Nas perguntas número 200, 201 e 202 do Livros
dos Espíritos, Allan Kardec pergunta se os Espíritos tem sexo? Não como o
entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e
simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos.
Em nova existência, pode o Espírito que
animou o corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-versa? Decerto; são os
mesmos os Espíritos que animaram os homens e as mulheres.
Quando errante, que prefere o Espírito:
encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher? Isso pouco lhe importa. O
que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.
Os Espíritos encarnam como homens ou como
mulheres, porque não têm sexo. Visto que lhes cumpre progredir em tudo, cada
sexo, como cada posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais
e, com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele que só como homem
encarnasse só saberia o que sabem os homens.
O sexo é departamento orgânico programado
pela vida para a reprodução da espécie. Assexuado, o Espírito renasce numa como
noutra polaridade, afim de adquirir experiências e compreensão de deveres, que
são pertinentes a ambos os sexos. A intrepidez masculina e a docilidade
feminina são capítulos que dão ao Espírito equilíbrio e harmonia.
Dessa forma, em uma reencarnação pode o
Espírito tomar um corpo masculino e noutra um feminino, ou realizar um vasto
programa de renascimento em um sexo para depois começar os processos
experimentais em outro, sem qualquer prejuízo emocional para a sua estrutura
íntima.
Fadado ao progresso, que é ilimitado, o
Espírito deve vivenciar cada reencarnação enobrecendo as funções de que se
constitui o seu corpo, de modo a desenvolver os valores que lhe dormem em
latência.
Graças à conduta moral em cada polaridade,
mais fácil se lhe torna, quando edificante, escolher o próximo cometimento. No
entanto, quando se permite corromper ou desviar-se do rumo das suas funções,
gera perturbações emocionais e psíquicas que lhe impõem duros processos de
recuperação, de que não se pode furtar com facilidade.
A correta aplicação das forças genésicas
propicia ao Espírito alegria de viver e entusiasmo no desempenho das tarefas
que lhe dizem respeito, constituindo-se emulação para o progresso e a
felicidade.
Nada obstante, o sexo é um dos capítulos mais
complexos de algumas ciências psíquicas, tais a Psicologia, a Psicanálise, a
Psiquiatria, em razão das disfunções e dos desconsertos que ocorrem em muitas
vidas como resultado das experiências atormentadas próximas ou remotas, que
lhes geraram desequilíbrios e desarmonias, hoje refletidos em seu
comportamento.
Valiosos capítulos da Medicina são dedicados
às psicopatologias sexuais, que se apresentam como aberrações morfológicas e
psicológicas, levando o indivíduo a estados graves de conduta e de vida.
Eminentes estudiosos da sexologia vêm
procurando desmistificar as funções sexuais, que a ignorância medieval vestiu
de fantasias e de pecados, gerando perturbações emocionais muito graves nas
criaturas humanas.
Como decorrência da nobre proposta, a
liberação sexual, exagerando as suas licenças morais, vem trazendo transtornos
graves e desarmonias profundas em muitos indivíduos que vivem conflitivamente
em razão das dificuldades para se adaptarem às exigências comportamentais do
momento.
É natural que, num momento de transição de
valores, campeiem o absurdo e o fantasioso, tentando adquirir cidadania moral,
ao tempo em que empurram os cidadãos na direção do fosso da promiscuidade e do
desespero, da fuga pelo tabaco, pelo álcool, pelas drogas aditivas, pela
alucinação, pelo suicídio.
Torna-se indispensável quão imediata uma nova
ética moral, a fim de que os valores nobres granjeados pela sociedade no curso
dos milênios, não se percam no chafurdar das paixões e no desprestígio das
instituições, como o matrimônio, a família, a castidade, a saúde
comportamental, o grupo social.
O matrimônio e a monogamia são conquistas
valiosas logradas pelo ser humano após torpes experiências de convivência
doentia através dos tempos. Tentar reduzi-los a lembranças do passado, é uma
aventura macabra cujas conseqüências são imprevisíveis para a própria
sociedade.
Vive-se, na Terra, a hora do sexo. O sexo
vive na cabeça das pessoas, parecendo haver saído da organização genésica onde
se sedia. Naturalmente, o pensamento é força atuante e desencadeadora da função
sexual. Reduzir o indivíduo apenas às imposições reais ou estimuladas do sexo
em desalinho, conforme vem acontecendo, é transformá-lo em escravo de uma
função pervertida pela mente e atormentada pelas fantasias mórbidas.
O ser humano são os seus valores éticos, suas
aspirações, seus sonhos, suas lutas, suas grandezas e também aprendizagens
dolorosas. Graças a todos esses fenômenos do cotidiano, ele cresce e se
aprimora, saindo dos limites em que se encarcera para os incomparáveis vôos da
amplidão.
Sitiá-lo no gozo sexual e asfixiá-lo nos
vapores da libido perturbada, constitui agressão injustificável às suas
conquistas emocionais, psíquicas e intelectuais, que lhe dão sabedoria para discernir
e para realizar.
Progredindo sempre, o Espírito jamais
retrograda no seu processo reencarnatório. Nada obstante, em razão de conduta
irregular pode estacionar, aguardando reparação dos erros graves cometidos,
quando já não mais se deveria permiti-los.
Nesse desenvolvimento intelecto-moral,
vincula-se àqueles a quem ama ou de quem se distanciou pelo crime e pela
iniquidade, experimentando o apoio dos afetos e a perseguição dos inimigos, que
não o perdoam pelas ofensas de que foram vítimas. É nesse campo de lutas que
surgem as lamentáveis e dolorosas obsessões de graves consequências.
O sexo, mal conduzido, em razão do
envolvimento emocional e das dilacerações espirituais que produz em outrem,
como naquele que o utiliza mal, abre campo para terríveis conúbios obsessivos,
ao mesmo tempo que, praticado de forma vil atrai Espíritos igualmente
atormentados e doentes que se vinculam ao indivíduo, levando-o a processos de
parasitose terrível e de difícil libertação.
Desvios sexuais, aberrações nas práticas do
sexo, condutas extravagantes e desarticuladoras das funções estabelecidas pelas
Leis da Vida, geram perturbações de longo curso, que não se recompõem com
facilidade, senão ao largo de dolorosas reencarnações expungitivas e
purificadoras.
Tormentos da libido e da função sexual têm
suas matrizes nos comportamentos anteriores que o Espírito se permitiu, quando,
em outras reencarnações, abusou da faculdade procriativa, aplicando-a para o
prazer exorbitante, ou explorou pessoas que se lhe tornaram vítimas, estimulou
abortamentos e se permitiu experiências perversas e anormais, ou derrapou nos
excessos com exploração de outras vidas.
Todas essas condutas arbitrárias fixaram-se
nos tecidos sutis do perispírito, impondo necessidades falsas, que agora os
pacientes procuram atender, ampliando o complexo campo de problemas íntimos.
O respeito e a consideração pelas funções
sexuais constituem a melhor terapia preventiva para a manutenção da saúde
moral, assim como o esforço para a recomposição do caráter, quando alguém já se
permitiu corromper, ao lado da terapêutica especializada, fazem-se
imprescindíveis para a conquista da harmonia.
Ninguém se engane quanto aos compromissos do
sexo perante a vida e cuide de não enganar a outrem. Cada um responde sempre
pelo que inspira e pelo que faz. O sexo não foi elaborado para o prazer vulgar,
senão para as emoções superiores na construção das vidas, ou para as sensações
compensativas quando amparado pelas dúlcidas vibrações do amor, mantendo a
afetividade e a alegria de viver.
Neste livro, tentamos fazer um estudo
cuidadoso sobre sexo e obsessão, baseado em fatos reais, que vimos acompanhando
desde há vários anos.
Procuramos suavizar o relato, evitando chocar
alguns leitores menos avisados ou desconhecedores da Doutrina Espírita, porém
evitamos disfarçar a realidade dos acontecimentos, tirando-lhes a legitimidade,
de forma que a nossa mensagem possa alcançar as mentes e os corações
desenovelando-os de diversos conflitos e despertando-os para algumas ocorrências
de parasitose obsessiva em que talvez se encontrem envolvidos.
O padre Mauro ainda se encontra na Terra,
havendo recebido os Espíritos que se reencarnaram para resgates imperiosos e
inadiáveis conforme comprometera-se em nossa esfera de ação espiritual.
O seu lar de crianças deficientes hoje
hospeda inúmeras antigas vítimas suas, que lhe recebem carinho e afeto,
recuperando-se das alucinações que se permitiram, ele mesmo estando em processo
de refazimento espiritual, avançando, porém, para os anos da velhice com paz no
coração e com a consciência tranquilizada em razão do bem que vem executando.
A cidade perversa vem lentamente sendo
esvaziada pelo amor de Deus, já que os seus habitantes, em número bastante
expressivo, encontram-se reencarnados, desde há algumas dezenas de anos, dando
curso às aberrações e hediondezes que se permitiam, quando lá estavam.
A denominada mudança de comportamento dos
anos sessenta, com a liberação sexual, tem muito a ver com a inspiração e
chegada desses Espíritos que estão retornando à Terra, afim de desfrutarem da
oportunidade de renovação antes da grande depuração que experimentará o
planeta, transferindo-se de mundo de provas e de expiações para mundo de
regeneração.
A chance de que desfrutam é-lhes valiosa,
porquanto não sendo aproveitada conforme deverá, cassar-lhes-á outros ensejos,
que somente serão recuperados em outras penosas situações em Orbes inferiores.
Este é, pois, o grande momento para todos
nós, que aspiramos por uma vida melhor e mais ditosa. Reflexionar e agir de
maneira correta em relação às funções sexuais é dever de todo ser que pensa e
que compreende a finalidade da existência humana.
Nesta hora de conturbação moral e de
violência, de agressividade, de aberrações sexuais, de descontrole geral e de
sofrimentos de todo porte, cumpre-nos, a todos, somar esforços em favor dos
princípios da dignidade humana e da honradez, do equilíbrio no comportamento e
da educação das gerações novas, único meio de oferecer ao futuro uma sociedade
menos conturbada e deslindada dos terríveis cipoais da obsessão.
À educação moral cabe a tarefa de construir
um novo homem e uma nova mulher, que formarão uma nova e saudável sociedade
para o porvir.
Como doutrina de educação o Espiritismo
oferece os melhores recursos e métodos para esse cometimento, colocando à
disposição de todo e qualquer investigador o seu patrimônio de informações e o
seu excelente laboratório mediúnico, para que ali encontrem o conforto e a
coragem necessários para o enfrentamento que se apresenta em todos os
instantes, no qual, por enquanto, têm predominado o vulgar e o perverso, embora
os nobilíssimos exemplos de dignificação e nobreza de incontáveis cidadãos
dedicados ao bem e ao dever.
Reconheço que alguns companheiros de lide
espírita e outros vinculados a diferentes crenças religiosas e diversas
filosofias de comportamento dirão que o nosso é um livro de fantasias e
destituído de qualquer sentido literário ou cultural. Não entraremos no mérito
da opinião, que todos têm o direito de sentir e mesmo de expressar.
Cada qual fala daquilo de que está cheio o
seu coração e iluminado o seu sentimento. Havendo fruído a oportunidade das
experiências que aqui relatamos em síntese, sentimo-nos felicitados pelo imenso
prazer de haver concluído este trabalho, e poder ofertá-lo aos que são simples
e puros de coração, que anelam e trabalham por um mundo melhor e por uma
sociedade muito feliz, vivendo, desde hoje, os dias venturosos do futuro,
porque entregues aos ideais de plenificação sob a égide de Jesus Cristo, o
Modelo e Guia da Humanidade.
Salvador, 24 de junho de 2002.
Manoel Philomeno de Miranda
Compilado por Harmonia Espiritual
Livro.: Sexo e Obsessão
Autor.: Manoel P. de Miranda (espírito) e
Divaldo P. Franco