Mediunidade de Cura – Parte 01/02

Centro Espírita Léon Denis
Curso de Orientação Mediúnica
Altivo C. Pamphiro em 20/08/1990

1. Mediunidade de Cura

Kardec, num dos livros nos diz que se deve ao Espiritismo o perfeito conhecimento da mediunidade de cura, embora desde os tempos do Egito antigo já se falasse em ação curativa por parte das mãos dos homens.

Há mesmo a gravura de uma deusa ou de um deus na postura de mãos paradas em cima de um doente. Então, apesar de Kardec dizer que se deve ao Espiritismo o conhecimento mais amplo da mediunidade de cura, nós não podemos deixar de reconhecer que já se falava ou já se agia em torno da mediunidade de cura desde a noite dos tempos.

Jesus, também, exerce mediunidade curativa. Mas o que é que vem a ser exatamente a mediunidade de cura?  É uma mediunidade em que a doação do fluido do médium é apropriada para exercer a cura de doenças, de modo rápido.

A única diferença do médium comum para o médium curador é que o médium curador exerce uma ação curativa de modo mais ou menos rápida. Uma pessoa que não seja médium curador poderá no curso de muitos passes provocar a cura de determinadas doenças, não de todas.

Já o médium curador consegue exercer com a sua ação curativa uma cura eficaz, mais ou menos rápida ou, pelo menos, a interrupção do curso da doença. Esta é a grande diferença do médium curador para o médium comum.

Existem alguns detalhes que veremos nesse item, por exemplo: O que é que vem a ser um passe do chamado médium curador? Como é que a gente como médium curador dá um passe? Há na mediunidade curadora algumas variantes que tem haver com a qualidade do fluido do médium, tem haver com o médium e tem haver com o merecimento das pessoas.

Por exemplo: Se como médium curador vou tratar de uma pessoa que não tenha méritos e que a doença seja uma provação, seja um carma, a minha atividade curadora não será exercida eficazmente.

Por quê? Porque faz parte do carma da criatura passar por aquela doença. É fácil se entender isso. Se isso não ocorresse todo médium curador curava todo mundo e isto seria errado; não pode acontecer. Nem todas as pessoas se curam porque há uma ação limitada pela provação do próprio indivíduo, pela provação do paciente.

2. Especialidade do fluido

O médium curador também tem a especialidade na cura, como qualquer uma outra pessoa tem; qualquer profissional médico tem. Na mediunidade curadora também existe grau e especialidade. Há médiuns que agem mais eficazmente em certas doenças do que em outras.

Numa determinada fase de nossa mediunidade curadora, dentro da especialidade, cada médium atua de uma forma. Quanto mais o médium cresce em elevação espiritual, em capacidade moral, na convivência com os bons espíritos, mais essa especialidade se amplia, isto é, mais o médium tem poder de atuar sobre as variadas formas de doenças.

Numa outra fase da mediunidade curadora temos limitações; podemos atuar muito bem sobre a dor de estômago de um companheiro e não podemos atuar sobre a dor de cabeça do outro companheiro; podemos atuar sobre o coração de um companheiro e não podemos atuar sobre o osso quebrado do outro companheiro; prova de que a nossa especialidade é um fato.

Outro aspecto interessante para o qual temos que chamar a atenção é a disposição do fluido. Há médiuns que por força dos seus cuidados alimentares, por força da sua saúde espiritual, tem um fluido mais apropriado à cura. Os fluidos de pessoa de vida desregrada, por exemplo, não atuam tanto quanto o da pessoa de vida regrada, quanto o da de vida equilibrada.

Os médiuns de vida regrada, alimentação sadia, visível progresso moral tem sua capacidade curadora cada vez mais aumentada. Mas, diremos, e o caso daquele médium que até cobra dinheiro e consegue fazer a cura? Por que é que isso se dá?

Aqueles médiuns estão no exercício da mediunidade curativa nas suas primeiras fases; estão exercendo a mediunidade curativa pela primeira vez. Eles ainda não tiveram oportunidade de criar um “carma”, eles não erraram naquele campo, estão com sua força plena, os créditos deles ainda estão abertos.

Por isso é que, às vezes, vemos médiuns que não tem uma moral elevada poderem curar muito; eles ainda estão com suas possibilidades em aberto, não tiveram erros para terem suas atividades curativas limitadas.

Por outro lado, devido à questão do mérito do doente, muitas vezes o médium cura sem que ele – o médium – tenha crédito, tenha muita moral, mas as pessoas que estão precisando daquela cura tem moral, tem crédito.

Então um bom espírito se utiliza momentaneamente do fluido daqueles médiuns imperfeitos; não por causa dos médiuns imperfeitos e sim por causa da necessidade dos doentes.

Daí nós entendermos que, quando virmos casos em que sabemos que os médiuns notoriamente não tem moral, mas exercem a cura, quase sempre o mérito não é dos médiuns e sim dos doentes.

Há, ainda, outros casos. Há os casos em que os doentes precisam ser curados e, nestes casos, uma vez que eles precisam ser curados a parte dos médiuns fica de lado, porque prevalece a necessidade do doente.

Por outro lado, há fatores que podemos chamar de débitos. Os médiuns têm, também, os seus débitos. Os médiuns têm o chamado “débito com os doentes”.

Há médiuns que devem a saúde aos doentes. Eles devem a restituição de uma determinada fase de energia para aqueles doentes; então eles devem e a ação curadora se faz exercer de modo muito eficaz por, apenas, uma questão de débito; apenas por uma questão da necessidade de ele pagar a sua dívida com aquelas criaturas. É por isso que os doentes se curam, se beneficiam.

Outro caso para o qual nossa atenção tem que está voltada é quanto à necessidade de desenvolvimento de fatores de elevação, crescimento moral, serviço por parte do médium. Acentuado desejo do bem.

Explicando: Muitas vezes as criaturas ao reencarnarem estão muitíssimo necessitadas; há casos em que se reencarna com atividade curativa. Por que se reencarna com atividades curativas?

Porque os problemas cármicos são muito acentuados. Os débitos que adquirimos no passado, ou mesmo na atual encarnação pesam muito em nossas vidas. Vamos supor que eu (médium) reencarnei com atividades curativas porque tenho grandes problemas com a multidão.

Fui aquele mau governante que prejudicou a dezenas de pessoas; fui aquele mau comerciante que provocou a falta de alimentos para o povo; fui aquele chefe sindical que se prevalecendo de seu poder de persuasão fez com que toda uma classe parasse e centenas de pessoas fossem prejudicadas; como no momento estamos vendo no Brasil.

Estes líderes estão adquirindo muitas responsabilidades, muito mais sérias do que eles possam imaginar porque, por seu poder de persuasão, eles fazem com que todo um bando de homens se suicidem e, em toda uma cidade, centenas de milhares de pessoas sofram a sua ação, a ação de seu poder, de seu poder de convencimento.

Quando passamos para a Espiritualidade e vemos a imensidade de prejuízo que provocamos, não para este, para aquele ou para aquele outro, mas para a coletividade em geral, e não podemos saber, sequer, a quem prejudicamos.

O prejuízo foi de um modo tão indireto, que não temos condição de saber; se esta deixou de tomar o remédio, aquele perdeu o restinho de comida que tinha na geladeira, aquele outro perdeu o emprego porque o trem atrasou; são causas assim que nós não temos como medir, como saber a quem atingimos, se a essa, àquela, àquele ou àquele outro.

Deus sabe, mas nós como médiuns não sabemos como é que fizemos tudo isso, nem a quem prejudicamos; mas temos consciência de que prejudicamos a dezenas, centenas, a milhares de pessoas.

Então, quando na espiritualidade, nós pedimos uma tarefa através da qual possamos equilibrar todo esse débito, agindo sobre milhares de pessoas, também. Pedimos aos espíritos uma mediunidade curativa, daquelas que duram 30, 40 ou 50 anos sem que o nosso fluido se esgote e que atendamos a milhares de pessoas.

Os espíritos como que nos concedem uma reencarnação de trabalho, mesmo que não tenhamos méritos, mas que tenhamos grandes possibilidades de servir e, por isso, eles nos dão uma enorme quota de possibilidades de servir. Para quê? Para que resgatemos nossos débitos.

Daí muitas vezes observarmos médiuns curadores sem grandes méritos, mas com grande potencial de trabalho, grande potencial de cura. Por quê? Porque eles têm necessidade de quitar seus débitos. Daí os espíritos concederem a possibilidade.

Isto se aplica a outros gêneros de mediunidade, também, mas nós estamos tratando, agora, especificamente da mediunidade de cura. De par com a mediunidade de cura há a mediunidade receitista. Nunca confundir médium receitista com médium curador.

Médium receitista é aquele médium que receita remédios; ele age como uma variante da mediunidade psicográfica; ele age como médico. Quem cura não é o médico e sim o remédio.

O médico conhece a doença, receita determinada substância química, mas ele (médico) não cura, mas o remédio que ele receita cura.

3. Forma de passes na mediunidade de cura

Muitas vezes vemos médiuns receitistas e médiuns curadores aplicarem passes com mãos paradas; isto não é passe, é apenas imposição de mãos. A palavra passe tem um significado específico, ou seja, movimento, então no passe temos que fazer movimento.

Na cura de doenças temos que saber primeiramente qual é o órgão doente, por isso o curador deve perguntar ao doente qual é o órgão afetado. Se ele disser, por exemplo, o coração, então faremos aplicação de fluidos no coração; se ele disser, no estômago, faremos aplicação de fluidos no estômago.

Como curadores devemos perguntar qual a área doente da criatura. Não devemos nos preocupar se a criatura tem méritos ou deméritos, nem procurar saber se aplicaremos muito ou pouco passe nela.

Se estivermos diante dos dois doentes, como saberemos se um tem mérito e se o outro não tem mérito? Não temos condição de saber. Ninguém sabe. Portanto, devemos aplicar os passes sem nos preocupar com o mérito ou com o demérito.

Devemos agir e esperar que a lei exerça a sua ação repressora ou de expansão do fluido do médium para atingir esse ou aquele doente. Nós mesmos não sabemos se somos médiuns curadores por mérito ou por deméritos; se nossa atividade curativa está sendo por débitos ou por créditos.

Emmanuel, no livro “Seara dos Médiuns” lição Mediunidade e Doentes, falando sobre o assunto diz assim: “...Pronuncia a prece que reconforta e estende o passe magnético que restaure como se fossem pedaços do teu próprio coração, em forma de auxílio...”

Podemos ser um médium curador por crédito. Nós, também, podemos fazer proposição à espiritualidade. Se já temos tantas conquistas feitas podemos pedir à espiritualidade para trabalhar nesse ou em outro gênero de mediunidade.

Nós não sabemos qual a causa da nossa mediunidade. Portanto, façamos nossa tarefa e esqueçamos o mais. Façamos a nossa tarefa. Cumpramos o nosso dever. Ajamos e deixemos que a Lei de Deus também exerça sua função.

Kardec, na Revista Espírita do ano de 1858, fala de alguns modos de se dar o passe. Ele diz que “...quando uma pessoa dá um passe ela tem que agir com uma certa energia, porque, o passe é uma forma que se transmite e, às vezes, as pessoas quando dão passe de um modo muito mole (sem energia) este passe não aprofunda, não entra dentro do corpo doente.”

No item 10 deste trabalho, que ele publicou em outubro de 1858, ele diz: “... No homem mole, no homem distraído, a corrente é mole, a emissão é fraca. No homem de vontade enérgica a corrente produz o efeito de uma ducha”; aí conclui:

 “... Não se deve confundir vontade enérgica com a teimosia, porquanto esta é sempre resultado de um orgulho ou egoísmo, ao passo que o mais humilde pode ter a vontade do devotamento.”

Se somos homens de vontade, se somos homens que temos a força do amor dentro de nós, quando nos aproximamos para dar o passe e fazemos a imposição das mãos, nós pomos toda nossa vontade.

Mas se damos o passe sem ter devotamento ou sem estar distribuindo energia com vigor, se estamos amolentados ou se estamos dando o passe olhando para o lado, não estamos concentrando com vigor as nossas energias. Então o fluido não penetra no doente.

4. Tipos de fluido:

Na mediunidade de cura nós temos dois tipos de fluido: o fluido animal e o fluido espiritual. O fluido animal é aquele fluido que sai do organismo, por isso o médium precisa ter saúde boa para dar energias. Médium doente não pode curar ninguém porque o seu fluido tem que ser concentrado na sua própria preservação.

Não esqueçamos um detalhe: há doenças que são deletérias, são desgastantes, e há doenças que não são desgastantes como, por exemplo, a bursite; ela dói apenas, não desgasta. Um processo infeccioso, um resfriado, desgasta.

Então, o médium que está, apenas, com sua dor de coluna ou sua bursite pode dar o passe porque elas incomodam, mas não tiram o fluido; o médium pode dar o passe perfeitamente dolorido, com a sua dorzinha bem instalada, e trabalhar com tranqüilidade, se ele tiver tranqüilidade para trabalhar com dor; ele pode perfeitamente trabalhar.

Mas um médium desgastado, super resfriado, exausto, caído, cambaleante não tem fluido animal para dar; ele precisa até reter fluido para sobreviver, para se sustentar.

Muitas vezes ouvimos falar de médiuns que apesar de sabidamente cansados, sabidamente doentes, continuam a tarefa. Por quê? Porque são fatores localizados.

Não são fatores destrutivos, não são desgastantes nem desagregados; às vezes encontramos médiuns que estão aparentemente fortes, mas estão muito desgastados e não são capazes de dar bons fluidos, isto é, o chamado fluido material ou fluido animal.

Fluido espiritual é o fluido que nós transmitimos do Espírito. Neste caso nossa antena psíquica tem que estar muito elevada e nosso organismo tão puro quanto possível. Puro no sentido de limpeza psíquica. Tão limpo quanto possível.

Então, neste caso, a nossa oração capta a energia dos mensageiros do mais além e na hora em que estamos dando o passe nós não transmitimos nenhum fluido animal, transmitimos tão somente o fluido espiritual.