Entre os povos de iniciativa, nenhum há cuja
missão se manifeste com maior brilho do que o da Hélade. A Grécia iniciou a
Europa em todos os esplendores do belo. De sua mão aberta saiu a, civilização
ocidental, e o seu gênio de vinte séculos atrás ainda hoje se irradia sobre as
nações.
Por isso é que, apesar de seus
desmembramentos, de suas lutas intestinas, de sua queda final, ela tem sido
admirada em todas as épocas. A Grécia soube traduzir, em linguagem clara, as
belezas obscuras da sabedoria oriental. Exprimiu-as a princípio com o adjutório
dessas duas harmonias celestes que tornou humanas: a Música e a Poesia.
Orfeu e Homero foram os primeiros que fizeram
ouvir seus acordes à terra embevecida. Mais tarde, esse ritmo, essa harmonia
que o gênio nascente da Grécia havia introduzido na palavra e no canto,
Pitágoras, o iniciado dos templos egípcios, observou-os por toda parte do
Universo, na marcha dos astros que se movem, futuras moradas da Humanidade, no
seio dos espaços, na concordância dos três mundos, natural, humano e divino,
que se sustentam, se equilibram, se completam, para produzirem a vida em sua
corrente ascensional e em sua espiral infinita.