Miramez - Capítulo 77 do livro Médiuns

Capítulo 77 – Problemas do Médium

Fortalecendo as almas dos discípulos,
exortando-os a permanecer firmes na fé;
e mostrando que, através de muitas tribulações,
nos importa entrar no meio de Deus. (Atos, 14:22)

O médium cristão se firma como tal pela probidade da sua função. Mesmo nos mais difíceis problemas, dá o exemplo do que fala para os outros.

Mesmo que o seu campo de idéias não tenha sido controlado com eficiência, constitui seu dever o de nunca parar de se esforçar para que o seu ministério seja abençoado pela consciência em Cristo.

O médium é um homem entre os outros homens, e tem as mesmas dificuldades no percurso da vida. Encontra os mesmos problemas, para que trave, como bom cidadão, a luta, aquela luta do homem de bem, de vencer a si mesmo nos mais variados impulsos instilados pelos instintos inferiores.

A luta se faz em todos os campos, principalmente no lar. O lar pode ser um jardim, como falam alguns escritores e poetas, dentro do qual poderemos colher as mais lindas flores, mas nunca deixa de, visivelmente, mostrar suas dificuldades, como os espinhos da incompreensão, as arestas da vingança e, por vezes, a aridez da maledicência.

Se pensarmos, antes da formação do ninho familiar, somente nas inconveniências que poderão advir, talvez esmoreçamos, pois muitas são elas, a arrastarem-nos nas quedas diversas. Todavia, caso enfrentemos a luta, com perseverança, até o fim, sairemos vencedores contra o eu inferior.

Qual o médium que não tem problemas? Em casa, no serviço, nos trabalhos de caridade e nas conversações informais? São inumeráveis, por serem acrescidos dos de ordem espiritual.

Quem exercita os dons que possui, deve estar capacitado para suportar a crítica, principalmente no seio dos companheiros. Deve aparelhar os ouvidos para escutar frases indecorosas e indesejáveis.

Quantos vêm à procura com casos que escapam à sua função mediúnica, e que desejam soluções rápidas?

Quantos enfermos que já passaram por inúmeras clínicas, sem resultado satisfatório, cujos organismos se encontram intumescidos de drogas, já conhecidos em muitos hospitais, e quando visitam o médium, pela primeira vez, exigem cura instantânea?


São, verdadeiramente, problemas exteriores, mas que requerem o interior harmônico do sensitivo. O mais indicado para a solução desses problemas é recomendar livros que possam convidar os doentes a modificarem o modo como pensam.

E cada vez que os médiuns se encontrarem com essas pessoas, devem estimulá-las ao trabalho da beneficência, seja qual for o seu tamanho.

Se algum deles já praticam alguma caridade, que estejam preparados para aceitar a ausência de gratidão e de humildade, por parte daqueles que recebem os benefícios.

Não deixemos, meus irmãos, a impaciência dos sofredores esmorecer-nos, como trabalhadores de Cristo, porque, discípulo nenhum de Jesus o foi, sem as marcas do espinho na carne.

Juntos de quem chora, estimulemos a esperança; juntos de quem duvida, sustentemos a fé. E lado a lado com quem pára, exemplifiquemos o trabalho.

Arregimentemos energias no campo de força que a oração estabelece, e avancemos com otimismo. Suspendamos as nossas emoções ao nível da esperança e deixemos que de nós partam raios de luz em todas as direções, sem a preocupação de sabermos quem são os beneficiados.

Se com todo o nosso esforço no bem ainda restarem dentro de nós alguns problemas, não nos deixemos dominar por eles. Por certo, estão prestes a desaparecer. Não falemos neles.

Difundir os nossos problemas íntimos é aumentar as nossas dificuldades; repetir as nossas preocupações é esquecer a esperança. O sensitivo consciente do seu dever cristão junto à coletividade se converte em luz, mesmo que seus pés perpassem nos caminhos das trevas.

O médium não deve se preocupar com a vida de outros médiuns, no sentido de desaprovar o que eles fazem. Cada um tem sua oficina de trabalho dentro daquilo que pode ou não fazer.

O tempo que perde analisando os outros, deve aproveitá-lo fazendo isso consigo mesmo, que encontrará modificações a fazer em relação ao seu caráter, pois uma ou duas existências são pouco para a corrigenda.

Quando a sua vaidade o leva a observar a vida alheia, o seu orgulho o cega para não ver o pior em si mesmo. A propósito, eis o que diz Paulo:

Fortalecendo as almas dos discípulos,
exortando-os a permanecer firmes na fé;
e mostrando que, através de muitas tribulações,
nos importa entrar no meio de Deus. (Atos, 14:22)