Animalização da matéria

Os elementos químicos que formam os corpos brutos e os seres vivos são os mesmos. No entanto, nos seres orgânicos, esses elementos adquirem propriedades específicas, que lhes são conferidas pela maneira como se combinam e se organizam para gerar a vida.


Os corpos orgânicos são dotados de FLUIDO VITAL, o qual se desenvolve em virtude de sua organização íntima, possibilitando a exteriorização deste, latente na matéria, enquanto tais condições de ordenação molecular não se estabelecem em definições precisas. É por esta razão, que o homem mesmo sabendo a composição química dos seres vivos mais simples, não consegue através da união dos elementos formadores, fabricá-los em laboratório.


Seria necessário unir tais elementos ao fluido vital, para animá-los e fornecer lhes vitalidade, personalidade, pois este fluido ainda sofre variações em essência e quantidade segundo as espécies a que animaliza. Observa-se, portanto, seres de uma mesma espécie, com maior saturação fluídica, enquanto outros mostram-se mais apáticos, em virtude da deficiente cota fluídica em movimento pelos órgãos, não permitir uma aceleração típica do dinamismo gerador da vida saudável.

Licantropia

Compilado do livro Libertação de
André Luiz (espírito) e Francisco Xavier

A frente de vasta tribuna vazia e sob as galerias laterais abarrotadas de povo, compacta multidão se amontoava, irreverente. Alguns minutos decorreram, desagradáveis e pesados, quando absorvente vozerio se fez ouvido: Os magistrados! Os magistrados! Lugar! Lugar para os sacerdotes da justiça!


Procurei a paisagem exterior, curiosamente, tanto quanto me era possível, e vi que funcionários rigorosamente trajados à moda dos lictores da Roma antiga, carregando a simbólica machadinha (fasces) ao ombro, avançavam, ladeados por servidores que sobraçavam grandes tochas a lhes clarearem o caminho.


Penetraram o átrio em passos rítmicos e, depois deles, sete andores, sustentados por dignitários diversos daquela corte brutalizada, traziam os juízes, esquisitamente ataviados. Que solenidade religiosa era aquela? As poltronas suspensas eram, em tudo, idênticas à sédia gestatória das cerimônias papalinas.

A Comunidade da perversão moral

Compilado do livro Sexo e destino
Manoel P. de Miranda (espírito) e Divaldo P. Franco

Embora não pudéssemos ver Mauro e o seu adversário que seguiam para ignota região, o irmão Anacleto conduziu-nos com segurança para o perímetro fora da cidade, em vasta área pantanosa e sombria, que certamente conhecia, e de onde recendiam odores pútridos e uma gritaria infrene enchia a noite com blasfêmias, expressões chulas e sórdidas, gargalhadas estentóricas, movimentação agitada, etc.


O cuidadoso Guia advertiu-nos que nós estávamos adentrando em uma Comunidade totalmente dedicada à perversão sexual, dirigida por implacáveis sicários da Humanidade, que ali reuniam o deboche à degradação, o cinismo à rudeza do trato, onde encontravam inspiração muitos indivíduos reencarnados e dali procedentes na área da mórbida comunicação social, da literatura doentia e da arte escabrosa para os seus espetáculos de hediondez e de degeneração moral.


Reduto imenso, criado pelas emanações morbíficas das próprias criaturas da Terra, que para lá seguiam por imantação magnética opcional, quando parcialmente desprendidas pelo sono físico, constituía um sorvedouro de paixões primárias que, no passado, destruíram culturas e civilizações, qual está acontecendo no presente com grande parte da nossa sociedade.

Mediunidade

Esmagadora maioria dos estudantes do Espiritismo situam na mediunidade a pedra basilar de todas as edificações doutrinárias, mas cometem o erro de considerar por médiuns tão somente os trabalhadores da fé renovadora, com tarefas especiais, ou os doentes psíquicos que, por vezes, servem admiravelmente à esfera das manifestações fenomênicas.
 

Antes de tudo, é preciso compreender que tanto quanto o tato é o alicerce inicial de todos os sentidos, a intuição é a base de todas as percepções espirituais e, por isso mesmo, toda inteligência é médium das forças invisíveis que operam no setor de atividade regular em que se coloca.


Dos círculos mais baixos aos mais elevados da vida, existem entidades angélicas, humanas e sub-humanas, agindo através da inteligência encarnada, estimulando o progresso ou divinizando experiências, brunindo caracteres ou sustentando abençoadas reparações, protegendo a natureza e garantindo as leis que nos governam.

A Gália

A Gália conheceu a grande doutrina; possuiu-a sob uma forma poderosa e original; soube dela tirar conseqüências que escaparam aos outros países. Há três unidades primitivas, diziam os druidas, Deus, a Luz, e a Liberdade. Quando a Índia já andava dividida em castas estacionárias, em limites infranqueáveis, as instituições gaulesas tinham por bases a igualdade de todos, a comunidade de bens e o direito eleitoral.


Nenhum dos outros povos da Europa teve, no mesmo grau, o sentimento profundo da imortalidade, da justiça e da liberdade. É com veneração que devemos estudar as tendências filosóficas da Gália, porque aí encontraremos, fortemente denunciadas, todas as qualidades e também todos os defeitos de uma grande raça. Nada é mais digno de atenção e de respeito do que a doutrina dos druidas, os quais não eram bárbaros como se acreditou erradamente durante séculos.


Por muito tempo, só conhecemos os gauleses pelos autores latinos e pelos escritores católicos. Mas, essas fontes devem, a justo título, ser suspeitas, pois esses autores tinham interesse direto em desacreditá-los e em desfigurar suas crenças. César escreveu os Comentários com evidente intenção de se exaltar aos olhos da posteridade. Polião e Suetônlo confessam que nessa obra abundam inexatidões e erros voluntários.