Orelhão espiritual

É muito comum, pessoas procurarem as casas espíritas com o intento exclusivo de obter contato com parentes e amigos que desencarnaram, quase sempre há pouco tempo. Esse procedimento é muito comum entre aquelas criaturas que não possuem conhecimento sobre o Espiritismo.


Mas também acontece com pessoas que já deveriam ter uma noção maior da realidade espiritual. Muitas além do desejo de entrar em contato com seus desencarnados, o fazem por curiosidade, saudade, inconformidade, e muitos outros motivos. Uma pessoa me interpelou perguntando: “Perdi” meu pai há poucos meses. Seria possível me indicar um centro espírita onde eu tivesse a oportunidade de ver ou de falar com ele?


Esta pessoa não gostou muito da resposta quando eu disse que, embora não fosse impossível, isso seria muito difícil. Embora condenada por alguns, a evocação dos espíritos é possível, porém, está sujeita a uma série de circunstâncias que poderão impedi-la. Na questão 282 do “Livro dos Médiuns” estão enumeradas várias possibilidades de uma evocação não ser atendida. Esta é uma boa sugestão de leitura para maiores esclarecimentos sobre o assunto. Vejamos alguns obstáculos:

Nenhum espírito pode ser obrigado a satisfazer nossa vontade. Há quem pareça julgar que os espíritos são nossos serviçais, que devem atender prontamente ao nosso chamado. O espírito liberto da matéria é mais livre do que nunca, só se comunica se assim o desejar. Somente os sofredores e obsessores são algumas vezes, compelidos a comunicar-se, por misericórdia do Pai, para serem socorridos ou doutrinados.

Há ocasiões em que o espírito evocado já se encontra reencarnado (nesse caso, só poderia se comunicar através do sono) ou, pode também estar executando tarefas que não podem ser interrompidas. O local onde se encontra o espírito evocado, pode ser outro obstáculo ao atendimento do chamado. Estando em instituição espiritual, (como “Nosso Lar”), dificilmente será deslocado até a crosta terrestre apenas para atender a um pedido. O mesmo ocorre com aqueles que necessitam expiar suas faltas no umbral ou em região com fim semelhante.

Na novela recentemente apresentada em uma emissora de TV, o obsessor entrava e saía do umbral, à vontade, como se fosse uma hospedaria. É um equívoco pensar que na Espiritualidade não existe ordem e subordinação. A permissão da Espiritualidade Superior para a comunicação, também se faz necessária.

Embora muitos dirigentes materiais tomem atitudes de comando supremo, nós encarnados, não dirigimos os trabalhos espirituais, somos meros participantes. Se o trabalho é sério e organizado, tem um dirigente espiritual designado para a tarefa por altos mentores espirituais, que toma todas as atitudes referentes a seu campo, assim como compete ao dirigente material manter a ordem e as condições de trabalho no campo material. Os espíritos elevados não recebem ordens dos encarnados.

Assim a comunicação não depende só de nossa vontade ou a do evocado. O impedimento pode ser até uma espécie de punição, seja para o espírito, seja para quem o evoca. Outro fator a considerar é a finalidade com que é feita a evocação. É necessário motivo relevante e um ambiente saturado de bondade e simpatia. Espírito esclarecido só se comunica quando constata a utilidade da comunicação, jamais ocupa o tempo para satisfazer curiosidades ou manter diálogo sobre banalidades. Isso porque as reuniões mediúnicas devem ser destinadas ao aprendizado e a caridade junto aos espíritos necessitados.

Também há fatores emocionais que podem impedir o intercâmbio. Deve ser profundamente emocionante para o desencarnado falar com os entes queridos que ficaram. Todo desencarne provoca uma certa perturbação, mesmo que seja por poucos momentos. Poderá gerar um desequilíbrio no espírito desencarnado caso ele não se encontre em condições emocionais para a comunicação.

O Espírito Emmanuel, no livro “O Consolador”, na questão 380 nos ensina que não é justo provocar a comunicação com os desencarnados. Que o espírita sincero busca conforto moral na própria fé. Acrescenta que o homem pode desejar isto ou aquilo, mas há uma Providência e mérito a ser analisado, além da utilidade da permissão. A comunicação deve ser espontânea, que devemos colocar a fé acima do egoísmo e considerar a necessidade de repouso daqueles a quem amamos.

A melhor maneira de auxiliarmos um espírito desencarnado, é através da prece feita com sentimento, rogando aos espíritos amigos que prestem o devido socorro àqueles que já se foram, para que sejam orientados, amparados e guiados à pátria espiritual.

Compilado por Harmonia Espiritual da
Revista Visão Espirita nº 19 – artigo de Hélio Pinto