Mediunidade de Cura – Parte 02/02

Centro Espírita Léon Denis
Curso de Orientação Mediúnica
Altivo C. Pamphiro em 20/08/1990

5. Fluido Espiritual e Fluido Animal

Quando é que devemos aplicar o fluido Espiritual e quando é que devemos transmitir o fluido Animal?

Aplica-se o fluido animal nos casos de doenças físicas: é o estômago doente, o coração abalado, é a dor do órgão; o fluido animal se aplica nestes casos.

O fluido espiritual é aplicado quando há o processo de perturbação, quando as dores não são de origem física, aplica-se em uma pessoa desanimada, em uma pessoa deprimida, em uma pessoa obsedada, enfim, quando a pessoa não precisa de energia física; ela precisa, sim, de energia para seu espírito.

Por isso, é que os bons médiuns curadores, quando atendem pessoas ensandecidas, loucas, desequilibradas e cheias de saúde física aplicam nelas somente fluido espiritual e se utilizam de um pouco do fluido animal que as mesmas têm em abundância para fortalecer quem daqueles fluidos necessita, visto que essas pessoas que estão com a mente perturbada precisam de fluido espiritual.

Isso nos leva a uma conclusão, a de que não se dá dois passes de cura exatamente iguais; o médium curador, portanto, precisa, ao dar um passe, analisar, ainda que superficialmente, como é o caso da criatura.

Quem trabalha na sessão de cura vê, às vezes, pessoas fisicamente saudáveis tomando passe de cura. Tomando passe de cura por quê? São pessoas que estão com a mente desalinhada.

No atendimento desses casos não é necessário aplicar fluido de forma enérgica, nem gastar fluido animal; o médium não necessita gastar seu fluido animal com eles; ao contrário, pode até utilizar-se de um pouco do fluido animal deles para reforço do atendimento a outras criaturas.

Por estarem com as mentes profundamente perturbadas, essas pessoas necessitam que se faça a imposição das mãos e muita oração, porque não se está transmitindo fluido do próprio médium e sim fluido que vem do mais alto.

Portanto o médium precisa saber analisar quando ele deve transmitir o fluido animal ou quando ele deve transmitir o fluido espiritual.

Repetimos para fixação: Fluido animal para órgãos doentes; Fluido espiritual para espírito ou perispírito doente; Fluido animal para o estômago, para o coração, para a coluna, para órgãos físicos; Fluido espiritual para casos de perturbação, de desencontro, de desarmonia, de desequilíbrio; pessoas que estão extremamente perturbadas, obsedadas.

Qualquer médium que já tenha um conhecimento ou amadurecimento espiritual tão grande que lhe dê capacidade de transmitir harmonia, pode transmitir fluido de harmonia partindo de si mesmo.

Mas nem sempre nós sabemos se já temos ou não esta capacidade; neste caso, faz-se a oração e busca-se o fluido do espírito para transmitir para as pessoas.

Até quando nós podemos dar passe de cura? Não há limite. Os médiuns curadores têm, também, seu potencial que é individual. Há médiuns que dão três, quatro passes e ficam desgastados; há médiuns que dão cinco, seis passes e não ficam desgastados; há médiuns curadores de cinqüenta anos, de sessenta anos.

Conhecemos médium curador que com setenta anos de idade “dava banho”, naquela época, em qualquer um de nós que estávamos começando as atividades aos vinte e poucos anos de idade, tal era a quantidade de fluido que possuía; e não era médium de trabalhar uma vez por semana, não; era médium de trabalhar todos os dias da semana, não só pela experiência acumulada como pela quota de fluidos que detinha.

Em verdade, foi um caso único que conhecemos; fazia cura física; não era cura de fluido de espírito, não, era fluido do próprio médium.

Certa feita vimos um obsedado penetrar sala a dentro, de mão em punho para bater, e esse médium curador, de setenta anos de idade e mulher, disse: “Pode deixar ele vir.”

Quando o obsedado chegou perto dela já estava caído, tal a carga de fluido com que ela o envolveu; o médium obsedado caía junto aos pés dela e ela dizia: “Não é nada, não; é só o obsessor, coitado! A gente já o envolveu no fluido ali na porta e ele já chegou aqui curado, já.”

Há médiuns com quarenta anos de idade que quando dá um ou dois passes de cura precisa sentar-se e ser abanado porque não tem mais energia. Não há limite de idade para dar passe de cura, isto é individual, não há como medir. Só há um meio de medir, é experimentar; segundo Kardec, o único meio de medir é a experimentação.

O mesmo se dá no que tange ao número de passes que se dá em uma sessão de cura, não há limite, temos que descobrir o nosso próprio limite. Também não há limite de idade com relação à época de se começar a exercer a mediunidade; tudo isto tem a sua característica individual.

Pode-se começar muito jovem ou na idade adulta ou na maturidade ou, mesmo, na velhice. Aqui no Centro Espírita Léon Denis, Antônio Vieira Mendes, que hoje se comunica mediunicamente nas sessões de sábado, começou a trabalhar no serviço de passes aos setenta anos de idade.

Ele era espírita desde seus vinte e poucos anos, mas nunca foi convidado a dar passe. Um dia nosso querido Dr. Hermann disse que ele poderia dar passe.

Dada a avançada idade do Mendes, indagamos ao Dr. Hermann: Mas como o Mendes, com essa idade toda, com mais de setenta anos, vai dar passe? Dr. Hermann então, disse que não iríamos por um doente físico para dar passes, mas uma pessoa cansada, porque o Mendes tinha muita experiência, muito amor, muita conquista feita e saberia transferir energias vitoriosas para as pessoas.

Apesar de toda idade, o Mendes todos os domingos, à tarde, ia para a Mallet e para lá chegar precisava tomar dois ônibus, um do bairro do Riachuelo até Cascadura e outro de Cascadura para a Mallet, pois não tinha carro nem quem lhe oferecesse carona.

Naquela época, na Mallet, não contávamos com a quantidade de colaboradores que contamos hoje, eram, apenas, cinco ou seis médiuns para atender ao mesmo número de pessoas que se atende hoje em dia, ou talvez até mais, porque só trabalhávamos aos domingos e a média era de quinze a vinte passes, por médium, por dia. O Mendes terminava sua tarefa como se nada houvera acontecido, apesar de seus setenta anos de idade.

Na imposição de mãos o médium não precisa, necessariamente, encostar a mão na cabeça do doente. Há casos especiais em que a direção espiritual recomenda fazê-lo mas, nesses casos, trata-se de uma orientação espiritual.

Quando não se tem orientação espiritual expressa nesse sentido, na imposição de mãos, nós devemos fazer a aproximação das mãos sem tocar no doente; a distância pequena, porque o fluido curativo é matéria que irradia do médium, se expande do médium.

Colocamos as mãos a pequena distância porque não sabemos se nosso fluido tem expansão de 1cm, 2cm ou de 1 metro, por essa razão fica juntinho, sem tocar. Há casos em que o fluido não se expande, não chega nem a agir, volta para o médium. O médium fica empurrando o fluido para o doente, sente que o fluido está em suas mãos, mas não chega a sair.

O sensitivo sente a energia se escoar por entre seus dedos e se for vidente verá uma luz sair de seus dedos e penetrar no doente. No caso de doença cármica o fluido adequado para o doente receber é o fluido espiritual, para pacificação.

Sobre passes nos casos de desencarnação, depende do que a espiritualidade orientar. A respeito do assunto, convém ler Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, psicografia de Chico Xavier.

O carma não tem como objetivo a morte do doente, ele não tem o sentido de matar. O sentido do carma é fazer a criatura passar pela prova. Há carma que conduz à morte mas a finalidade é fazer passar pela prova.

Com relação a carmas definitivos, para elucidação, registramos um caso atendido por Dona Brunilde. Trata-se de um rapaz da zona sul do Rio de janeiro, que foi acometido de tuberculose e que, apesar de toda assistência médica e espiritual que lhe foram dadas, veio a falecer.

Foi mostrado a ela, pela espiritualidade, o fulcro da enfermidade. Os benfeitores espirituais explicaram que a insidiosa enfermidade era o efeito de um assassinato cometido pelo enfermo em vida pregressa, quando matou com facadas, pelas costas uma pessoa, provocando-lhe desencarnação de forma violenta.

O jovem estudante, de vida normal na recente encarnação, por mérito, ao invés de sofrer o mesmo tipo de violência que praticou no passado, fez jus a uma enfermidade que lhe proporcionou a oportunidade do atendimento espiritual e do esclarecimento antes de desencarnar com sofrimento da mesma natureza que outrora sua vítima passou.

6. Formas de se exercer a mediunidade de cura

Jesus foi o maior médium curador de todos os tempos. Nos seus Evangelhos são anotados 17 casos de curas físicas.

Desses 17 casos, cinco são de cegos. Entretanto o evangelista João diz que Jesus curou tanta gente que se fossem contados todos os casos de suas curas nem todos os livros do mundo dariam para relatá-los. Mas a verdade é que os evangelistas só contam 17 casos de cura física.

Nos casos de curas físicas há 3 muito interessantes; um deles é o cego de Bartimeu, o mais conhecido. O cego de Bartimeu chega perto de Jesus e diz a ele que quer ser curado. Jesus diz-lhe assim: Quero. Sê curado. Os evangelistas não contaram que ele tenha posto as mãos nos olhos, não relataram que ele tenha feito nenhum gesto, só que disse assim: Quero. Sê curado.

Há um outro caso em que Jesus impõe as mãos nos olhos do cego e há outro caso em que ele leva o cego para fora dos muros da cidade, cospe no chão, pega aquele cuspe e aquela massa e aplica nos olhos do cego.

Manda o cego ir ao poço sagrado de Betsaida; o cego lava os olhos e sai dali, e começa a enxergar gradativamente; esta deve ter sido a primeira operação física de olhos que se fez na Terra, porque nas cirurgias de olhos o retorno da visão é lento, exatamente como aconteceu com o retorno da visão do cego; a visão vai se apresentando aos poucos; vê sombras, contorno, depois o relato do que vê. Vimos três casos diferentes de cura de cegos feitas por Jesus.

Há um quarto caso que é a cura à distância. Um centurião, chefe de centuriões. Centurião era o soldado que pertencia à Centúria, formação militar composta de cem soldados que trabalhavam enfrentando multidões, munidos de escudos para irem à luta.

Os centuriões tinham um chefe. Um chefe de centuriões que encontra Jesus diz-lhe assim: Senhor, tem um servo lá em casa e ele está muito doente e eu quero que você o cure. Jesus dispõe-se a ir à casa desse centurião. O centurião vira-se para Jesus e diz assim:

Eu sou o chefe dos centuriões e digo a um deles, a um dos soldados, que vá para lá e ele vai; digo para outro que venha para cá e ele vem. Você que é da parte de Deus não precisa ir à minha casa, basta que você diga para meu servo: Fique curado. Ele fica.

E Jesus diz assim: Nem mesmo entre os de Israel eu encontrei tanta fé; e acrescenta: Vai que o teu servo vai ficar curado. E o homem vai para sua casa e lá chegando encontra seu servidor curado.

Kardec diz que nós podemos curar pela presença, pelo olhar, pela imposição das mãos e à distância, ou pela oração. Léon Denis fala na mediunidade de sopro, no livro No Invisível, onde no texto ele cita que se pode curar soprando.

Cura-se à distância, pela força da vontade. “Quero. Sê curado.” Cura-se pela simples presença, com a sugação dos fluidos do médium pelo doente ou, apenas, pelo envolvimento do doente pelos fluidos do médium, sem que o doente sugue as energias do médium.

Kardec fala na cura pela oração. É a expansão da mente. Elevando as nossas energias à irradiação, à vibração, à distância “...Meu Deus, levai as minhas energias para aquele doente...”

Cura-se pela imposição das mãos, com ou sem contato. O sopro é outra modalidade de cura; Jesus exerceu a mediunidade de sopro para curar. Há histórias de cura de obsessão, em que ele sopra. Não sabemos precisar qual foi o evangelista que relatou o caso, mas ele diz que a pessoa ficou curada.

Quando Léon Denis trata sobre as condições para um médium do sopro, ele diz assim: O médium do sopro tem que ter uma mente limpa, um estômago limpo e uma boca limpa e psiquicamente habituada a não ferir.

Por quê? Por que acontece exatamente na mediunidade de sopro? Porque nós tiramos lá de dentro de nós, lá do nosso recesso, lá de nossa estrutura íntima a energia que transmitimos pela boca, através dos lábios.

Imaginemos como fica um estômago que acabou de receber uma feijoada e alguns copos de chope! Não esqueçamos que temos uma máquina trituradora dentro de nós uma máquina que acumula detritos e nós vivemos carregando essa máquina.

Quando um espírito se aproxima de nós já nos encontra com tudo isso, sabendo que vai trabalhar com tudo isso, porque é essa a condição de trabalho que lhe oferecemos, é o estado em que nos encontramos.

Por esse motivo precisamos e devemos oferecer a esse espírito que vai exercer a mediunidade do passe um corpo tão limpo quanto possível. Para isso é aconselhável que lanchemos o mais cedo possível, principalmente quando vamos exercer a mediunidade de cura ou qualquer outra mediunidade; caso possível, deixemos para lanchar após os trabalhos.

Nós precisamos facilitar o serviço dele não estando com o corpo tão pesado, tão sujo. Isto não está escrito. É moral de trabalho. Se perguntarmos a qualquer um espírito se para trabalhar, para exercer a mediunidade, podemos ter jantado, ele vai responder que sim; mas se perguntarmos se para facilitar o trabalho dele temos que jantar, ele vai responder que não. Por quê? Porque vai prejudicar o trabalho dele.

Como podemos oferecer energia e ter cabeça equilibrada quando todo nosso organismo está trabalhando em função da comida e da bebida que ingerimos? O que temos para oferecer ao espírito?

O médium do sopro não pode ter dentes estragados e precisa ter a boca limpa. André Luiz fala em boca não habituada a ferir. O que é isso? Imaginemos um homem desequilibrado, descontrolado, destemperado, que grita por qualquer coisa, reclama, xinga... é questão fluídica.

Nós tiramos o fluido de dentro de nós e esse fluido passa pelos nosso órgãos, pela nossa boca. Pergunta-se: Como é que esse fluido vai sair? Evidentemente que vai sair misturado. Pode até curar, porque há a questão do mérito e a necessidade da cura.

Mas, por questão de consciência, precisamos estar, tanto quanto possível, preparados porque, sendo uma máquina, nosso corpo deve estar limpo o quanto possível para o exercício de mediunidade.

Todos os médiuns podem exercer a mediunidade de sopro? A resposta é: Sim e não. Nem sempre há necessidade do uso daquele recurso pelo médium. Na maior parte das vezes os fluidos saem pelas mãos. Só nos casos de muita necessidade orgânica, faz-se aplicação de fluido pelo sopro.

Por um princípio de física, as energias saem pelas extremidades, então os fluidos saem pelas mãos. O ectoplasma sai pelas aberturas: boca, narinas, olhos, ouvidos e ânus. Sai como rolo, com a aparência de algodão doce.

A necessidade da aplicação de fluidos pelo sopro é registrada intuitivamente pelo médium, particularmente quando se trata de um problema no estômago que necessita de maior penetração fluídica.

O passe dispersivo é uma facilidade e não uma necessidade; é uma assepsia. Não há especificação para o médium de cura; há especialização. O único meio de saber, informa Kardec, é recebendo informação dos espíritos ou fazendo a experimentação.