Filho
é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além
de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos, para darmos os melhores
exemplos e de aprendermos a ter coragem.
Isto
mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se
expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo
corretamente e de medo de perder algo tão amado. Perder? Não é nosso,
recordam-se? Foi apenas um empréstimo de DEUS. (José Saramago)
Quem
são nossos filhos? Nossos filhos são espíritos que foram atraídos ao
agrupamento familiar, através dos laços da simpatia ou antipatia, dependendo
das necessidades cármicas.
Os
filhos são biológicos (quando formamos seu corpo físico) ou podem ser filhos de
coração (quando são escolhidos por nós para amarmos). Pela visão espírita,
todos somos adotados. Porque o único Pai legítimo é Deus.
Os
pais da Terra “não são nossos pais, eles estão nossos pais”. Porque a cada
encarnação, mudamos de pais consanguíneos, mas em todas elas Deus é sempre o
mesmo Pai. Não recebemos os filhos em nosso lar por acaso. Estamos reunidos em
uma família para crescermos juntos, aprendermos uns com os outros.
Deus
os envia para que na busca do ajuste familiar, num trabalho ativo e constante,
muitas vezes sob conflitos, consigamos transformar defeitos em virtudes,
desenvolvendo o lado moral e o lado intelectual. Tudo isso com o único
objetivo: desabrochar o “amor”.
No
livro dos Espíritos, na questão 582 temos a seguinte pergunta: Pode-se
considerar a paternidade uma missão?
É
incontestavelmente uma missão. “É ao mesmo tempo um dever muito grande, e que
determina, mais do que o homem imagina, sua responsabilidade para o futuro”.
Não
conhecemos o mistério que os filhos, quando crianças, ocultam em sua inocência;
não sabemos o que eles são, nem o que foram, nem o que serão. Na maioria das
vezes, os filhos, (espíritos) podem ter vindo de um mundo em que tenham
adquirido hábitos, paixões, tendência e gostos diferentes e opostos aos nossos.
Por
isso, se queremos que se incorporem em nosso ambiente, precisamos prepará-los
na infância. Nos primeiros 7 anos, o espírito ainda se encontra muito ligado ao
plano espiritual, essa 1ª grande fase da vida é de muita importância, pois ele
está se firmando, se mantendo e se fortalecendo como uma planta que vai se
desenvolvendo e que precisa ser regada.
Todos
recebem uma aparência de inocentes, como imagem do que eles deveriam ser. Mas não é somente por eles que Deus lhe dá
esse aspecto, é também e sobre tudo por seus pais, que recebendo essa
fragilidade infantil, no seio familiar, naturalmente sentem a necessidade em lhes
dar amor.
E
esse amor seria extraordinariamente enfraquecido se as crianças já
demonstrassem um caráter impertinente e rude, ao contrário, sendo dóceis e
ingênuas, naturalmente recebem toda afeição e são envolvidas nos mais delicados
cuidados.
Devemos
perceber que os caminhos de Deus são sempre os melhores, e que, quando se tem o
coração puro, é fácil conceber-se ao puro, a explicação “respeito”. Mas, quando
as crianças não mais necessitam dessa proteção, dessa assistência que lhes foi
dispensada durante quinze a vinte anos, seu caráter real e individual reaparece
em toda a sua nudez; e o Espírito se mostra como realmente é; permanecem boas,
se eram fundamentalmente boas, mas, se frequentemente se revoltam, estão
demonstrando o que estavam ocultando na primeira infância.
A
sabedoria divina agindo a favor dos filhos, proporciona a fase da infância para
que a docilidade, ingenuidade e flexibilidade em “aprender”, possam facilitar a
vida dos “filhos” que habitam um corpo infantil e aos pais, para que tenham a
facilidade em “ensinar a viver à vida” sob as Leis Divinas, com limites e
sempre reprimindo suas más tendências.
Amar
os filhos, no sentido exato do termo, importa, acima de tudo, em saber
conduzi-los visando, não apenas, o futuro homem-corpo, mas, especialmente, o
homem-espírito. Os pais que sabem atender a este aspecto moral libertam-se dos
sentimentalismos afetivos que degeneram em liberdades nocivas.
Neste
sentido, Deus nos dá esta lição e exemplo edificante: a sua bondade, embora
infinita, não impediu que a sua sabedoria criasse a severidade dos mundos de
correção espiritual, destinados aos que se afastam da linha reta estabelecida
pelas suas leis, pois não basta sentir o amor; é preciso saber exercê-lo de
modo que bondade e sabedoria formem duas linhas paralelas, a fim de que se
estabeleça o equilíbrio entre o sentir e o saber.
O compromisso
maior de quem cria, é de colaborar com Deus na formação daquele irmão em
humanidade que estará transitoriamente, como filho sob a sua guarda.
Quando
olhamos para os filhos, é bom que tenhamos a percepção de que são filhos de
Deus como nós. Vieram para evoluir, vêm à Terra para ajustar exatamente o que
lhes faltou no passado, no lado moral, no lado espiritual, no lado ético.
Será
importantíssimo criar esses filhos com alma de religiosidade para aprenderem a elevar
através do pensamento, a oração, e terem mais confiança nos poderes sublimes da
vida. Para isto, não basta frequentar uma casa religiosa. É preciso ter
aprendido a verdade ensinada por Jesus Cristo, seja qual for à interpretação,
desde que esta interpretação os eleve, os amadureça, os transforme em pessoas
de bem.
Deus
nos empresta Seus filhos, na confiança que possamos devolvê-los melhores do que
aqui chegaram, ou então, que os ajudemos a cumprir sua prova ou expiação. Se
Ele nos dá essa incumbência, é porque somos capazes de cumprir tal missão.
Portanto, não os carreguemos nos braços, caminhemos com eles, ensinando-os a
caminhar por si próprios.