Sexualidade e a Força Criativa do Espírito

Para compreender a relação da sexualidade e a força criativa do Espírito, temos que aprofundar os estudos das mensagens contidas na Codificação, nas obras subsidiárias, e por autores diversos que pesquisam o assunto sob o ponto de vista espiritual. André Luiz, no livro Evolução em dois Mundos, Capitulo 6, descreve informações importantes, sobre o aparecimento da função sexual na Terra: “Durante um longo tempo, bactérias e células foram experimentadas em reprodução orgânica (sem gametas, isto é, assexuadas).


Após esse período um determinado grupo passa a exibir no seu interior qualidades magnéticas positivas e negativas, que surgem desencadeadas por Orientadores Espirituais e acrescenta: "pressente-se a evolução animal em vésperas de nascer". E com o desenvolvimento da sexualidade e o aparecimento dos seres humanos, sob a ação dos Espíritos Superiores, surge a necessidade do povoamento da Terra.


No seu livro "Forças Sexuais da Alma", Jorge Andréa, um grande pesquisador da fisiologia da Alma e da natureza do espírito, aborda a questão: "...Não podemos fazer confusão com atividades sexuais ligadas aos órgãos físicos e as energias sexuais que carregamos em nosso Espírito. Embora, as atividades sexuais na periferia sejam orientadas por essas forças do Espírito que denominamos "forças criativas". Essas forças são usadas para criar as coisas belas e úteis ou inferiores também. A arte, a literatura, a música, os impulsos para o bem, etc.”

É importante conhecer essa força criativa e analisar o processo mente/espírito e o arcabouço das experiências pretéritas para compreendermos as bases das nossas ações, sentimentos, tendências e convivências na encarnação presente.
Jorge Andréia separa em três zonas, as camadas do consciente e do inconsciente, de uma forma mais didática e de fácil compreensão: 

1a.) Zona do Inconsciente Puro

Centro da vida, ponto de partida das energias diretivas do Espírito a distribuir-se por toda a estrutura do psiquismo. É uma zona inatingível por qualquer dos métodos psicológicos em vigor. Representaria a zona do autêntico Eu, com características de campo dimensional de energias tão específicas que, por seu intermédio, haveria a possibilidade de pensar-se que o "fluido universal" (elaboração do pensamento divino) aí encontrasse a porta de penetração e, consequentemente, de orientação e abastecimento das inesgotáveis vibrações divinas para os seres.

Seria uma zona quintessenciada, faixa de nascimento das energias criativas do próprio psiquismo, a ponte de comunicação e local de canalização da Grande Lei da Vida. As energias criativas dessa zona, que nomeamos de “inconsciente puro”, distribuem, com ordem e precisão, os necessários impulsos nutridores para a camada que imediatamente lhe segue, por nós denominada de “inconsciente passado ou arcaico”.

Esta, por sua vez, orientaria a que lhe sucede e, assim por diante, até o corpo físico. Desse modo, o Centro da Vida, a fonte criativa estaria, com seu inteligente direcionamento, nas células físicas orientando os processos bioquímicos, porém com energias perfeitamente adaptadas pelas respectivas filtragens que as camadas dimensionais do psiquismo podem oferecer.

2a.) Zona Inconsciente Passado ou Arcaico

É a camada que circunda
a do “inconsciente puro” e onde estariam sedimentadas todas as experiências que determinado ser vivenciou através dos evos. Aí encontraremos os "núcleos” desses arquivos que, pela sua intensa atividade, denominamos de “núcleos em potenciação”; poderíamos nomeá-los, em pensamento de Jung, de “arquétipos”. Quanto mais vivenciou determinado ser, maior o lastro dessas fontes vibratórias pelo mecanismo incorporativo; nessa absorção e devida metabolização da mecânica psíquica, os arquivos do Espírito, aí situados, sempre se expressarão numa posição de unificação e totalidade sob forma de “aptidões”.

Assim, os alicerces das experiências acumuladas transformam-se em “aptidões”, que poderão ser, cada vez mais, buriladas, ampliadas e melhoradas, na medida em que a evolução individual se for afirmando. Desses núcleos em potenciação partirão energias que percorrerão as diversas camadas do psiquismo até esbarrar no paredão das células físicas, especificamente em seus núcleos, impulsionando e direcionando o laboratório do “código genético”. Seria esse o modo pelo qual as forças do Espírito intervêm na organização física?”

3a.) Zona do Inconsciente Atual ou Presente

Esta terceira zona de revestimento representaria uma região cujas funções psicológicas, por se encontrarem bem próximas da zona física, mais facilmente mostram parte dessa dinâmica já mais bem percebida pela zona consciente.
É a zona onde os conflitos do psiquismo, sob forma de neuroses, mais facilmente derramam-se na zona consciente, natural canal de derivações. Diante dessa apresentação diríamos, de modo lógico, que é no “inconsciente passado”, onde os vórtices energéticos do Espírito se encontram enraizados, a absorverem experiências da zona consciente e, por processo inverso, com possibilidade de nutrirem os mecanismos da vida material.

Essas fontes inesgotáveis de energia espiritual, pela condição de constante vibração, nos levaram a denominá-las “núcleos em potenciação”. E os correspondentes na periferia (células do corpo físico), os elementos onde os vórtices desses núcleos pudessem encontrar receptividade como se fora uma tela captativa, seriam os “genes dos cromossomos”. Estamos a ver que o psiquismo, nessa hipótese de trabalho, teria correlações, canais de entrosamento entre o Espírito e a matéria.

A fim de que esses campos consigam, entre si, entrosagem e sintonia deverão ser adaptados pelas diversas mudanças dimensionais que as camadas do psiquismo devem apresentar. Quanto mais na periferia, na zona corpórea, mais densificação, quanto mais no centro, na zona espiritual, mais quintessência pela pureza dimensional. Ainda poderíamos acrescentar no esquema do psiquismo o “corpo mental” envolvendo o inconsciente atual. Quanto a esta camada ou campo temos que nos louvar nas informações espirituais, porquanto não existem possibilidades de conhecimento dessa zona pelos seus reflexos na zona consciente.

Pelo que nos fala André Luiz (entidade espiritual),
ela representa o envoltório sutil da mente. Poderíamos dizer que nessa região, possivelmente, o perispírito encontre seus alicerces. A camada intermediária que poderá oferecer todas essas condições de adaptação, entre centro espiritual e periferia corpórea, seria o “psicossoma ou perispírito”. É na rede perispiritual que os canais do psiquismo encontram os autênticos caminhos de entrosagem de energia.

No seu livro “Visão Espírita das Distonias Mentais”, ele diz: “...podemos considerar o inconsciente atual (ou presente) também funcionando como filtro entre as regiões nobres do Espírito e os campos mais externos do psiquismo.

Para quem ainda não está muito acostumado, com os termos utilizados nas obras da Codificação, Allan Kardec e os espíritos, definiram novas palavras,
para diferenciar conceitos da sua época, já que a obra corria sério risco de interpretação. Uma delas é a palavra “quintessência”, termo pouco conhecido naquela época, e provavelmente, melhor aceito e compreendido nos dias de hoje, que sugere uma ideia daquilo que os espíritos desejavam informar. Eles tinham o cuidado de não utilizar a mesma definição para coisas diferentes.

E muito provavelmente, a definição de Quintessência utilizada no período de Kardec, vem da Cosmológica dos Gregos:
A ideia de uma Quintessência (ou 5o elemento) como um tipo especial de matéria que preenche o cosmos foi introduzida pelos gregos. Na Cosmologia Aristotélica, por exemplo, o Universo seria finito, estático e formado por cinco elementos primordiais: água, ar, terra, fogo e Quintessência. O 5o elemento seria uma substância diferente das outras; transparente, inalterável e imponderável; uma matéria prima que formaria a lua, os planetas, o sol e as estrelas.

A Quintessência é um elemento essencial para tornar o modelo cosmológico grego consistente. Pela concepção grega, os elementos pesados devem cair para o seu lugar natural (o centro da terra), mas a lua mesmo parecendo pesada não cai. Isso explica a origem da Quintessência como formadora dos corpos celestes. A luz do renascimento científico e da revolução newtoniana, podemos afirmar que a Quintessência surgiu para resolver um problema de aceleração; um conceito que permitiria “sustentar" a lua e os demais corpos celestes em suas órbitas.

Se estudamos a existência do Espírito, a sua energia criativa e a sua relação na Matéria, não podemos deixar de falar do Criador e as Leis que regem o Universo. Na primeira questão de “O Livro dos Espíritos”,
Allan Kardec pergunta aos espíritos “Que é Deus?”, não mais dentro da visão Antropomórfica de “Quem é Deus” (a imagem e semelhança dos Homens) mas de um Criador, Inteligência Suprema Causa primária de todas as coisas, que revela as Leis que regem todo o Universo, tendo como princípio “As Leis Universais”, entre elas de que os Espíritos foram criados, simples e ignorantes, mantendo a sua individualidade no exercício pleno do “Livre arbítrio”. Dentro dessa compreensão, não podemos julgar a condição sexual, evolutiva de nenhum espírito encarnado e suas necessidades e escolhas, sem analisar todo o arcabouço espiritual.

Se Deus criou os Espíritos iguais, simples e ignorantes,
e neles não existe essa diferenciação sexual (essa informação está contida em “O Livro dos Espíritos” questão 200, na pergunta formulada por Allan Kardec), precisamos compreender que ele é o responsável por sua trajetória, exercitando a energia criativa da forma que lhe cabe, segundo suas necessidades e entendimento. E na Lei de Causa e Efeito, os espíritos tem total liberdade para aprender, reparar, experimentar, equilibrar, desenvolver, aprimorar suas forças a caminho da Evolução. Lembrando somente, que cada ação do espírito em uma existência, tem a relação direta com a reação nessa ou em outra existência.

Para finalizar, segue os ensinamentos do Espírito Emmanuel, quanto à aplicação do sexo. No livro “Vida e Sexo”, umas das obras mais completas sobre o assunto, encontramos já na Introdução:

“E para não nos delongarmos em considerações desnecessárias, concluiremos que, em torno do sexo, será justo sintetizarmos todas as digressões nas normas seguintes: Não proibição, mas educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo. Não indisciplina, mas controle. Não impulso livre, mas responsabilidade. Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência. Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação,
porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um.

Compilado por Harmonia Espiritual
Fundação Espírita André Luiz - Magali Bischoff