A Planta que o Pai não plantou

Toda planta que meu Pai celestial não plantou,
será arrancada. (Mateus, 15:13)

Os acirrados inimigos de Jesus Cristo haviam chamado a sua atenção pelo fato de os seus apóstolos assentarem-se à mesa, sem primeiramente lavar as mãos, alegando que esse ato contrariava os mandamentos da lei de Moisés.

O Mestre, no entanto, retrucou-lhes: Macula o homem apenas o que lhe sai da boca e não o que por ela entra, isto é, o que contamina o homem não é o alimento que ele ingere, mas as palavras maledicentes com seu cortejo de pensamentos negativos e prejudiciais, dos quais o coração está cheio.

Entretanto, a fim de melhor corroborar aquilo que apregoava, acrescentou o Mestre: E por que transgredis vós mandamentos muito mais importantes, dentre eles o que prescreve o honrai o vosso pai e a vossa mãe?

Referia-se ele a uma ordenação emanada dos escribas e fariseus, a qual prescrevia que era suficiente que se fizesse uma oferta ao Templo, e dissesse aos pais: É oferta ao Senhor aquilo que poderias aproveitar de mim, para que o ofertante ficasse desobrigado de amparar seus pais.

Logo a seguir, após denominá-los hipócritas, o Senhor asseverou: Bem profetizou de vós Isaías: Este povo honra-me com os lábios, mas mantém longe de mim seus corações. Em vão ensinam doutrinas que são preceitos dos homens.

Nisso vieram os apóstolos a fim de informar que os escribas e fariseus estavam escandalizados com suas palavras, ao que ele retrucou: Toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada.

A passagem evangélica aqui abordada é clara na demonstração de que os escribas e fariseus tentaram chamar a atenção do Mestre, pelo fato de os seus discípulos estarem transgredindo uma lei de origem humana, qual seja a de lavar as mãos antes de comer o pão, relegando para um plano secundário um mandamento contido no decálogo, muito mais relevante e de origem divina, recebido no Monte Sinai, e que prescrevia, na forma de lei imutável, que o filho deveria honrar o seu pai e a sua mãe. Na realidade, esses contrastes são uma constante no mundo.

Muitos homens têm por hábito guardar preceitos humanos, transitórios e infundados, deixando de cumprir ordenações e preceitos evangélicos e divinos, imprescindíveis para se realizar a reforma interior, definida como conquista do Reino dos Céus ou a redenção espiritual, mais comumente chamada salvação.

A planta que o Pai celestial não plantou, deve ser extirpada. Ela é simbolizada nas vãs tradições, nos ritualismos, nas coisas que destoam da verdade. São os aparatos grotescos do culto exterior, as orações intermináveis e cheias de repetições, o batismo da água, a circuncisão, as superstições, o fanatismo religioso, as várias modalidades de se adorar o Pai, sem que seja pelo único meio recomendado por Jesus: em Espírito e Verdade.

Quando a humanidade estiver ciente da sua verdadeira destinação, todas essas plantas serão arrancadas da Terra, porque elas não foram plantadas pelo Pai.

Paulo A. Godoy