Movimentos Reformadores

Os primeiros questionamentos são referentes à questão das Indulgências, ou seja, a emissão de documentos assinados pelo papa, que absolviam o comprador de alguns pecados cometidos, diminuindo o tempo de sua pena no purgatório, era um comércio em vista da salvação. (John Wiclif /1384) e (Jonh Huss /1415).

A seguir temos a Simonia (venda de favores divinos, de bens espirituais, comércio de objetos sagrados, etc), venda de cargos eclesiásticos, cobrança por sacramentos, celibato, culto às imagens, excesso de sacramentos, atitude mundana do Alto Clero, dentre outras. Havia um abismo muito grande entre o que a Igreja pregava e o que fazia.


Reforma Luterana: A Alemanha não está centralizada, é agrária e feudal. A Igreja possui um terço das terras. Há descontentamento geral. Vendo tantos abusos por parte do Clero, o monge agostiniano Martinho Lutero não se calou. Elaborou 95 teses e afixou-as na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, em 1517.

A maioria era contra as indulgências. Principalmente as indulgências visando à construção da Basílica de São Pedro. Apoiado pela nobreza alemã, Lutero pôde divulgar suas idéias, calcada em dois princípios que se constituiriam no núcleo de sua doutrina: A Salvação somente pela fé e não pelas práticas religiosas e a Inutilidade dos Mediadores (Clero).

Lutero foi excomungado em 1520. Ele queima publicamente a carta do papa (Bula papal), traduz a Bíblia para o Alemão, casa-se com uma ex-freira, fica abrigado na Saxônia. Eis suas reivindicações e críticas principais:

Substituição do Latim pelo idioma alemão nos cultos religiosos; questiona a grande quantidade de sacramentos (Preserva dois sacramentos: batismo e eucaristia); livre interpretação da Bíblia; contra o celibato; rejeita a hierarquia religiosa da Igreja de Roma; pregava a Salvação pela fé; negava a transubstanciação, afirmava a consubstanciação (misturados) Pecado Original: Marca do gênero Humano (nem Cristo, nem o Batismo o retiram).

O Luteranismo expandiu-se basicamente no Sacro Império Romano-Germânico e nos países escandinavos (Suécia, Noruega e Dinamarca), regiões essencialmente rurais, pouco desenvolvidas em termos comerciais. Através de suas idéias, eles desapropriam as terras da Igreja.

Reforma Calvinista: J. Calvino (1509-1564) era francês, é ele quem inicia a ruptura em Genebra, Suíça, por volta de 1536. Lá começa a publicar estudos sistemáticos sobre a nova religião. Funda uma nova doutrina que expande a Reforma.

A burguesia dessa cidade havia adotado os princípios da reforma para lutar contra seu governante, o católico Duque de Savóia, o que favoreceu a atuação do reformador.

Ele divergia de Lutero em alguns pontos, principalmente na questão da Salvação. Diferente de Lutero (salvação pela fé), ele defendia a idéia de que a fé não era suficiente, uma vez que o homem já nasce predestinado, ou seja, escolhido por Deus para a vida eterna ou para a sua condenação.

Calvino tornou-se todo-poderoso, conseguindo impor sua doutrina, interferir nos costumes, nas crenças e na própria organização político-administrativa da cidade. O Calvinismo propagou-se rapidamente atingindo a França, a Holanda, a Inglaterra e a Escócia.

Eis algumas de suas teorias e questionamentos: A riqueza material era um sinal da graça divina sobre o indivíduo. Essa teoria é assimilada pela burguesia local, que justificava não só seu comércio, como também as atividades financeiras e o lucro a elas associado. Ele justifica as atividades econômicas até então condenadas pela Igreja romana. Grande rigidez na moral. Questiona a Liturgia da Missa (simplifica com o Sermão, a oração e a leitura da Bíblia).

Questiona o uso das Imagens (houve quebra-quebra nas paróquias locais); acaba com os jogos, dança e teatro. “O homem que não quer trabalhar, não merece comer.” afirma. Livre Interpretação da Bíblia. Nega o culto aos santos e a virgem; questiona a autoridade do Papa; defende a separação entre a Igreja e o Estado; questiona o celibato do clero; questiona a Transubstanciação (propõe uma presença material, o Cristo está presente, mas não materialmente).

Ele cria um conselho para reger a vida religiosa em Genebra de “12 anciãos”. Eles julgavam, ditavam regras. Consistório de Genebra. A doutrina afirma que não há certeza da salvação.

Reforma Anglicana: Os ingleses, durante a época dos Tudor, também criticavam os abusos da Igreja Romana, a ineficiência dos tribunais eclesiásticos e o favoritismo na distribuição de cargos públicos para membros do Clero, além de queixar-se do pagamento e do envio de dízimos para Roma.

Durante o governo de Henrique VIII (1509-1547), a burguesia fazia pressão para o aumento do poder do parlamento. O rei, necessitando aumentar as riquezas do Estado, confisca as terras da Igreja, o que gera desentendimentos com o Papa.

Isso se agrava quando o monarca solicita a anulação do casamento com Catarina de Aragão. Ele não tinha sucessores masculinos, temia que seu trono caísse em mãos espanholas. Toda a nação, com medo deste fato, apóia esse pedido.

O Papa Clemente VII nega o pedido. O Rei rompe com o papado e faz uma reforma na Igreja Inglesa. Obriga seus membros a reconhecê-lo como chefe supremo e a jurar-lhe fidelidade e obediência. Obtém do clero inglês o divórcio e se casa com uma dama da corte, Ana Bolena. O Papa tenta intimidá-lo excomungando-o, mas não adianta.

Em 1534, Henrique VIII decreta o Ato de Supremacia, que consolida a separação entre a Inglaterra e o papa. Torna-se o chefe da Igreja de seu país. A Reforma anglicana apresenta poucas modificações com a Igreja romana: questiona o culto aos santos; a autoridade máxima é o Rei e não o papa; questiona o culto às relíquias; prega a popularização da leitura da Bíblia.

A Reforma anglicana resolveu, na prática, dois problemas para a monarquia: a questão da herança do trono e com a venda das terras da Igreja para a burguesia e nobreza, dá um suporte financeiro para a Coroa. O Anglicanismo se consolida no reinado de Elizabeth I, filha de Henrique VIII, que renova seu direito de soberania real sobre a Igreja, além de fixar os fundamentos da doutrina e do culto anglicano na Lei dos 39 Artigos, em 1563.

O Calvinismo também criou raízes na Inglaterra. Seus adeptos, os puritanos, iriam entrar em choque com os anglicanos, gerando inúmeros conflitos no século XVII, que levaram às imigrações maciças para a região da Nova Inglaterra, na América do Norte.

Thomas Muntzer: Liderou uma revolta em 1524 com camponeses da região do Reno. Além de atacar a Igreja pela cobrança de dízimos, passam a reivindicar a reforma agrária e a abolição dos privilégios feudais. Ele afirmava ser Luterano. O movimento se espalhou por várias regiões alemãs com assaltos a castelos, queima dos mosteiros e roubo de colheitas.

A essas manifestações, seguiu-se uma repressão violenta, apoiada por Lutero em prol da Nobreza alemã. Müntzer foi preso e decapitado e houve o massacre de milhares de camponeses. Ele foi um dos grandes pregadores do “Anabatismo” (os convertidos são batizados na idade adulta, mesmo já sendo batizados quando criança).

Tinham a necessidade de rebatizar os indivíduos, de separar a Igreja e o Estado, de abolir as imagens e o culto dos santos, queriam uma igualdade absoluta entre os homens, viver com simplicidade, pois todos eram inspirados pelo Espírito Santo. Foram fortemente reprimidos seja nos Estados Católicos, Luteranos ou Calvinistas.

Contra Reforma: O avanço do Protestantismo, não só neste momento, levou a Igreja Romana a se reorganizar. Foi um movimento de reação ao protestantismo. A Igreja precisava auto reformar-se ou não sobreviveria, pois precisava, ainda, evitar que outras regiões virassem protestantes. Esse movimento de reforma interna já existia, mas é nesse momento que ele é aprofundado. Entre 1545 e 1563, foi convocado o “Concílio de Trento”, onde houve reafirmações e mudanças.

Dentre elas: Esclarece a Doutrina; conserva os sete sacramentos e confirma os dogmas; afirma a presença real de Cristo na Eucaristia; Inicia a redação de um catecismo; criação de seminários para a formação de sacerdotes; reafirma o celibato, a veneração aos Santos e a Virgem; aprova os Estatutos da Companhia de Jesus, criada antes do concílio por Inácio de Loyola; mantém o Latim como língua do culto e tradução oficial das Sagradas Escrituras; confirma como texto autêntico, a tradução de São Jerônimo, no século IV; fortalece a hierarquia e, portanto a unidade da Igreja Católica, ao afirmar a supremacia do Papa como “Pastor Universal de toda a Igreja”.

Reorganizou o tribunal da Inquisição ou Santo Ofício, que fica encarregado de combater a Reforma; criação do “Índex” (índice), encarregada da censura de obras impressas, lista de livros cuja leitura era proibida aos fiéis; as orientações do “Concílio de Trento” guiaram os católicos de todo o mundo durante 400 anos. Houve o “Concílio Vaticano I” (08/12/1869 - 20/10/1870), convocado pelo Papa PIO IX (1846-1878), mas que foi interrompido devido à Guerra Franco-Alemã que havia iniciado.


As maiores mudanças começariam a acontecer apenas em 1962, quando o papa João XXIII convocou o “Concílio Vaticano II” (11/10/1962 a 07/12/1965), para redefinir as posições da Igreja e adequá-la às necessidades e desafios do mundo contemporâneo.