Obsessão

Graças à valiosa contribuição científica do Es­piritismo no laboratório da mediunidade, constatan­do a sobrevivência do ser e o seu intercâmbio com as criaturas terrestres, a obsessão saiu do panteão místi­co para fazer parte do dia-a-dia de todos aqueles que pensam. 

Enfermidade de origem moral, exige tera­pêutica específica radicada na transformação espiri­tual para melhor, de todos aqueles que lhe experi­mentam a incidência. Ocorre, no entanto, como é fácil de prever-se, que essa “psicopatologia”, qual suce­de com outras tantas, sempre apresenta, no paciente que a sofre, graves oposições para o seu tratamento.


Quando, ainda lúcido, o mesmo se recusa a receber a conveniente orientação, e, à medida que se lhe faz mais tenaz, as resistências interiores se expressam mais vigorosas. De um lado, em razão da vaidade pes­soal, para não parecer portador de loucura, particu­larmente porque assim se sente, e, por outro motivo, quando sob os martelos das obsessões, porque o agente do distúrbio cria dificuldades no enfermo, transmitindo-lhe reações violentas, para ser evitado o tratamento especial.


Em todos os casos, porém, o tempo exerce o papel elevado de convencer a vítima da “parasitose espiritual”, através do padecimento da vingança, quanto à necessidade de submeter-se aos cui­dados libertadores.

Iniciando-se de forma sutil e perversa, a obses­são, salvados os casos de agressão violenta, instala-se nos “painéis mentais” através dos delicados “tecidos energéticos do perispírito” até alcançar as “estruturas neurais”, perturbando as “sinapses” e a harmonia do conjunto encefálico.

Ato contínuo, o quimismo neu­ronal se desarmoniza, face à produção desequilibra­da de enzimas que irão sobrecarregar o sistema ner­voso central, dando lugar aos distúrbios da razão e do sentimento.

Noutras vezes, a incidência da ener­gia mental do obsessor sobre o paciente invigilante irá alcançar, mediante o “sistema nervoso central”, al­guns órgãos físicos que sofrerão desajustes e pertur­bações, registrando distonias correspondentes e comportamentos alterados.

Quando se trata de Espíritos inexperientes, perseguidores desestruturados, a ação magnética se dá automaticamente, em razão da afi­nidade existente entre encarnado e desencarna­do, gerando descompensações mentais e emocionais. Todavia, à medida que o Espírito se adestra no co­mando da mente da sua vítima, percebe que existem métodos muito mais eficazes para uma ação profun­da, passando a executá-la, cuidadosamente.

Ainda, nesse caso, aprende com outros espíritos mais perversos e treinados no mecanismo obsessivo, as melhores técnicas de aflição, agindo conscientemen­te nas áreas perispirituais do desafeto, nas quais “im­planta delicadas células” acionadas por “controle remo­to”, que passam a funcionar como focos destruidores da arquitetura psíquica, irradiando e ampliando o “campo vibratório nefasto”, que atingirá outras regiões do “encéfalo”, prolongando-se pela rede linfática a todo o organismo, que passa a sofrer danos nas áreas afe­tadas.

Estabelecidas as fixações mentais, o hóspede desencarnado lentamente assume o comando das funções psíquicas do seu hospedeiro, passando a manipulá-lo a seu bel-prazer. Isso, porém, ocorre, em razão da “aceitação parasitária que experimenta o enfermo”, que poderia mudar de comportamento para melhor, des­sa forma conseguindo anular ou destruir as induções negativas de que se torna vítima.

No entanto, afeiço­ado à acomodação mental, aos hábitos irregulares, compraz-se no desequilíbrio, perdendo o comando e a direção de si mesmo. Enquanto se vai estabelecen­do o contato entre o assaltante desencarnado e o as­saltado, não faltam a este último, inspiração para o bem, indução para mudança de conduta moral, inspiração para a felicidade.

Vitimado, em si mesmo, pela autocompaixão ou pela rebeldia sistemática, descon­sidera as orientações enobrecedoras que lhe são di­recionadas, acolhendo as insinuações doentias e perversas que consegue captar.

Muita falta faz a palavra de Jesus no coração e na mente das criaturas humanas em ambos os lados da vida. Extraordinária fonte de sabedoria, as Suas lições constituem mananciais de saúde e de paz que plenificam, assim que sejam vivenciadas, imunizan­do o ser contra as terríveis perturbações de qualquer ordem.

Mas o mundo ainda não compreende consci­entemente o significado do Mestre na sua condição de Modelo e Guia da humanidade, o que é lamentá­vel, sofrendo, as conseqüências dessa indiferença sistemática.

Dando continuidade, Dr. Ignácio Ferreira aduziu: Como a inspiração espiritual se faz em todos os fenômenos da Natureza, inclusive nas atividades hu­manas, é compreensível que, além das tormentosas obsessões muito bem catalogadas por Allan Kardec, simples, por fascinação e subjugação, os objetivos mantidos pelos perseguidores sejam muito variados.

Eis porque as suas maldades abarcam alguns dos cri­mes hediondos, tais como: autocídios, homicídios, guerras e outras calamidades, face à intervenção que realizam em todos aqueles que se afinizam com os seus planos nefastos.

Agindo mediante hábeis programações bem elaboradas, vão conquistando as resistências do seu dependente mental, de forma que, quase sempre, porque não haja uma reação clara e definitiva por parte da sua vítima, alcançam os objetivos cruéis a que se entregam enlouquecidos.

Quando das suas graves intervenções no psi­quismo dos seus hospedeiros, suas “energias deleté­rias” provocam taxas mais elevadas de “serotonina e noradrenalina”, produzidas pelos neurônios, que con­tribuem para o surgimento do transtorno “psicótico-­maníaco-depressivo”, responsável pela diminuição do humor e desvitalização do paciente, que fica ainda mais à mercê do agressor.

É nessa fase que se dá a indução ao “suicídio”, através de hipnose contínua, transformando-se em verdadeiro assassínio, sem que o enfermo se dê conta da situação perigosa em que se encontra. Sentindo-se vazio de objetivos existen­ciais, a morte se lhe apresenta como solução para o mal-estar que experimenta, não percebendo a capta­ção cruel da idéia autocida que se lhe fixa na mente.

Não poucas vezes, quando incorre no crime infame da destruição do próprio corpo, foi vitimado pela for­ça da poderosa mentalização do adversário desen­carnado.

Certamente, há, para o desditoso, atenuan­tes, em razão do processo malsão em que se deixou encarcerar, não obstante as divinas inspirações que não cessam de ser direcionadas para as criaturas e as advertências que chegam de todo lado, para o res­peito pela vida e sua conseqüente dignificação.

O mesmo fenômeno ocorre quando se trata de determinados homicídios, que são planejados no mundo espiritual, nos quais os algozes se utilizam de enfermos por obsessão, armando-lhes as mãos para a consumpção dos nefastos crimes.

Realizam o trabalho a longo prazo, interferindo na conduta men­tal e moral do obsesso, a ponto de lhe interromper os fluxos do raciocínio e da lógica, aturdindo-os e do­minando-os.

Tão perversos se apresentam alguns desses perseguidores infelizes quão desnaturados, que se utilizam da incapacidade de reação dos paci­entes para os incorporar, podendo saciar sua sede de vingança contra aqueles que lhes estão ao alcance.

Utilizando-se do recurso da invisibilidade material, covardemente descarregam a adaga do ódio nas víti­mas inermes, tombando, mais tarde, na própria ar­madilha, porquanto não fugirão da justiça divina ins­talada na própria consciência e vibrando nas Leis cósmicas, que sempre alcançam a todos.

De maneira idêntica, desencadeiam guerras entre grupos, povos e nações, cujos dirigentes se en­contram em sintonia com as suas terríveis programa­ções, formando verdadeiras legiões que se engalfi­nham em lutas encarniçadas visando alcançar os ob­jetivos infelizes a que se propõem.

Passam desconhe­cidas essas causas, que os sociólogos, os políticos, os psicólogos, os religiosos não conseguem detectar, mas que estão vivas e atuantes nas paisagens ter­restres, e a reencarnação se encarregará de corrigir sob a sublime direção de Jesus.

Na raiz de inumeráveis males que afetam a co­letividade humana, encontramos o intercâmbio espi­ritual manifestando-se com segurança. As obsessões campeiam sem ordem alguma. Isto não implica em dar margem ao pensamento de que as criaturas ter­restres se encontram à mercê das forças desagrega­doras da erraticidade inferior.

Em toda parte, está pre­sente a misericórdia de Deus convidando ao bem, ao amor, à alegria de viver. A opção inditosa, no entan­to, de grande número de criaturas é diversa dessa oferta, o que facilita a assimilação das idéias tene­brosas que lhe são dirigidas.

Assim mesmo, ante a preferência das terríveis alucinações, o amor paira so­berano aguardando, e quando não é captado, a dor traz de volta o calceta, encaminhando-o para o reto proceder mediante o oportuno despertar.

Todos esses criminosos espirituais, terminadas as batalhas em que se empenham, passam a experi­mentar incomum frustração por haverem perdido as metas que desapareceram e por darem-se conta dos tormentos íntimos em que naufragam, descobrindo-se sem objetivo nem razão de continuar a viver.

E como não podem fugir da vida em que se encontram, são atraídos compulsoriamente às reencarnações dolorosas, experimentando os efeitos das hecatom­bes que ajudaram a ter lugar.

Mergulham, então, na grande noite terrestre do abandono, da loucura, das anomalias, emparedados em enfermidades reparado­ras, experimentando rudes expiações, que lhes serão a abençoada oportunidade para reencontrar o cami­nho do futuro.

O Mestre Jesus foi enfático, ao enunciar: “Vin­de a mim todos vós que estais cansados e eu vos alivi­arei”, complementando com segurança: “Em verdade vos digo que ninguém sairá dali (do abismo) enquan­to não pagar até o último ceitil”.

Ele alivia todos aque­les que O buscam sob o pesado fardo das aflições, entretanto, é necessário que a dívida moral contraí­da contra a Vida seja resgatada até o último centavo, quando então, o devedor se sentirá equilibrado para conviver com aquele que lhe padeceu a impiedade, sendo perdoado e reconciliando-se com a própria consciência e o seu próximo.

Somente, portanto, atra­vés do perdão e da reconciliação, da reparação e da edificação do bem incessante, é que o flagelo das ob­sessões desaparecerá da Terra de hoje e de amanhã, pelo que todos nós devemos empenhar desde este momento.

O amor é o bem eterno que sobre paira em to­das as situações, mesmo nas mais calamitosas, apon­tando rumos e abrindo espaços para a realização da felicidade total. Vivê-lo em clima de abundância, é o dever a que nós devemos propor, inundando-nos com a sua sublime energia que dimana de Deus.

Que esse amor, procedente de nosso Pai, nos permeie todos os pensamentos, palavras e ações, são os votos que formulamos ao terminarmos a rápida análise em torno desse tema palpitante.

Compilado do livro: Tormentos da Obsessão
Autor: Manoel P. de Miranda (espírito) e Divaldo Franco