O cérebro humano é um
produto da evolução das espécies. Elaborado desde milhões de anos, vem
aperfeiçoando-se conforme as necessidades do Espírito, no que tange a buscar
alimentos, selecionar, sentir, procriar, memorizar e desenvolver a
inteligência.
Saiu do simples
impulso instintivo para a irritabilidade, passou pela sensação, adentrou-se no
instinto e atingiu a razão. Nessa sua peregrinação evolutiva, o princípio
inteligente vem armazenando informações, de maneira que, ao atingir a fase
humana, seu cérebro perispirítico já continha vasto registro de impressões e
sensações relativas à luta pela vida e pela sobrevivência, que poderiam ser
racionalizadas e ordenadas formando lições.
Com o homem nasceu a
ciência e com o seu pensar surgiu a filosofia. A evolução cerebral se fez
basicamente do interior para o exterior, de vez que o seu núcleo central, mais
conhecido como tronco cerebral é que conduz as funções básicas da vida, desde
os batimentos cardíacos até a harmonia respiratória.
Nesse estágio, o que
era mais importante e necessário para o princípio inteligente, era manter a
vida frente as hostilidades do meio, adaptando-a e aperfeiçoando uma máquina
material que lhe possibilitasse manifestação cada vez mais intensa no cenário
terrestre.
Esse setor cerebral
desenvolveu-se basicamente até a era dos répteis, há centenas de milhões de
anos, quando esses animais dominavam o globo. Segundo alguns autores, é pela
cobertura do tronco cerebral que se exteriorizam a agressão e a defesa, os
rituais, o princípio da territorialidade e da hierarquia social, noções básicas
dirigidas pelos impulsos instintivos e adaptativos das espécies inferiores.
Circulando o tronco
cerebral, está o sistema límbico do cérebro dos mamíferos, desenvolvido há
dezenas de milhões de anos, nos mamíferos primitivos anteriores aos primatas.
Esse setor cerebral é que responde pelos nossos humores e emoções, bem como
nossos interesses.
Continuava o
princípio inteligente em suas repetições, enfrentando os fatores ambientais,
ora terrestres, moldando órgãos materiais para utilizá-los na aprendizagem, ora
despindo-se deles e atuando em plano sutil, para regressar ao cenário anterior,
incorporando lições de sobrevivência.
Envolvendo essas duas
partes do cérebro encontra-se o córtex cerebral, que vem se desenvolvendo há
milhões de anos, desde os primatas, ancestrais dos trogloditas. O hemisfério
direito do córtex responde pelo reconhecimento dos padrões, intuição,
sensibilidade e poder analítico.
O esquerdo dirige o pensamento
racional, analítico e crítico. Ambos os hemisférios se comunicam por feixes de
neurônios em troca informativa, de onde resulta a harmonia do binômio
criatividade análise, gerando atitudes responsáveis e lógicas.
A grande maioria dos
conhecimentos do Espírito é trabalhada através do córtex. No tronco cerebral e
no seu envoltório manifestam-se as funções mais utilizadas pelos ancestrais,
como: agressão, medo, sexo, defesa, proteção à prole, obediência ao líder. Pelo
córtex o Espírito exterioriza as conquistas superiores tais como a linguagem, a
leitura, a abstração, a estética e a inteligência.
Como todo o
conhecimento é de origem espiritual, o Espírito vai deixando para a retaguarda
os ensinamentos superados e sem muita significação para o estágio que já
atingiu.
Do histórico de lutas
e conquistas anteriores, muita coisa se perde na noite dos tempos, restando
para o futuro toda a memória biológica, algumas impressões e instintos, que
demasiadamente exercitados, gravaram-se fortemente na intimidade perispiritual.
Em resumo,
consideramos o cérebro como um bloco único, embora que para efeito didático
possamos dividi-lo em três compartimentos.
O tronco cerebral,
utilizado como cérebro primitivo e hoje funcionando como tradutor do arquivo
das lições adquiridas na conquista dos impulsos instintivos; o sistema límbico
do cérebro dos mamíferos, elaborado enquanto as sensações e o instinto se
aperfeiçoavam; e o córtex cerebral, onde a razão veio a selar pelo pensamento,
a soberania hominal, como ápice do reino dos viventes, desde que alguns animais
possuem sentimentos, mas o homem possui o pensamento.
Nos dias atuais o
cérebro é visto e analisado em tríplice aspecto. Subconsciente, consciente e o superconsciente.
No subconsciente está o arquivo dos trabalhos realizados, onde o hábito,
forçando uma rotina milenária, forjou o automatismo.
No consciente
encontra-se a sede das atuais conquistas, simbolizando o nosso esforço e
perseverança nos labores regenerativos. No superconsciente estão as aspirações superiores,
os ideais santificantes, que atingidos, mais aperfeiçoarão o sistema cerebral,
de vez que a sua potência é proporcional ao progresso efetuado no sentido dos
anseios angélicos.
Como na análise
anterior, as partes ou sedes sofrem interferências ou intercâmbio entre elas,
trazendo o homem em si, o passado, o presente e o futuro. Depende de sua ação
abreviar o futuro ou retardar o passado pela ação do presente. Herdamos assim
através da evolução cerebral, toda uma série de condicionamentos, bem como o
instinto, que segue ao lado do intelecto agindo de maneira independente, como
função marcante, sentinela avançada na conservação da vida.
Lembramos que toda
essa evolução cerebral, realizou-se na área perispiritual, refletindo-se nas
espécies materializadas, em cópias equivalentes e grosseiras, que deveriam
ajustar-se às ordens e necessidades do Espírito reencarnante.
Por sua vez o cérebro
físico segue os passos evolutivos do cérebro perispiritual, traduzindo
imperfeitamente as conquistas deste. Pouco conhecido, de potencial
acanhadamente utilizado, o cérebro, instrumento maior a permitir a manifestação
do Espírito no universo, continuará desafiando o homem comum por muitos
séculos, mostrando-se pouco a pouco, à medida que o intelecto e a moral amadureçam.
E
quando isso acontecer, talvez a melhor definição para ele seja luz.
Compilado do livro: O Perispírito e suas
modelações
Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro