Técnica da Mediunidade – 4 parte

Parte I – Plano Físico – Eletricidade

Além da intensidade da corrente, e da resistência que a ela opõe o condutor, encontramos outras especialidades a estudar.

Potencial: A diferença de pressão elétrica entre uma ponta do fio e a outra extremidade determina o potencial elétrico da corrente. Medese esse potencial pela unidade volt. Então, 1 volt é a diferença de potencial que produzirá 1 ampère de corrente, através de 1 ohm de resistência.

Logicamente, quanto maior a diferença entre os dois extremos do condutor, maior a voltagem. E é exatamente essa diferença de potencial que faz com que a corrente flua ou caminhe, do lado mais forte para o mais fraco, (geralmente chamado “terra”).


Então, numa corrente de 120 volts, precisamos de uma resistência de 120 ohms, para termos uma corrente de 1 ampère. Temos duas maneiras de “ligar” uma corrente a elementos isolados.


Ligação em série: Quando a corrente passa de uma lâmpada a outra, temos a ligação em série, e o comportamento é o seguinte: Cada uma das lâmpadas de Natal recebe 1 ampère; cada lâmpada tem 15 ohms; as oito perfazem 120 ohms (15 x 8 = 120); a entrada é de 120 volts.

Donde vemos que a resistência de cada lâmpada é somada à outra, e o total das resistências (120 o.) vai estabelecer a intensidade da corrente (1 a). Corrente fraca, utilizada, por exemplo, nessas lâmpadas das árvores de Natal.

Ligação em paralelo: Mas podemos ligar diretamente a corrente total em cada lâmpada e teremos: Entrada, 120 volts; cada lâmpada fica com os 15 ohms de resistência, e com 8 ampères de corrente, portanto receberá intensidade de corrente, em cada uma, oito vezes maior que na ligação em série.

Tipo utilizado na iluminação doméstica, para não enfraquecer a corrente nas lâmpadas e demais aparelhos elétricos.

Círculo fechado: Isso é importante para a constituição da corrente mediúnica. Por isso ela sempre é construída em circuito, em redor de uma mesa ou sem mesa. Isto porque, geralmente, os médiuns têm fraca potência, e por isso a ligação é feita em série, em circuito fechado. Só médiuns de grande potência podem ser ligados em paralelo.

Potência Elétrica: A potência elétrica depende da combinação entre: a) A intensidade da corrente (amperagem) e; b) A pressão elétrica (voltagem). A potência é medida em watts; 1 ampère, quando a diferença de potencial é de 1 volt. Então conhecemos os watts (potência) de uma corrente, multiplicando os volts pelos ampères.

No último exemplo que demos acima: na ligação em série, as lâmpadas poderão ter uma potência de 60 w, mas na ligação em paralelo terão 120 w, ou seja, o dobro da potência. A energia (erg) é a potência combinada com o tempo.

Medese em watts hora (wh) ou, para facilitar nas quantidades maiores, quilowatt hora (kwh). Para encontrar-se a energia, bastará multiplicar a potência pelo tempo. Por esse meio descobrimos a energia despendida.

Energia despendida pelos médiuns: Assim, nas reuniões mediúnicas podemos calcular a energia despendida pelos aparelhos calculando o potencial de força do conjunto, a intensidade da corrente, a potência do aparelho e o tempo gasto.

Em vista disso é que se aconselha que as reuniões não devem durar mais do que uma hora e meia, a fim de não desgastar muita energia dos presentes.

Entretanto, a presença de pessoas com muita vitalidade (muito potencial) e com a manifestação de Espíritos muito elevados (grande intensidade de corrente) e de médiuns de forte potência, pode demorarse, mais, porque a energia fica muito acrescida em capacidade.

Além disso, se a corrente estiver bem ligada ao Gerador Universal da Força Cósmica (Deus) por pensamentos elevados e preces desinteressadas, isso fortificará de muito a capacidade do grupo e compensará a energia consumida no intercâmbio.

Transformador: O transformador é um aparelho que consiste em duas bobinas (um fio fino isolado, geralmente por verniz) enrolado num núcleo de ferro doce. A corrente, ao passar pelo fio em redor do ferro, magnetizao e desmagnetizao muitas vezes por segundo.

Funciona o transformador de acordo com o número de espiras (voltas), dessa primeira bobina, e com o número de espiras da outra bobina (secundária) de saída, que é magnetizada por indução. Se a bobina primária (de entrada) tiver a metade das espiras que a bobina secundária (de saída), a corrente que entrou com 60 volts, sairá do outro lado com 120 volts.

Entretanto, se a voltagem foi aumentada a corrente diminui. Então, o interessante não é fazer o transformador trabalhar nesse sentido, e sim no sentido contrário: diminuindo a voltagem e aumentando a corrente. Isso se consegue colocando mais espiras na bobina primária e menos na bobina secundária. Como sempre existe pequena perda (2% a 3%), a corrente não aumenta na prática tanto quanto deveria fazêlo teoricamente.

Os não-médiuns: Daí verificamos, na prática, que, em certas reuniões mediúnicas, há elementos humanos que funcionam como verdadeiros transformadores que aumentam a corrente. Quase sempre são pessoas que não são médiuns, e até que muitas vezes se julgam inúteis na reunião. Ficam ali parados, concentrados, firmes, mas nada sentem.

No entanto, estão servindo incalculavelmente para o bom êxito das comunicações; são os chamados estacas de sustentação de uma reunião. Sem a presença deles, a reunião se tornaria tão fraca que quase nada produziria.

Como há esses transformadores que aumentam a corrente, existem os que agem de modo inverso: diminuem a corrente. São aqueles que se isolam do conjunto, ou porque permaneçam preocupados com seus pensamentos próprios, ou porque cedam ao cansaço e durmam: a interrupção de corrente trabalha como um transformador que diminui a corrente, embora não a corte.

Retificador: Chamamos assim ao aparelho que transforma a corrente alternada em corrente contínua. Trabalha baseado no princípio das válvulas, que deixam a água correr num “sentido”, mas se fecham, impedindoa de voltar. Assim, no retificador elétrico, o aparelho deixa passar os elétrons de um lado só, não lhes permitindo o regresso.

O processo que fará entender é o da válvula eletrônica retificadora: A válvula é composta de um filamento que, aquecido, expele elétrons. Estes são atraídos pela placa, que os manda à frente. Mas não podem regressar da placa ao filamento. A corrente entrou alternada, ao sair da placa tem um só sentido: é direta.

Telemediunidade: Também na reunião mediúnica há pessoas que atuam como válvulas retificadoras quase agentes catalíticos, que permitem ao aparelho sensitivo (médium) a recepção de mensagens.

No entanto, essa tarefa é quase sempre afeta a seres desencarnados, que facilitam a recepção das correntes provenientes do mundo astral mais elevado ou mesmo do mundo mental. É a chamada telemediunidade, em que um Espírito retifica as correntes mais elevadas, tornandoas acessíveis aos aparelhos encarnados.

Em muitas ocasiões, esses intermediários acrescentam, a essa tarefa, a de “transformadores” para diminuir a intensidade da corrente, a fim de poder ser recebida pelo aparelho mediúnico (médium)

Vejamos, agora, como se dá a comunicação propriamente dita, sob o ponto de vista eletrônico: Precisamos analisar o comportamento da onda de som, combinada com a onda elétrica, fixando bem que, na mediunidade, também se trata de onda, embora seja onda de pensamento.

Estudemos alguns termos de rádio:

Ionte: Quando os elétrons viajam por um gás, têm eles a propriedade de eletrizar os átomos desse gás, que se tornam carregados; passam então a denominarse iontes (ou íons). Podemos definilos, então, como átomos (ou radicais) eletricamente carregados.

Os iontes podem ser carregados de eletricidade positiva (formando os cationtes) ou negativa (formando os aniontes). Quanto mais a atmosfera se carrega de iontes, mais ionizada fica, isto é, mais eletrificada. A ionização poderá ser positiva ou negativa.

Durante o dia, a atmosfera fica mais iontizada, e por isso os aparelhos receptores funcionam com menos perfeição, já que, além de receberem a onda hertziana, recebem também as cargas dos iontes, o que produz estática. Havendo à noite menor iontização da atmosfera, por causa da ausência das radiações solares, funcionam melhor os receptores.

Ambiente da sessão: Daí a preferência para o exercício da mediunidade nas horas noturnas, quando há poucos iontes elétricos na atmosfera, já que a mediunidade funciona à semelhança do rádio, e o comportamento das ondas de pensamento ser semelhante ao das ondas hertzianas.

Vibrando intensamente os iontes elétricos produzidos pelas radiações solares, interferem (embora funcionando em faixa de onda mais baixa) nas ondas mais delicadas do pensamento; assim como, de modo geral, as ondas solares luminosas interferem na manifestação dos fluidos magnéticos e no ectoplasma.

Por isso, as sessões de efeitos físicos necessitam de ausência de raios luminosos. Então, para o bom funcionamento de uma reunião mediúnica, é indispensável um ambiente bem iontizado positivamente, por pensamentos elevados. A atmosfera assim carregada facilita as comunicações, já que ativa o campo elétricomagnético.

O melhor meio de iontizar o ambiente é manter os acumuladores ligados ao gerador (manter mentes e corações unidos ao Pai) de modo a emitir cationtes, que saturem a atmosfera. Essa emissão é realizada pelos pensamentos de amor desinteressado e de prece desinteressada, jamais por preces particulares só para si ou para os seus, nem com amor só por aqueles que estão em contato conosco.

Em contrapartida, os ambientes carregados negativamente, com pensamentos de egoísmo, de discussões, de futilidades, de raivas e personalismos, só permitem reuniões fracas, improdutivas e até perturbadas, delas saindo os participantes em estado pior do que entraram: mais enfraquecidos, com órgãos psíquicos e físicos afetados.

Se não houver ambiente bem iontizado, é melhor não realizar reuniões. Por isso não se deve fazer uma sessão de intercâmbio em qualquer lugar, nem sob pretexto de Caridade. Sim, é caridade dar um copo de leite a um faminto; mas será caridade dálo quando estiver estragado ou envenenado?

Válvula: Vejamos agora o comportamento de uma válvula termoiônica, dessas que utilizamos em nossos radio receptores. Vemola construída de:

a.) um filamento de metal próprio, ligado à corrente elétrica que o esquenta até o rubro (em brasa), estado em que o fio expele de si milhões de elétrons, que têm seu caminho facilitado por causa do vácuo dentro da válvula.

b.) de uma placa de metal, que recebe o jato de elétrons e os encaminha para diante pelo fio, mas não permite que eles voltem ao filamento; assim procedendo, transforma a corrente alternada em corrente direta ou contínua.

c.) nas válvulas mais complexas, entre o filamento e a placa existe uma grade, que tem a finalidade de selecionar o fluxo dos elétrons. Com esses elementos básicos e alguns secundários, é obtida a retificação da corrente e sua ampliação.

O Corpo Pineal: Na caixa craniana temos a principal válvula do corpo humano, que será estudada mais minuciosamente no capítulo da Biologia: o corpo pineal ou epífise.

Ainda aí se localiza a grande auxiliar da pineal, que é a hipófise. No resto do corpo encontramos outras válvulas, mas isso é objeto de outra parte do estudo. No entanto, fique claro que, para a comunicação, necessitamos de uma válvula detentora ou retificadora, que é o corpo pineal.

Comparativamente à termoiônica, a pineal funciona recebendo corrente alternada e deixando sair corrente direta. É, pois, uma transformadora de corrente. Mas, ao mesmo tempo age tal qual um transformador de frequência, pois recebe ondas pensamento que de lá saem modificadas em ondas palavra.

Essa modificação da ideação em palavras é constante, no trabalho interno do eu”, que fornece as ideias à mente abstrata; essas ondas curtíssimas são enviadas do transmissor (coração) e captadas pela pineal (cérebro), sendo aí transformadas em palavras discursivas, em raciocínios, em deduções e induções.

Com a prática desse trabalho constante, embora inconsciente, a pineal exercitase para mais tarde, mais amadurecida, poder fazer o mesmo com ideias provenientes de fora, de outras mentes por meio da telepatia.

A pineal, formidável válvula eletrônica, capta as ondaspensamento, (corrente alternada) e as detecta em ondas discursivas (corrente direta pessoal) trabalhadas pelos lobos frontais do cérebro, e depois traduzidas em som (pelo aparelho fonador), ou em desenhos ideográficos (pelos músculos das mãos).

TÉCNICA DA MEDIUNIDADE
Carlos Torres Pastorino
Originalmente publicado em 1968
Pela Editora Sabedoria