Melhor
é resolver as questões e não protelar reconciliações, enquanto é tempo. Muitas
pessoas imaginam que não há grandes diferenças entre remorso e o
arrependimento.
No
livro “Aborto à Luz do Espiritismo”, Eliseu Florentino da Mota Jr. Escreve que
“dentre as causas determinantes das anomalias psíquicas é induvidoso que o
remorso assume especial relevância, porquanto, ao contrário do arrependimento,
que é o primeiro passo para a reabilitação diante de um erro cometido, ele
determina o surgimento do complexo de culpa, levando a pessoa que eventualmente
tenha errado a crises nervosas, chegando mesmo à loucura”.
Dessa
forma, podemos entender claramente essa diferença, deixando para reflexão o
quanto o remorso é prejudicial para o indivíduo. Sempre nos questionamos quando
deixamos alguma questão mal resolvida ou de não se ter uma reconciliação – isto
acontece quando o nosso desafeto venha a falecer.
Consequentemente,
o remorso bate à nossa mente por termos protelados para depois a solução de
problemas, algumas vezes simples, outras não, mas que poderiam ter sido
resolvidos ou esclarecidos com uma conversa sincera entre as partes envolvidas.
Porém
nosso orgulho acaba sendo predominante fazendo com que a reconciliação não se
realize. Recentemente duas pessoas queridas de minha convivência estavam
brigadas, sabia do amor que sentiam um pelo outro, porém o orgulho fazia com
que a reconciliação fosse evitada.
Uma
noite falei para uma das partes que seu desafeto estava doente, para ele
imaginar se essa pessoa viesse a falecer, o remorso iria ser grande por não ter
se reconciliado enquanto podia. Minutos depois, essa pessoa pegou o telefone e
se reconciliou com a outra. Neste caso correu tudo bem, mas quantos deixam para
depois. O tempo não é eterno e o amanhã pode ser muito tarde.
Devemos
pensar que o presente é agora e que o futuro pode não existir. Vitor Ronaldo
Costa, em seu livro “Gerenciando as Emoções”, explica que se alguém alimenta um
sentimento de culpa, em decorrência de um mal cometido intencionalmente, o bom
senso recomenda que se busque a solução do impasse na prática inadiável de uma
atitude enobrecida. A anulação do remorso sugere a tomada de duas providências
essenciais: o cultivo da humildade e o pedido de perdão.
No
livro “O Céu e o Inferno, Allan Kardec no capítulo IV, intitulado “Criminosos
Arrependidos”, descreve o contato feito com um jovem padre de nome Verger que
havia assassinado em 3 de janeiro de 1857, Monsenhor Sibour, Arcebispo de
Paris, quando saía da Igreja de Saint-Étienne-du-Mont. Verger foi condenado à
morte e em 30 de janeiro executado.
Em
nenhum momento mostrou-se arrependido do seu crime. O mesmo foi evocado no
mesmo dia de sua execução e posteriormente três dias mais tarde. Nestes
contatos quando Verger foi indagado: Qual a vossa punição? Ele respondeu: “Sou
punido porque tenho consciência da minha falta, e para ela peço perdão à Deus;
sou punido porque reconheço a minha descrença nesse Deus; sabendo agora que não
devemos abreviar os dias de vida de nossos irmãos; sou punido pelo remorso de
haver adiado o meu progresso, enveredando por caminho errado, sem ouvir o grito
da própria consciência que me dizia não ser pelo assassínio que alcançaria o
meu desiderato.
Deixei-me
dominar pela inveja e pelo orgulho; enganei-me e arrependo-me, pois, o homem
deve esforçar-se sempre por dominar as más paixões – o que, aliás, não fiz. Quando
tiramos a vida de alguém estamos retardando nossa evolução e cortando a
oportunidade de nosso irmão dar sequência na sua. Além do mais, é um pecado que
corrói a nossa consciência por ser um ato indigno de nossa parte. É muito
triste chegar ao plano espiritual e sentir na consciência o remorso.
Deus
nos dá a oportunidade de reparação, é parte de nossa evolução colocar em
prática os ensinamentos morais de Jesus. O perdão faz parte destes ensinamentos
e é providencial, deixando de lado o orgulho, que não leva a nada. Dessa vida a
única coisa que levamos são as nossas obras, que é feita através da caridade.
Quando
falamos em caridade é no sentido amplo, começando por ajudar aqueles a quem
temos algum desafeto. Vamos analisar a situação, não somos santos e todos
sujeitos a erros. Vamos nos colocar no lugar de nosso desafeto e imaginar se
não agiríamos da mesma forma.
Uma
reflexão profunda pode ser essencial para essa reconciliação. O tempo é curto,
devemos guardar momentos felizes e aprender com os tristes. São esses momentos
alegres que nos fazem refletir o tão quão somos queridos. As amizades e a
família são algo que devemos saber aproveitar, pois são momentos de
compartilhar experiências e reparar erros cometidos em outras vidas ou até
mesmo nessa.
Todos
os atos indignos como o aborto, o suicídio, a traição entre outros, são
prejudiciais a nós mesmos. Eliseu Florentino descreve em seu livro a diferença
do remorso para o arrependimento, quando se tratando de aborto praticado, que o
arrependimento leva a pessoa a reparar o seu erro adotando uma criança ou
trabalhando em lugares que cuidam de crianças carentes, enquanto que o remorso
é patológico à medida que o autor da conduta abortiva é levado ao monoideísmo,
causando anomalias psicológicas e psíquicas.
André
Luiz no livro Nosso Lar descreve as palavras de consolo do benfeitor Clarêncio:
“aproveita os tesouros do arrependimento, guarda a bênção do remorso, embora
tardio, sem esquecer que a aflição não resolve problemas”.
Compilado
por Harmonia Espiritual
Fonte:
Revista Internacional de Espiritismo