazmente, no esquecimento a que muitos os relegam, com os Benfeitores da Humanidade, na construção do Mundo Novo de amanhã pelo qual todos anelamos". (Cap. 16, pp. 120 a 122)

64. Férias coletivas no Centro Espírita

O último dia do Carna­val apresentava-se portador de excessos de toda natureza. Pairava no ar uma psicosfera tóxica, de alucinação. Grupos de trabalhadores espi­rituais sucediam-se na assistência, mas nem sempre as providências desses beneméritos resultavam favoráveis ou exitosas, o que também não significava fracasso, porquanto o contágio do bem, embora rápido, sem­pre deixa impregnação amena.

Manoel P. de Miranda foi convidado pelo irmão Genézio Duarte a participar de uma reunião mediúnica, à noite, na Casa Espírita onde ele havia mourejado em sua última existência. Tratava-se de uma reunião normal de socorro a desencarnados, incluindo consolação a algumas pessoas aflitas pela perda de familiares queridos e que laboravam naquela Instituição.

Genézio, ante uma dúvida colocada por Philomeno, aludiu a uma corrente de idéias que tem proposto sejam as Sociedades Espíritas fechadas nos primeiros meses do ano, a título de férias coletivas, palavra essa que, para o plano espiritual, não apresenta qualquer sentido positivo ou útil, pois que o trabalho para os Espíritos tem primazia, como Jesus mesmo afirmara: "Meu Pai até hoje trabalha e eu também trabalho".

Certamente que o repouso, as­severou Genézio Duarte, é uma necessidade e se faz normal que muitos companheiros, por motivos óbvios, procurem o refazimento em férias e recreações. Sempre haverá , no entanto, aqueles que permanecem e po­dem prosseguir sustentando, pelo menos, algumas atividades na Casa Es­pírita, que deve permanecer oferecendo ajuda e esclarecimento, edu­cando almas pela divulgação dos princípios e conceitos doutrinários com vivência da caridade.

Genézio aludiu também àqueles que propõem, de forma equivocada, ser imprescindível fechar-se a Instituição Espírita nos dias de Carnaval e de festas populares outras, por causa das vi­brações negativas, para evitar-se perturbações de pessoas alcoolizadas ou vândalos que se aproveitam dessas ocasiões para promoverem desor­dens, quando é exatamente nesses dias que o trabalho no bem se faz mais necessário. (Cap. 17, pp. 123 e 124)

“A publicação do estudo continuará
nas próximas semanas”