Vive-se a hora
angustiante das buscas intérminas que atendem às paixões imediatistas, mas não
resolvem as questões profundas do ser espiritual. O homem e a mulher modernos
atiram-se na desvairada correria do prazer, como se as únicas finalidades
existências fossem as sensações que exaurem em detrimento das emoções dignificadoras que renovam e
fortalecem o caráter, facultando tranqüilidade e alegria de viver.
Em conseqüência,
predominam a insatisfação, o mau humor, os comportamentos alienantes, as fugas
psicológicas da realidade, a solidão, em lamentáveis mergulhos interiores de
desencanto e de frustração. Multiplicam-se as denominações religiosas, especialmente no Cristianismo,
sem que os indivíduos se estabilizem emocionalmente, estando, pois, influenciados pelos
veículos de comunicação de massa que oferecem as fantasias e as quimeras de
fácil aquisição, resultando em comprometimentos espirituais de alta gravidade.
Preocupados com os
lucros financeiros muitos pastores de
almas, ao invés de as conduzirem às reflexões interiores, derrapam no mercado
da simonia, vendendo a salvação a preços módicos, sem o menor pudor pela responsabilidade que assumem
enganando a ingenuidade daqueles que preferem o reino dos céus na Terra,
olvidando-se dos valores espirituais de alta significação.
Desse modo, aumentam as estatísticas de
criaturas vinculadas às religiões sem o sentimento de religiosidade, umas em lamentável fanatismo, outras
apenas formalmente, enquanto mantêm a conduta materialista, distanciando-se cada vez mais da
fraternidade e da solidariedade que devem caracterizar os sentimentos de vinculação com a fé.
O grande rebanho humano, embora esclarecido nos programas
de tecnologia e de algumas doutrinas científicas, permanece sem rumo e sem crença real
em torno da sua imortalidade e dos objetivos essenciais significativos. A morte se lhe apresenta como a
tragédia do cotidiano que deve ser evitada a qualquer esforço e preço, como se
a indumentária carnal estivesse elaborada para a eternidade.
As ilusões e fantasias que se divulgam a respeito da
vida-além-do-corpo atemorizam grande número de ingênuos e produzem rios de
zombaria nos mais cépticos, dando a impressão de que o mundo espiritual pode ser manipulado pela
astúcia e prepotência daqueles que se
apresentam como intermediários das informações imortalistas.
Iludidos em si mesmos,
cercam-se de incautos que lhes prestam culto de servilismo doentio, assumindo
postura ridícula de condutores de outros, olvidados do ensinamento de Jesus a respeito dos cegos que
conduzem cegos e ambos tombam nos abismos. Há, sem dúvida, expressiva fome da verdade e buscas
honestas que nem sempre são bem-sucedidas, provocando desencanto e amargura.
De um lado a
predominância materialista e de outro as informações sem fundamento a respeito
do ser espiritual. Para atender a essa expressiva necessidade, urgente e
significativa, chegou à Terra o
Espiritismo, conforme Jesus o prometera antes de se despedir dos Seus
discípulos. Portador de saudáveis
notícias do mundo espiritual que é causal e de onde procedem todas as criaturas
antes da sua viagem carnal, o Espiritismo apresenta um programa seguro de esclarecimento e de paz, fundamentando-o na análise daqueles
que vadearam o Letes mitológico e aportaram na Realidade.
Demonstrando a
necessidade da autoconsciência, esclarece que a vida física é uma experiência educacional
no processo de iluminação interior sempre crescente. As dificuldades existenciais fazem
parte do cardápio evolutivo, efeito natural dos comportamentos doentios ou
grosseiros das experiências passadas, nas quais houve comprometimento de
natureza moral, seja prejudicando o próximo ou a si mesmo cada qual se
prejudicando.
Na condição de
ensementador, o Espírito é o
ceifador daquilo que produz, sendo sempre convidado a retornar pelos campos de
ação executada, a fim de reunir os bons e os maus frutos que ficaram
aguardando-o. Desse modo, o
conhecimento espírita propicia a renovação do indivíduo, que vem tardando a sua
recuperação moral, facultando-lhe entender as leis que regem a vida e às quais
se deve submeter, porquanto elevam e dignificam os seres humanos.
A primeira
característica daquele que se propõe à renovação é a irrestrita confiança em Deus, que se exterioriza em
forma de tranqüilidade em relação a todos os acontecimentos existenciais, entregue à diretriz superior e
feliz pela oportunidade de elevação espiritual. Ante a adversidade não se
entregue à blasfêmia nem ao desespero, compreenda que o oceano agitado, é constituído pelas mesmas
águas que lhe dão calmaria, sendo a ocorrência afligente o resultado dos ventos tempestuosos das
ações perturbadoras.
Convidado à construção
do Bem onde quer que se encontre, agradece a oportunidade, tornando-se
partícipe da equipe operadora da fraternidade, ao mesmo tempo empenhando-se a
produzir o melhor que lhe esteja ao alcance, porque sabe que todo processo de iluminação é feito por
meio de esforço pessoal e da entrega a Deus.
Naturalmente, como as
demais pessoas, momentos surgem em que o estresse, o desânimo, a aflição
surpreende-o. Mas, isso é natural,
porquanto é constituído da mesma estrutura que caracteriza todas as criaturas, não se permitindo porém,
permanecer nesses desvios de comportamento que após superados mais o fortalecem
para os futuros cometimentos.
Nesse indivíduo em
renovação, os sentimentos superiores expressam-se em forma de paciência em
relação aos demais, de autoconfiança, e porque consciente da transitoriedade da existência física
empenha-se em aproveitar ao máximo o tempo de que dispõe para o encontro consigo mesmo e,
naturalmente, com Deus.
Aquele que conquista a tranqüilidade defluente da fé
religiosa edificante e saudável vive em harmonia com tudo e com todos, não se
alienando da sociedade a pretexto de encontrar a plenitude, tampouco mergulha na efervescência
das futilidades sob a justificativa de estar participando da vida mundana. Vive
no mundo, mas não é do mundo, perdido nas suas falsas apresentações.
Toma decisões seguras
e, quando, por acaso, equivoca-se, refaz o caminho e tenta novamente tantas
vezes quantas se façam necessárias ao aprendizado que persegue. Tais características programam a
mulher e o homem de bem, cuja existência é perfeitamente de acordo com as
convicções que mantêm no íntimo. A pessoa que se alimenta de tranqüilidade é estável e
harmoniosa, sempre afável e útil, pois que aprendeu com Jesus a viver solidária
com o Universo.
Muitas vezes é frágil
na aparência, mas resistente nas ações e perseverante nos objetivos abraçados. Nunca desiste dos objetivos a que se
dedica, mesmo quando tudo, encontra-se, aparentemente, em postura contrária. O seu é um entusiasmo sereno e
vigoroso que a ajuda a manter o mesmo clima de alegria, seja nos momentos de
triunfo ou naqueles de sofrimento. O importante é não deixar de porfiar, aguardando
o instante próprio para dar prosseguimento ao programa a que se dedica.
Encontrou em Jesus a
segurança que antes lhe faltava e, por isso mesmo, reconhece que esse é o seu
momento de renovação interior e de aquisição da felicidade real.
Compilado do livro Liberta-te do Mal
Joanna de Ângelis (espírito) e
Divaldo Franco