Muitos
setores das ciências psicológicas asseveram que é indispensável preservar a
criança contra a mínima coação, a fim de que venha se desenvolver sem traumas
que lhe prejudicariam o futuro. Isso, no entanto, não significa que deva crescer
sem orientação. Independência desregrada gera violência, tanto quanto violência
gera independência desregrada.
Releguemos
determinada obra arquitetônica ao descontrole e teremos para breve a caricatura
do edifício que nos propúnhamos construir. Abandonemos a sementeira a si
própria e a colheita se nos fará desencanto. Exigimos a instituição de um mundo
melhor. Solicitamos a concretização da felicidade comum. Sonhamos com o
levantamento da paz de todos. Esperamos o reino da fraternidade.
Como
atingir, porém, semelhantes conquistas sem a criança no esquema do trabalho a
realizar? Não mergulhará teus filhos nas ondas revoltas da ira quando a
dificuldade sobrevenha, e sim não te omitirás no socorro preciso, sem deixá-lo
à feição de barco desarvorado ao sabor do vento.
Não
erguerás contra ele a palavra condenatória nos dias de desacerto, a
insuflar-lhe, talvez, ódio e rebeldia nos recessos da alma, e sim procurarás
sustentá-lo com a frase compreensiva e afetuosa que desejarias ter recebido em
outro tempo, nas horas da infância, quando te identificavas nas sombras da
indecisão.
Sabes
conduzir a criança ao concurso da escola, à assistência do pediatra, ao auxílio
do costureiro ou ao refazimento espiritual nos espetáculos recreativos. Por
isto mesmo não lhe sonegues apoio ao sentimento para que o sentimento se lhe
faça correto. Concordamos todos em que a criança necessita de amor para crescer
patenteando mente clara e o corpo sadio, entretanto, é impossível efetuar o
trabalho do amor - realmente amor - sem bases na educação.
"E
vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e
admoestação do Senhor."
-
Paulo (Efésios, 6:4.)
Assumir
compromissos na paternidade e na maternidade constitui engrandecimento do
espírito, sempre que o homem e a mulher lhes compreendam o caráter divino. Infelizmente,
o Planeta ainda apresenta enorme percentagem de criaturas mal avisadas
relativamente a esses sublimes atributos. Grande número de homens e mulheres
procura prazeres envenenados nesse particular.
Os
que se localizam, contudo, na perseguição à fantasia ruinosa, vivem ainda longe
das verdadeiras noções de humanidade e devem ser colocados à margem de qualquer
apreciação. Urge reconhecer, aliás, que o Evangelho não fala aos embriões da
espiritualidade, mas às inteligências e corações que já se mostram suscetíveis
de receber-lhe o concurso. Os pais do mundo, admitidos às assembléias de Jesus,
precisam compreender a complexidade e grandeza do trabalho que lhes assiste.
É
natural que se interessem pelo mundo, pelos acontecimentos vulgares, todavia, é
imprescindível não perder de vista que o lar é o mundo essencial, onde se deve
atender aos desígnios divinos, no tocante aos serviços mais importantes que
lhes foram conferidos. Os filhos são as obras preciosas que o Senhor lhes
confia às mãos, solicitando-lhes cooperação amorosa e eficiente. Receber
encargos desse teor é alcançar nobres títulos de confiança. Por isso, criar os
filhos e aperfeiçoá-los não é serviço tão fácil.
A
maioria dos pais humanos vivem desviados, através de vários modos, seja nos
excessos de ternura ou na demasia de exigência, mas à luz do Evangelho
caminharão todos no rumo da era nova, compreendendo que, se para ser pai ou mãe
são necessários profundos dotes de amor, à frente dessas qualidades deve
brilhar o divino dom do equilíbrio.
Compilado
do livro “Vinha de Luz”
Emmanuel
(espírito) e Francisco C. Xavier