Miramez - Capítulo 069 Conselhos do livro dos médiuns

Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá. (Atos, 5:38)

Não te preocupes, de certa forma, com a conduta alheia, pois somente o que é bom ficará de pé. Dar conselhos a esmo é desconhecer os direitos dos outros.

Cada pessoa vive em uma dimensão de vida, com seres e coisas diferentes da tua. Todo conselheiro irreverente é o mais necessitado, pois fechou os olhos em relação a si mesmo.

Sai do teu mundo e procura intrometer-se na vida alheia, e o resultado disso será o ódio, que distancia as criaturas e, nesse caso, retarda o perdão.

Se alguém está na posição de sempre ser solicitado a dar conselhos, que seja precavido com o que vai falar, que meça as palavras, de modo que a brandura envolva todos os assuntos e, se possível, que prepare o ouvinte, para que ele mesmo se inspire na solução que lhe seja mais agradável.

O mundo de uma alma e suas necessidades, é mais conhecido por ela mesma. E para conhecê-la mais ou menos, é indispensável que se viva com ela muito tempo, e que se tenha um dom de análise muito profundo.

A melhor fonte de conselhos são os livros, e principalmente os que são organizados objetivando a educação das criaturas, porquanto o leitor não encontra imposição e, além disso, seleciona na leitura, consciente e inconsciente, o de que mais necessita, sem discussão e sem revolta.

Caso não aceite nada do convite feito em silêncio, não há quem o julgue por sua atitude. Se insistires em aconselhar, ouve esta advertência: quem aconselha deve estar muito seguro da sua opinião, pois em muitos casos, o ouvinte é que está com a razão.

É certo que o livro representa um turbilhão de conselhos, selecionados por um turbilhão de problemas. No entanto, não aparece, frente a frente, o conselheiro.

Ele expõe uma coleção de opiniões para que o necessitado escolha aquilo que mais lhe convém. Não estamos indo para nenhum extremo. Há pessoas cuja sensatez no falar e bom senso nas atitudes, nos indicam caminhos excelentes.

Todavia, a raridade desses homens é tamanha, que parece não existirem. A nossa preocupação maior deve ser com relação aos nossos atos diante dos outros.

Fazer sempre uma auto-análise, rabiscando em uma agenda o que deve ser suprimido nas nossas atitudes, e não deixar para depois o que se pode fazer hoje.

Quando se trata de médiuns, o caso é mais grave, por envolver uma doutrina que se enraíza nas leis naturais da vida.

Se te agrada responder aos outros, quanto a orientações, é bom que não esqueças que a melhor maneira é pelo exemplo, que, às vezes, parece não ser notado pelos nossos semelhantes mas como nos enganamos!

A voz da vivência tem um tom muito mais alto e uma profundidade muito maior para a alma.

Meu irmão, a mediunidade é, por assim dizer, um apostolado. Porém, esquece o fanatismo, que veda os teus olhos, impedindo-te de ver coisas, igualmente maravilhosas a provirem dos teus semelhantes.

Se existem outros sistemas religiosos, certamente é vontade de quem pode mais.

Não desdenhes; segue a tua fé e procura aperfeiçoar as qualidades que ela te expõe. Analisa com cuidado esta fala de Gamaliel, quando a fé cristã era nascente, e na hora em que os discípulos de Cristo iam ser lapidados, por ordem dos sacerdotes e por ignorância dos fariseus.

Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os;
porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá.