Filipe estava assustado, em virtude de vários incidentes
acontecidos em Betsaida. Junta-se ao povo, procurando algo que pudesse saciar-lhe
a fome e a sede materiais e mesmo as necessidades do espírito. É certo que saía
dos encontros com Jesus e seus distintos companheiros fortalecidos na fé e no
modo pelo qual entendia a vida, nos dois planos que a sua concepção aceitava.
Mas ao se envolver na atmosfera dos homens que negavam as
verdades transcendentais do espírito, sentia-se comprometido com determinadas
dúvidas, como amarrado a um poste para sacrifício, sem esperança de salvação. O
entendimento, nessas horas, fugia-lhe, escapando, igualmente, do seu hábil
raciocínio. Era preciso encontrar solução e, para tanto, não existia melhor
oportunidade do que as reuniões que se processavam no casarão.
O filho de Betsaida era muito cauteloso nas suas buscas, nunca
aceitava idéias sem que, primeiro, examinasse suas propriedades. Tinha
verdadeira vigilância contra a influência dos outros para consigo e, quando
encontrava uma filosofia, ou mesmo conceitos que o fascinassem, submetia-os à
apreciação de outros da sua inteira confiança. A bateia de sua análise não se
enganava na escolha do ouro, muito menos da pedra valiosa da verdade, que
deveria ser a verdade filosofal dos mestres e dos sábios.