Yoga - A religião universal

Trecho do livro “O que é Yoga”.
Professor Hermógenes

Vez por outra, encontro alguém que infantilmente se inquieta com a hipótese absurda de, vindo a envolver-se com Yoga, cometer apostasia e trair sua religião particular, à qual “pertence” desde a infância de forma acomodada.

Alguns me perguntam receosos se Yoga é religião. Em geral, respondo: “Se você vê religião como um processo holístico (psico-bio-físico-espiritual) de re-união de partes que antes estavam unidas e agora estão separadas e em conflito, se a vê como a re-união da alma com Deus, então Yoga é essencialmente uma religião.

Se um cristão, mesmo nada sabendo de Yoga, cumprir o caminho (marga), a disciplina ascética (sádhana) e a ética (dharma) ensinados e exemplificados por Jesus, poderá retornar à “casa do Pai”.

Volta a ser um com o Pai. Tal é, a rigor, o Yoga do Cristo. Não é disso que fala a parábola do “Filho Pródigo”? A re-ligação ou religião do filho com o Pai é a forma mais exata de entender Yoga.

Desde que dharma (dever, mandamento e injunção), o sádhana (disciplina, ascese) e o marga (caminho de redenção a ser percorrido), estabelecidos por Cristo no Evangelho, sejam cumpridos com discernimento, decisão, dedicação, devoção e disciplina, o cristão pratica e alcança o Yoga.

Que todo cristão consiga praticar o Yoga ensinado e exemplificado por; que ouça, analise, compreenda (em espírito Jesus; e em verdade) e ponha Jesus em prática o que Ele ensina em seu santo e sábio Evangelho:

“Se permanecerdes em minha palavra (doutrina), sereis verdadeiramente meus discípulos e tereis a gnose da Verdade, e a Verdade vos libertará (jnana) Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome cada um a sua cruz e siga-me (tapah)”.

Fazei aos outros aquilo que quereis que vos façam (seva). Perdoai setenta vezes sete vezes (kshama). Orai pelos que vos perseguem e caluniam (prema). Buscai primeiro o Reino de Deus e vosso ajustamento a Ele, e o resto vos será acrescentado (mumukshutva).

Muito, mas muito mais, Ele estipulou como seu dharma (preceitos, injunções, virtudes, deveres...), definiu seu marga (caminho a ser percorrido) e ensinou seu sádhana (disciplina a ser observada). Sugeriu que se optasse pela “porta estreita” que permite e promove a re-ligação com a “casa do Pai”, com o Dono da Casa.

Tivesse Ele se dirigido a hindus, penso que poderia falar assim: “Se vos ajustardes ao dharma, avançardes no marga e cumprirdes o sádhana, que vos ensinei e tanto exemplifiquei, alcançareis o estado adwaita e chegareis a dizer junto comigo “eu e o Pai somos um” e tomareis consciência de que sois Deus.

E este jnana vos libertará de samsara, o mundo dos mortos, onde há choro e ranger de dentes, e tereis vida, mas vida em abundância.” Se alguém, se supondo cristão, vier a contestar e combater o Yoga, “perdoai, pois não sabe o que faz”. Não conhece Yoga e nem a luminosa essência de sua religião tão sábia.

Em verdade, não somente o hinduísmo e o cristianismo realizam Yoga, mas todas as grandes religiões, embora sejam diferentes na superfície, em essência se propõem a levar seus seguidores à união com a Meta Suprema, que apesar de receber denominações distintas, é sempre a mesma.