Dignidade – Ave Luz

A festividade em Betsaida tornara-se natural. Na pacata cidade da Galiléia, para muitas famílias era uma fonte de renda que trouxe abundância para milhares de pessoas que antes viviam em dificuldades. O comércio se estendeu por todas as ruas estreitas, pátios e esquinas. A pesca teve um impulso assustador. Em poucas semanas, os turistas sustentavam a alegria do povo da região, pelos cenários fáceis que lhe caíam às mãos.

No entanto, o Cristo era a atração principal, era o fenômeno do espírito, como luz divina a atrair sofredores, mesmo na inconsciência, como falenas hipnotizadas pela claridade. Mesmo no seio dessa ignorância, onde poucos, lembravam-se da realidade espiritual, os ventos carregavam o bem-estar de que a esperança se faz portadora.



Na verdade, podemos dizer que era uma festividade que se assegurava na fé que, se não alcançara o transportar de montanhas, firmara, por algum tempo, muita alegria. Quem pudesse olhar de longe notaria um homem de porte elegante, mas simples, passando, apressado, no meio da multidão, sem que o intenso movimento o atraísse.

O Espírito desencarnado

O transe da morte é sempre um estado de crise para qualquer indivíduo, variando conforme o adiantamento moral de cada um. Daí a passagem do estado da matéria para a vida espiritual acarretar uma espécie de perturbação mais ou menos longa, até que se quebrem todos os elos entre o Espírito e sua organização física.

Essa crise é um fenômeno natural. Pensemos na hipótese de alguém ter de mudar, abruptamente, do Nordeste brasileiro para um país europeu ou vice-versa. A mudança repentina implicaria em um distúrbio tal no indivíduo, que este levaria algum tempo para se descondicionar do ambiente anterior e se adaptar às novas e diferentes condições de vida. Que diremos, então, da morte em que o fenômeno de desagregação do corpo processa uma modificação muito mais violenta?


Além disso, vários fatores intervêm na situação do desencarnado logo após a morte: a idade em que ocorreu a desencarnação (jovem ou idoso?), o tipo de morte (natural ou violenta?), se era apegado ou desprendido dos bens materiais, se tinha bons hábitos ou vícios inveterados, se possuía idéias materialistas ou espiritualistas. Daí a necessidade do adormecimento do Espírito, logo após o desprendimento do corpo físico, para se refazer do transe da morte.

Obsessão

Graças à valiosa contribuição científica do Es­piritismo no laboratório da mediunidade, constatan­do a sobrevivência do ser e o seu intercâmbio com as criaturas terrestres, a obsessão saiu do panteão místi­co para fazer parte do dia-a-dia de todos aqueles que pensam. 

Enfermidade de origem moral, exige tera­pêutica específica radicada na transformação espiri­tual para melhor, de todos aqueles que lhe experi­mentam a incidência. Ocorre, no entanto, como é fácil de prever-se, que essa “psicopatologia”, qual suce­de com outras tantas, sempre apresenta, no paciente que a sofre, graves oposições para o seu tratamento.


Quando, ainda lúcido, o mesmo se recusa a receber a conveniente orientação, e, à medida que se lhe faz mais tenaz, as resistências interiores se expressam mais vigorosas. De um lado, em razão da vaidade pes­soal, para não parecer portador de loucura, particu­larmente porque assim se sente, e, por outro motivo, quando sob os martelos das obsessões, porque o agente do distúrbio cria dificuldades no enfermo, transmitindo-lhe reações violentas, para ser evitado o tratamento especial.

Pensamento, sintonia e energias

O ser humano é um complexo, que pode ser avaliado sobre diferentes visões: científica, religiosa, filosófica, holística, etc. Cada visão tem suas particularidades e abordagens, que enfatizam as “cores” da sua proposta ou linha de pensamento.

No entanto, um ponto de convergência começa a se consolidar como aceito pela maioria das visões: “o componente energético do ser humano”, e as suas interfaces com a natureza e com os outros seres da criação.


Com o desenvolvimento científico e os avanços tecnológicos, cada vez mais se estuda, diagnostica e teoriza sobre energias no complexo humano, como o pensamento emite energias, como se sintoniza e absorve energias do ambiente, etc.

O espiritismo kardecista enfatiza a questão energética do ser humano, colocando o componente energético e suas relações como tão ou mais importante que o componente material (físico, orgânico).