Cristalização do Espírito

Sinceramente, por mais que me esforce, grande é a minha dificuldade para penetrar os enigmas da cristalização do Espírito em torno de certas situações e sentimentos. Como pode a mente deter-se em determinadas impressões, demorando-se nelas, como se o tempo para ela não caminhasse?

O tempo, para nós, é sempre aquilo que dele fizermos. Lembremo-nos de que as horas são invariáveis no relógio, mas não são sempre as mesmas em nossa mente. Quando felizes, não tomamos conhecimento dos minutos.



Satisfazendo aos nossos ideais ou interesses mais íntimos, os dias voam céleres, ao passo que, em companhia do sofrimento e da apreensão, temos a idéia de que o tempo está inexoravelmente parado. E quando não nos esforçamos por superar a câmara lenta da angústia, a ideia aflitiva ou obcecante nos corrói a vida mental, levando-nos à fixação.

Simbiose espiritual

1. Sustento do princípio inteligente: O princípio inteligente, que exercitara a projeção de impulsos mentais fragmentários para nutrir-se durante largas eras, alçado ao Plano Espiritual, na condição de consciência humana desencarnada, começa a plasmar novos meios de exteriorização, em favor do Sustento próprio.


No mundo das plantas, com o parênquima clorofiliano, aprendeu a decifrar os segredos da fotossíntese, absorvendo energia luminosa para elaborar as matérias orgânicas, e lançando de si os gases essenciais que contribuem para o equilíbrio da atmosfera. No domínio de certas bactérias, inteirou-se dos processos da quimiossíntese, aproveitando a energia química haurida na oxidação de corpos minerais.


Entre os seres superiores, consagrou-se à biossíntese, em novo câmbio de substâncias nos vários períodos da experiência física, para garantir a segurança própria, sob o ponto de vista material e energético.

Habituado aos fenômenos do anabolismo, na incorporação dos elementos de que se nutre, e do catabolismo, na desassimilação respectiva, automatiza-se lhe a existência, em metamorfose contínua das forças que lhe alcançam a máquina fisiológica, através dos alimentos necessários à restauração constante das células e ao equilíbrio dos reguladores orgânicos.

O Princípio Inteligente

A alma pareceria assim ter sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação? Não dissemos que tudo se encadeia na natureza e tende a unidade? É nesses seres, que estais longe de conhecer totalmente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida, como dissemos. É, de alguma sorte, um trabalho preparatório, como a germinação, em seguida ao qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se toma Espírito. (O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - pergunta 607)


No plano da criação divina, podemos admitir o fluido universal como elemento formador da matéria condensada e semi-condensada, tal como os mundos, os corpos dos seres vivos, a parte perispiritual dos seres, o duplo etérico, o fluido vital. Mas cada um desses elementos oriundos do fluido universal, caracterizado como material ou semi-material, sofre as modificações inerentes à matéria, que vão desde as transformações físicas e químicas até a desagregação com conseqüente retorno à fonte que lhes deu origem.


O Espírito, dotado de instinto, inteligência, pensamento, abstração, sentimentos, emoções não poderia possuir as características materiais, sob pena de voltar ao todo universal sem a manutenção de sua individualidade, o que seria inglório para ele, e medíocre como plano traçado por quem detém a sabedoria suprema. Tal pensamento leva-nos a crer, que o princípio inteligente deve ter sido criado distintamente do princípio material, como se ambos fossem de essências diferentes, que deveriam unir-se para aperfeiçoamento conjunto.

O problema do Ser

O primeiro problema que se apresenta ao pensamento é o do próprio pensamento, ou, antes, do ser pensante. É isto, para todos nós, assunto capital, que domina todos os outros e cuja solução nos reconduz às próprias origens da vida e do universo.


Qual a natureza da nossa personalidade? Comporta um elemento suscetível de sobreviver à morte? A essa questão estão afetas todas as apreensões, todas as esperanças da humanidade. O problema do ser e o problema da alma fundem-se num só. É a alma que fornece ao homem o seu princípio de vida e movimento.


A alma humana é uma vontade livre e soberana, é a unidade consciente que domina todos os atributos, todas as funções, todos os elementos materiais do ser, como a Alma divina domina, coordena e liga todas as partes do universo para harmonizá-las. A alma é imortal, porque o nada não existe e coisa alguma pode ser aniquilada, nenhuma individualidade pode deixar de ser.