Capítulo 76 – O Dom de servir
Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que sirvamos em novidade de Espírito e não na caducidade da letra. (Romanos, 7:6)
Depois que colocamos inconexos com o ambiente da ignorância, passamos a viver mais para o Espírito, e o dom de servir desdobra-se em nós e por nós, com maior relevância.
O aprimoramento espiritual liberta-nos da lei, e nos livra da corrigenda que o erro nos impõe. Atingir o desenvolvimento é alcançar mais plenitude, dilatando os dons espirituais em nós, em benefício dos outros.
A mediunidade de que falamos é aquela que não cessa de ser útil, em todas as diretrizes. Quem sente alegria na ajuda aos outros está plantando o bem em si mesmo, e começando a desligar os laços das trevas a que se prendia.
No entanto, não deve estipular nada em troca, para que a ação benfeitora não se desfigure, afastando-se da verdadeira beneficência.
Se estamos escrevendo para os médiuns, ou conversando com eles na intimidade, é justo que se anote que a imposição aqui não existe; somente convites para que meditem sobre todos os assuntos ventilados nestas páginas, onde colocamos todo o coração e a inteligência, se assim podemos dizer, a serviço do servir.
O que nos propomos nestes escritos, e para isso trabalhamos, é nos libertarmos das reações da lei, no tocante ao mal, ou ao que chamam de erro e pecado. E para que isso aconteça, devemos vigiar as atitudes, analisar as idéias, selecioná-las, educar o verbo e disciplinar os impulsos.
Quando encontramos uma criatura esticando todos os seus esforços para melhorar diante de Jesus, para ajudar os semelhantes na dinâmica dos seus próprios recursos, procurando estender o dom de servir sem exigências, e seu esforço é permanente, eis que nos aliamos a ela, dentro da lei que nos deixa participar até o ponto que se chama limite.
A oportunidade que todos temos de servir é como se o bem viesse à nossa procura. Fazer-nos esquecidos do impulso da caridade congênita da alma é alimentar a usura e o egoísmo, é esquecer-nos de nós mesmos, que residimos também dentro dos outros.
Liberdade! Liberdade! Quem não a procura? Todavia, ela nos experimenta. Faz-se indispensável que a respeitemos, porque se infringirmos a sua área, estaremos sujeitos a nos prendermos nas malhas da invigilância, distanciando-nos da meta almejada.
Mediunidade com Jesus significa servir intensamente, para que o bem se expanda, em todos os rumos, sem que o doador espere galardão, a não ser o de servir, para conquistar o prazer de servir, tendo por alicerce a orientação evangélica.
Não falamos do servir segundo a letra que, no dizer do próprio Evangelho, mata; mas, segundo o Espírito, que vivifica. Assim procedendo, estaremos, de fato, libertando-nos da antiga lei de justiça, adentrando, soberana e definitivamente, no reinado da lei do amor, consubstanciada no dom de servir.
Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que sirvamos em novidade de Espírito e não na caducidade da letra. (Romanos, 7:6)