A Criança, o Jovem e a Mediunidade

Centro Espírita Léon Denis
Encontro Espírita de Evangelizadores
Altivo C. Pamphiro em 31/01/2002

Como identificar a mediunidade na criança e no jovem? Em primeiro lugar vamos lembrar: o que é ser médium? Médium é aquele que recebe a influência dos espíritos.

Kardec lembra muito bem, que entre o médium e o espírito existe uma ligação, ou seja, a ligação fluídica, mental, perispiritual.

Essa ligação, quando interrompida, impede que a manifestação ocorra. Por isso que às vezes, em um jovem muito inquieto, quando alguém dá uma bronca, reclama, o fenômeno acaba. Por que o fenômeno acabou? Tinha mediunidade ou não tinha mediunidade? Tinha mediunidade.

É que quando houve aquela briga, aquela ação enérgica por parte de mãe, pai, professor, houve a interrupção da ligação entre dois pólos. Houve a mediunidade, e as vezes a mediunidade se interrompe e você diz assim:

Isso não era mediunidade coisa nenhuma, era coisa do fulano que era muito levado mesmo. Pode ser que seja muito levado, mas o provável é que tenha havido a interrupção da comunicação.

Continuamos com a pergunta: Como é que eu vou saber se é mediunidade ou não? Aqui está o espírito encarnado que eu conheço, eu já sei qual é o grau de comprometimento dele, já sei se ele é levado ou não, se é calmo ou não.

Aqui está um espírito que começa a fazer coisas inteiramente diferentes das que ele faria habitualmente naquela situação. O jovem ou a criança podem ser levados, naturalmente, mas acionados por um espírito, aquela característica se multiplica para ações que ele, normalmente, não faria.

É como se disséssemos assim: Olha, ela é muito levada, mas não enfrentaria o pai. De repente, mediunizada, ela enfrenta o pai como se fosse um adulto. Aí, nessa hora, a gente verifica que está havendo uma ação exterior, uma ação mediúnica, uma ação do espírito sobre o encarnado.

E como ele é tocado por um espírito? Ele é tocado pelo laço fluídico, pelo laço da afinidade e pela intenção. Vocês têm que prestar muita atenção. Com que intenção, de repente, aquele jovem começa a agir, com que intenção?

Por que é que ela, que é jovem, está muito bem em casa, de repente começa a criar um caso danado; quando menos se espera está um tumulto dentro de casa e a gente diz: “Meu Deus do céu, parece que houve uma perturbação repentina, parece que passou uma onda de perturbação”.

Porque a intenção dela ou é de tomar alguma coisa dos pais, é um hábito que todos nós temos, qualquer um de nós faz isso, procura puxar a coisa para si; ou então, a intenção é de trazer um tipo de perturbação.

Qual é o tipo de perturbação? O jovem, como qualquer médium, é acionado por espíritos quando não tem vigilância. Quando nós somos vigilantes, não somos tão acionados por espíritos.

Conheço alguma coisa da vida dela que não é digna, mas eu quero feri-la. Então, começo a pensar como vou fazer isso, minha cabeça começa a trabalhar. Um espírito qualquer, que está desejoso de fazer a confusão, percebe minha intenção.

O espírito pega aquela vibração e começa a criar, partindo da intuição, da inspiração, do gesto, de tocar mesmo, há espíritos que tocam. É aquele caso quando você diz: “A criança parece que estava com diabo no corpo, foram precisos não sei quantas criaturas para segurá-la”.

Ali não houve intuição não, não houve atuação fluídica, houve a mão do espírito, tocando no cérebro dele, provocando o fenômeno da incorporação. É quando a criança fica de tal modo endemoniada que a pessoa não sabe o que fazer.

O pai, às vezes, perde as estribeiras, bate, e a criança diz para bater mais. Na realidade não é ele que está falando e sim o espírito que já está com a mão na cabeça dele, já está incorporado nele e fazendo o que quer.

Este fenômeno mediúnico é igual ao de qualquer adulto. Neste momento o jovem está sendo médium. Isso pode acontecer numa criança, numa pessoa de mais idade, a partir do momento em que se deixa dominar por aquela influência espiritual.

Quando nós virmos uma criança com atitudes inteiramente incontroláveis, nosso pensamento tem que estar atento, porque sabemos que ela está sendo conduzida por um espírito, que vai aproveitar a circunstância e se eu estou querendo falar, brigar, acicatá-la, prejudicá-la e ele então, vai pegar aquilo mais ainda.

Quando vemos reações inteiramente destemperadas, tenhamos certeza: está havendo comunicação mediúnica na acepção da palavra. Como fazer para interromper esse fenômeno? O princípio é o mesmo que se faz com qualquer ato mediúnico.

A oração, o desligamento do mal, a pacificação, tentar fazer com que a criança se desligue daquela ação. Nessa hora é válida a brincadeira. Convocar para cantar, para ajudar, para fazer uma brincadeira.

Não é qualquer um que pode lidar com criança nessa hora não, tem que estar acostumado, tem que saber usar desses recursos. Se não souber usar, a pessoa só vai se valer da oração.

Se a pessoa tem uma experiência didática, tem uma experiência de lidar com crianças, com crianças difíceis, a pessoa até inventa alguma coisa para desviar a atenção dela.

Na Mallet (assistência social), nós temos um menino que é um misto de perturbado, enlouquecido, mediúnico, totalmente descompensado, porque a família não o quer ver. Quando chega lá, a primeira coisa que ele faz é fazer tudo para aparecer.

A única pessoa que consegue levá-lo na conversa é a Nadja. Ela pede para ele ajudá-la, faz isso, faz aquilo. De vez em quando ela esquenta a cabeça e manda-o sentar, ficar de castigo.

Mas é porque ela tem habilidade, os outros todos o colocam para correr. Ele é um garoto com quem é necessário fazer um misto de interrupção, dando uma decisão nele, e um misto de paciência, por saber que há uma série de fatores que ele põe para fora. Nesta hora você tenta dizer assim: “Eu estou diante de um médium perturbado”.

Por que eles vêm com intenção de arrasar? Lembram que eu falei que há um espírito encarnado e um desencarnado. Esse espírito encarnado pode vir com uma perturbação ali da esquina. Brigou com a mulher, com o marido, com mãe, com pai. Mas, quando botamos os pés dentro do centro, nós viemos com uma intenção.

Eu vim estudar e estudar é o primeiro desligamento do mal. Eu vim tomar passe, é o segundo, eu vim rezar, é o terceiro. Tomar passe, estudar e rezar são os três grandes pontos de desligamento do mal. Nós fazemos automaticamente quando passamos pela porta.

Mas quando não tem lugar para fazer o desligamento? Você está em casa e está querendo criar caso com seu pai, porque não tem essas fontes de desligamento. Aqui nós temos essas fontes, por isso é relativamente fácil controlar as pessoas que vem aqui. Vocês já imaginaram:

Saiam da faixa de crianças, pensem na multidão que vem aqui, se nós não tivéssemos o controle sobre elas. Não é controle mágico não, as pessoas vêm aqui para rezar, vem para estudar, vem para tomar passe. É o primeiro impacto que propomos para eles, é o primeiro desligamento do mal.

Quando vamos para lugares tipo a Mallet, verificamos que lá os assistidos nem sempre entram com essa intenção, entram com a intenção de receber coisas, ir ao médico, ganhar roupa. Então, a intenção deles não é de rezar, de estudar, por isso a perturbação na Mallet, na parte assistencial é maior, porque não tem esse desligamento inicial.

Centro espírita é um grande lugar de desligamento por causa disso. Por isso que nenhuma obra social não deve viver sem um centro espírita, obra social precisa de um centro espírita, porque ele dá uma sustentação pelos espíritos e pelo desejo que as pessoas têm de estudar, além de ir à obra assistencial.

Dá a sustentação porque todos acabam ficando envolvidos no desejo de estar dentro do centro espírita que tem uma obra social. Quando é o contrário, a obra social é que tem um centro espírita, o centro espírita fica em segundo plano.

Geralmente as pessoas não se dão tão bem nesse centro. É preciso pôr na nossa cabeça: a obra social é do centro espírita. O centro espírita tem que estar na frente, porque se não estiver, a gente entra perfeitamente nessa faixa de não ter o controle vibracional das coisas.

Kardec diz, perguntado sobre em que idade se pode desenvolver a mediunidade num jovem, que a rigor jovem não deve trabalhar na mediunidade. Ele não deve trabalhar por conta dessa instabilidade emocional.

Mas, o próprio Kardec lembra que tem muito adulto que também não tem estabilidade emocional. Se for um jovem estável, pode trabalhar.

Vocês todos conhecem o Adílio, do Grupo Eurípedes Barsanulfo, ele começou a dar passes no Léon Denis, quando o Léon Denis era uma casa com um culto no lar, ele tinha 14 anos.

Ele passava mal, com mediunidade de cura, sem saber o que era, com família católica, não entendendo fenômeno nenhum. Foi um dos poucos médiuns que Dr. Hermann autorizou a começar a trabalhar com 18 anos.

Quando vou começar a desenvolver a mediunidade? Vocês é que vão responder quando estiverem aptos para trabalhar mediunicamente, para vir continuamente, controlarem as suas forças mediúnicas, estudarem, pedirem, com humildade, para acompanhar um adulto na hora do passe.

Eu comecei muito cedo no trabalho mediúnico e acompanhava as pessoas mais velhas no trabalho do passe nos lares, trabalhava nos centros espíritas acompanhando pessoas adultas, doando fluido. Eu sabia que aquilo era uma fase inicial da minha vida, e que depois iria tocar minha existência sozinho.

Quando nós vamos trabalhar a mediunidade em crianças? Em princípio quando eles tiverem esse equilíbrio. O que acontece com os instrutores, os evangelizadores? O jovem chegou, percebe-se que ele está na anormalidade, numa situação qualquer.

Vamos perguntar: fez a sua prece? Fulano, vamos rezar, mas você é que vai fazer a prece. Começar provocando as reações do espírito do jovem. Tudo isso para que ele consiga se desligar das faixas da perturbação, para que ele possa trabalhar corretamente, pelo menos naquele momento, a sua sensibilidade mediúnica, que está exacerbada por qualquer razão.

Neste momento em que eu coloco o jovem para rezar, fazer isso e aquilo, eu estou trazendo o jovem para dentro do centro espírita, ou seja, para uma atividade do centro espírita. Exatamente como o Dr. Hermann fala com vocês ou fala comigo, quando nós colocamos uma palestra aqui.

Qual o sentido da palestra? É de esclarecer e de elevar? Por que vocês acham que o Dr. Hermann dá uma palavra, ao final, para vocês? É para fazer com que os corações se levantem. Você irá ouvir uma mensagem de Antonio de Aquino, Francisco Nicolau, Balthazar, que são mensagens de levantamento.

Com objetivo de fazer com que a nossa mente fique dentro da casa espírita. Por isso eu sugiro que, na hora do passe, vocês façam uma leitura, alguém faça uma prece, para que os jovens sintam que podem sair da faixa que se estava até bem pouco tempo.

Vamos lembrar com Kardec, que nós temos a mediunidade espontânea ou natural, é aquela mediunidade que não se desenvolve, é a mediunidade que surge; por si só a pessoa começa a perceber a mediunidade. Ele recomenda que se passe para a mediunidade controlada. A mediunidade que nós mesmos vamos utilizar na hora exata.

Chegou a criança perturbada, inquieta, insegura, com as loucuras dela. De imediato, o que nós temos que lembrar, não é da perturbação da criança não, vamos lembrar que estamos diante de um espírito e estamos diante de um médium que chegou perturbado.

Quantas vezes já vimos médiuns adultos que chegam na sala perturbados, não devem ter rezado para vir aqui. Chegam fazendo espalhafato na sessão, fazendo brincadeiras que não tem nada a ver com a seriedade do momento.

Naquele momento em que se vê o jovem inquieto não vamos dizer assim: “Esse garoto é deseducado”. Não vamos fazer isso não, vamos pensar assim: “Chegou um médium perturbado”.

Vocês como adultos vão observar: “Ele chegou na sala inteiramente perturbada”. Depois quando conversamos, ele relata que teve um dia difícil, vai relatar que houve isso, aquilo.

Nós vamos descobrir a história dele. Assim também, como vocês vão perguntar ao jovem: o que houve na sua casa hoje? O que aconteceu lá? O que houve com seu pai e sua mãe? O que é que houve na família? Ele vai começar a relatar e mostrar porque está assim tão desesperado.

Às vezes, o adulto tem dificuldades que não consegue perceber no jovem, mas o jovem tem dificuldades que são dele mesmo. Pertencem à faixa etária dele, à faixa psicológica. Como também há as senhoras que chegam na idade da menopausa e chegam nervosas, briguentas.

Vocês têm que aprender tudo isso. Nós aprendemos a entender isso tudo na sessão de desobsessão, no trabalho mediúnico. Entender que o homem quando vai perdendo a virilidade começa a ficar nervoso.

E os sentimentos? O jovem confunde os sentimentos. Às vezes o jovem tem muita perturbação nesse campo do sentimento. Gosta de A, gosta de B, de C. O adulto, teoricamente, tem um controle sobre a mente. Mas, o jovem ainda não aprendeu a ter isso, o jovem ainda tem a paixão.

A paixão provoca a exacerbação dos sentimentos. O jovem tem muito isso, ele tem o sentimento, como ainda não aprendeu a controlar todos os sentimentos, aquilo se exacerba rapidamente.

Aí, daqui a pouco está apaixonado por esta, daqui a pouco está apaixonado por aquela, por outra. Vão dizer: em um mês já se apaixonou por três pessoas! É natural isso, porque não houve o controle do sentimento. Em princípio, no adulto esse sentimento exacerbado é controlado pela razão.

Verificamos que, ás vezes, pessoas na idade da exacerbação dos sentimentos, também podem ser acionados por espíritos. Quais são os espíritos que vão acioná-los?

Aqueles adultos que não conseguiram ser adultos, ficaram adolescentes a vida inteira e vão sugerir ao jovem que tenha comportamento de jovem, a falta de maturidade.

Aquele que está querendo mexer na sensibilidade dele, nos hormônios dele, aí começa a ter excitação sexual. Isso tudo é decorrência da influência de espíritos.

Por isso que eu digo a vocês, moças, rapazes também, não tem nenhum problema de botar roupa da moda, mas não vamos despertar paixão em ninguém. Nós somos responsáveis por aquilo que despertamos nos outros.

Vem com um vestidinho tomara que caia, quase caindo, aquela saia aqui em cima, vai querer que os rapazes sejam frades de pedra? Não é ninguém que tem que me respeitar, eu que tenho que me respeitar para não dar margem a ninguém ficar em cima de mim.

Isso em mediunidade a gente corta. Não é para andar como freira não. Procurar andar de modo que não fique despertando sensação nos outros. Se desperta sensação, mexe nos hormônios, aquela quantidade de espíritos desequilibrados começa a fazer confusão e vai haver interferência mediúnica.

Na atividade mediúnica, nas aulas, no campo da atividade, nós temos que ter cuidado com a apresentação. Volto a dizer, ninguém está obrigado aqui a andar que nem freira e padre.

Isso não existe, graças a Deus. Mas, devem perceber, em vocês, que cada um tem a sua própria personalidade, sua própria vibração, tem seu próprio hormônio.

Se vocês perceberem que despertam sensação nos outros, tratem de se cuidar, porque não é ninguém que tem que cuidar de vocês. Se sente que chega perto do fulano, o fulano começa a ficar tremendo para falar com você, de outra vez não chega perto dele.

Os evangelizadores também vão observar isso, porque se a pessoa não tiver senso, são eles que devem chegar perto e dizer: “Olha meu filho, de outra vez não fica assim perto de fulano não, não fica desse jeito, não. Porque você está provocando sensações”.

Não tenham medo de dizer isso. Vamos ter senso das coisas, tudo na vida pede senso. E a gente tem senso também na hora mediúnica. Vamos ao processo obsessivo. Às vezes vocês vêem o chamado fenômeno da homossexualidade, que pode ser masculino ou feminino.

Sabemos que existe, que é uma tendência do espírito que a gente ajuda a corrigir. Sentiu que um espírito está mexendo nos hormônios da pessoa, chegue perto dela e chame a atenção: “Olhe seus sentimentos estão confusos.”

Dizer: “Eu não sei se estou gostando de uma moça, se estou gostando de um rapaz”; é muito comum essa confusão. A resposta é o seguinte: se você reencarnou como homem ou como mulher é para ser homem ou para ser mulher. Se está confuso, vamos tratar de tirar a confusão da cabeça. Como? Pensando. A base de tudo é o pensamento.

Quando se tem essa confusão de sentimentos, tanto o jovem como o adulto, é porque, às vezes a pessoa desperta em si essa homossexualidade. São pessoas que precisam de raciocínio, não precisam de crítica nem de acusação. Vamos pensar, vamos parar para raciocinar, vamos parar para ver, vamos parar para sentir.

As crianças do Grupo Scheilla, são crianças excepcionais. Como é que nós fazemos com esse tipo de criança? Vamos colocar as coisas em termos práticos. O que é uma pessoa excepcional, senão um espírito normal que está num corpo especial? O que acontece com esse corpo especial? Ele perde o controle das suas funções.

Então, a criança do Grupo Scheilla, nada mais é do que um espírito que está ali, como qualquer outro, que precisa ser conduzido, evangelizado, controlado, mas que nós estamos vendo que, por força das suas deficiências físicas, não respondem na mesma velocidade que os outros respondem. O aprendizado é mais lento, as reações são mais lentas, mas a reação é do espírito.

Eu perguntei ao espírito Balthazar o por que acontecia o fato de algumas pessoas de idade ficarem esclerosadas e fazerem barbaridades. Ele disse que quem faz barbaridades não era boa pessoa em jovem. Está fazendo, em velho, porque perdeu o controle das funções, porque ele não era bom, porque se ele for bom não faz barbaridade, mesmo estando esclerosado.

Assim é o excepcional. O excepcional que vocês observarem que é aquele excepcional mau, perverso, é o espírito que não é bom mesmo. Tratamos com rigor, com controle, mas é o espírito que não é bom. Mas não é porque ele é mau ou descontrolado por conta do corpo físico não, é por causa dele mesmo. É o espírito dele.

Quando vocês virem uma criança assim, vamos cuidar dela, mas vamos estar atentos. Eu quero que vocês saiam daqui pensando que mediunidade é observação. Muita caridade, muito amor, mas em mediunidade tem que se ter muita observação. Se não houver amor no controle da mediunidade ela não funciona. Eu repito, o que tem que ter é observação.

Porque mediunidade é uma ciência de observação. É o próprio Kardec quem diz. Vocês não podem deixar de observar, porque observando é que a gente vê onde as pessoas querem chegar.

1. Pergunta: As crianças do Grupo Scheilla tem maior facilidade de sofrerem ação dos espíritos?

Resposta: Sim. Justamente pela falta de controle que essas crianças tem.

2. Pergunta: Como se trata uma criança ou jovem que chega com mediunidade?

Resposta: Exatamente como o adulto. O passe para controlar o fenômeno em si, pacificação, colocação na evangelização; o passe de cura é de importância capital.

Aqui tem muita criança que está sendo controlada pelo passe de cura. É uma benção nós termos esse serviço, mas tem centro que não tem passe de cura para criança. Eles ficam no passe geral ou não ficam em passe nenhum.

Há centros espíritas que dizem que criança não precisa tomar passe toda semana. Estão esquecidos que não estão lidando com a criança e sim com o espírito.

Se esse espírito é inquieto, tenha ele 5, 10 ou 50 anos, vai ser inquieto. Enquanto não se educar, toma passe toda semana, sendo possível todo dia, para ver se dá uma controlada nas idéias dele.

Há um trabalho aqui muito interessante, que é a evangelização. Vocês não esqueçam que a evangelização é uma coisa importante. O que se propõe na evangelização?

Você propõe ao jovem, pensar. É por isso que a evangelização nunca pode ser uma repetição de texto, tem que se pensar, tem que se raciocinar.

Qual o objetivo de uma reunião pública? Propor pensamentos. Um amigo que eu tenho, hoje no plano espiritual, dizia a cerca de um orador: “Não gosto da palestra do fulano de tal, porque ele não propõe nenhum pensamento, ele repete o que está no texto. Para repetir o que está no texto, não precisa vir ao centro espírita, eu leio”.

É preciso que haja uma proposta de pensar. Na evangelização é assim: “Fulano presta atenção, você está jovem, você já pensou que isso produz aquilo? Vamos aprender como foi o comportamento de Jesus. Vamos ver como foi o comportamento de Kardec, Léon Denis, Chico Xavier.

Vocês podem citar qualquer pessoa, qualquer médium, não só os nomes conhecidos. Aquele nome anônimo, aquela pessoa que vocês viram crescer aqui dentro do centro. É válido apresentarem isso também, não precisa ser só esses exemplares máximos. O exemplar comum também serve, e muito.

3. Pergunta: Qual a interferência que tem aquele floral no espírito, por exemplo, que está apresentando problemas fonoaudiológicos, como episódios?

Resposta: Quando há esses problemas episódicos, vocês têm que prestar atenção se aquilo foi uma influenciação.

A interferência é quando você sente que a criança não tem aquilo normalmente, esse de Tati-bi-tati, que você diz logo: “Deu uma paranóia qualquer nessa criança que ela deve estar fora do ponto, do normal dela. Vamos ver como vou colocar novamente no lugar”.

A doença precisa ser tratada, mas quando a coisa não é de doença, é apenas uma parte emocional, vai-se apostar no tratamento da emoção.

4. Pergunta: Poderiam ocorrer processos obsessivos com os bebês?

Resposta: Podem. O processo obsessivo no bebê é o choro incontido, é a influenciação. Eu já vi um bebê que não parava de chorar por uma razão muito simples, ele era um espírito protestante. Vocês não esqueçam que ali vocês não estão diante de um bebê e sim de um espírito.

Esse bebê não gostava do passe. Enquanto se falava de Deus estava tudo bem, mas na hora do passe ele chorava, passava mal, gritava. O evangelizador dizia que era por causa da luz, da mãe e não sei o quê, mas era porque ele era um espírito protestante e estava renascendo num lar para se doutrinar, porque a mãe vinha ao centro espírita.

Ele chorava porque não queria aquilo. Há muitos casos de jovens que dizem que não gostam de centro espírita, criam milhões de problemas. Na realidade o pai diz que é por deseducação, por isso e aquilo, mas muitas vezes é problema religioso mesmo. Problema de religião da vida anterior.

5. Pergunta: Quando eu era pequena, ia a missa e passava mal. Poderia ser isso?

Resposta: Nada mais era do que a mediunidade. Vocês têm que fazer a diferença entre passar mal e rejeitar aquele tipo de vibração. Passar mal era porque ela é médium, então ela passaria mal em qualquer lugar que não estivesse equilibrado. Rejeitar, você rejeita com a arma que você tem. E a forma que a criança tem é a de chorar.

6. Pergunta: O senhor falou que a evangelização ou a própria palestra é para fazer as pessoas pensarem, e na evangelização a gente faria isso com as crianças. Na evangelização digamos, normal, as crianças vão de uma faixa de 3 a 4 anos, depois pulam para outra faixa e vai crescendo e o tipo de reflexão vai mudando, até porque elas vão mudando de sala e de evangelizadores.

No Grupo Scheilla essas crianças vem já de muito tempo e muitas vezes essa reflexão se repete porque as crianças são as mesmas ou entram outras, mas as antigas permanecem. Como fica esse tipo de reflexão, já que a gente tem que passar ou repassar os mesmos conceitos para as novas crianças, estando as antigas na sala?

Resposta: Realmente quando se tem a mesma criança, achamos que estamos sendo repetitivos. Então, cabe a você, como professor ou instrutor, descobrir novos meios de dizer as velhas coisas. É como o orador. Por que a gente aqui no centro coloca todo mês oradores diferentes?

Se vocês ouvirem a Deuza todo sábado, por mais que ela conheça Doutrina Espírita, no final, já vão adivinhar o pensamento dela.

Então colocamos para falar de dois em dois meses, num grupo, em outro, para as pessoas terem um tempo e oportunidade de apresentar outras idéias e novas pessoas apresentarem as mesmas idéias, mas por outro ângulo.

Quando você está dando aula, tem que aprender a renovar o seu estoque de histórias, de conhecimentos, a sua maneira de dizer as coisas, principalmente se o grupo está se repetindo. Cabe a nós mesmos.

7. Pergunta: Já que a reunião de evangelização é também reunião de desobsessão, pode se afirmar que, como aos médiuns da desobsessão, deve-se solicitar o preparo psíquico, vir harmonizado? É a mesma coisa para a evangelização, o evangelizador deve chegar para a evangelização com preparo psíquico, prece?

Resposta: O princípio é o mesmo. Chegou para a evangelização também fazendo propostas de prece, de leitura.

Há grupos que adoram música, adoram pôr o povo para cantar. Mas, tem grupos que não. Eu já vi grupos de evangelização que propunham que cada aluno trouxesse, num dia da semana, um texto novo. O difícil é quando você pega o jovem na idade desagradável do não, “não vou fazer isso”, “não vou fazer aquilo”.