Profecias

O que são e como ocorrem as premonições e pressentimentos? De que forma o homem pode se  beneficiar das mensagens proféticas?

Revista Caminho Espiritual
Por Edvaldo Kulcheski

Se a lembrança das vidas passadas e o conhecimento do futuro fossem de essencial importância para o pregresso do homem encarnado, a natureza teria nos dotado de um sentido para tal.

De acordo com o “Livro dos Espíritos”, em principio, o futuro é oculto ao homem e só em casos raros e excepcionais Deus permite que seja revelado.

A finalidade de se conservar o futuro oculto ao ser humano reside no fato de que, se conhecêssemos, negligenciaríamos o presente e não agiríamos com a liberdade que agimos, porque nos dominaria a idéia de que, se uma coisa tem de ocorrer, inútil será ocupar-se com ela, ou então, procuraríamos impedir que tal coisa não acontecesse.

A certeza de um acontecimento venturoso nos lançaria na animação e a de um acontecimento infeliz, nos encheria de desânimo.

O livre-arbítrio

Não podemos esquecer que uma das provas pela qual o espírito passa é a do livre-arbítrio. Se nossa liberdade de agir fosse influenciada por alguma coisa, a ponto de entravá-la, a responsabilidade da ação seria menor ou nula.

Por isso, é que tanto o nosso passado espiritual quanto o conhecimento sobre o nosso futuro só são revelados em casos excepcionais e de forma natural, e isso quando o conhecimento prévio facilite a execução de alguma coisa.

Além de tudo, nunca devemos nos esquecer de que, assim como os acontecimentos do presente podem ter sua causa em encarnações passadas, os acontecimentos do futuro têm como base as nossas ações presentes. É a lei de Ação e Reação.

Assim, não há razões para o homem viver em busca de informações sobre seu futuro. Tal atitude revela falta de confiança nos desígnios divinos.

O que ocorre é que, na maioria das vezes, encontrará exploradores e enganadores da boa-fé alheia. Se cremos em Deus e cremo-lo justo e infinitamente bom, nada melhor que, em todos os lances da vida, exercitarmos a confiança irrestrita nele.

Cada existência é planejada, com antecedência, no plano espiritual, antes da reencarnação. Exceto nos casos de reencarnação compulsória, a duração da existência, saúde, doenças mais sérias, riqueza ou pobreza fazem parte do nosso planejamento.

E todos os espíritos reencarnam com o objetivo de progredir, de só fazer o bem e de reparar os erros cometidos em outras existências. Ninguém vem a Terra para fazer o mal.

Depois de reencarnados, os espíritos conservam o livre-arbítrio, podem desviar-se dos rumos traçados no mundo espiritual, abandonar os planos de trabalhar pelo próprio aperfeiçoamento e desviarem-se para o caminho do mal.

Os espíritos mais imperfeitos correm maior risco de cometer tais desvios, enquanto os que já conquistaram certas qualidades costumam cumprir os planos traçados antes da reencarnação. Deus não intervém. Deixa que suas leis se cumpram no momento oportuno.

Ensina-nos Allan Kardec: “A prosperidade do mau não é senão momentânea, e se ele não expia hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre, está expiando o passado”. (O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo V, item 6).

Quanto mais evoluirmos, mais teremos livre-arbítrio e, na mesma proporção, diminuirá o determinismo sobre nós. As nações, assim como as sociedades e os indivíduos, têm a sua liberdade de ação, de onde resulta o mérito ou demérito de cada um.

Grande é a liberdade individual, maior é a das sociedades e ainda mais ampla é a das nações. Todos nós só colheremos, no futuro, os frutos das sementes que semearmos hoje. Serão bons frutos quando semearmos bons frutos, serão maus frutos quando forem más as sementes.

Fica claro, pois, que o próprio espírito, utilizando o livre-arbítrio que Deus concede a todos, escolhe a sua trajetória de deslizes e crimes hoje e grandes sofrimentos no futuro, ou de aprendizado, lutas e, talvez, sofrimentos hoje, mas felicidade no futuro.

Premonição e pressentimento

O pai do piloto do Fokker 100 que caiu, em São Paulo, matando mais de 100 pessoas, contou e repetiu, na televisão, que sonhara na véspera com o pavoroso desastre, ficando muito impressionado e comentando a visão com familiares e amigos.

Também a mulher de um passageiro declarou que sua filha pequena despertara e lhe dissera que o pai não voltaria mais, pois, o avião em que viajava caíra. Daí a pouco, assistia à catástrofe na televisão.

Comprovadamente, a premonição sempre existiu. Mas o que é, e como e por que acontece? Quando o homem dorme, seu espírito deixa o corpo, sem, contudo, dele se desligar, e é nessa ocasião que, às vezes vislumbra o futuro próximo, com maior ou menor clareza. Ao despertar, imaginará tratar-se de um sonho ou pesadelo. A isso chamamos “aviso ou premonição”.

O espírito Adolfo Bezerra de Menezes, no livro “Recordações da Mediunidade” psicografado por Yvonne Pereira, edição da Federação Espírita Brasileira, explica que tais possibilidades derivam de uma faculdade psíquica que possuímos.

A premonição não existe no mesmo grau em todas as criaturas, embora seja disposição comum a qualquer ser humano.

O pressentimento é o conselho íntimo e oculto de um espírito que nos dedica afeição, decorrente da escolha que se tenha feito: antes de reencarnar, o espírito tem conhecimento das várias fases da sua nova existência, isto é, dos principais gêneros de provas a que vai se entregar.

Lemos na Bíblia que José, por exemplo, foi avisado por um anjo que, aparecendo-lhe em sonho, o aconselhou fugir de Herodes, para o Egito, com Jesus. Os avisos por meio de sonhos são comuns nos livros sagrados de todas as religiões.

Sabemos que o tempo do sono é aquele em que o espírito, desprendendo-se dos laços materiais, “entra” momentaneamente no mundo espiritual, onde se encontra com conhecidos de outras encarnações.

Esse instante é, muitas vezes, escolhido pelos espíritos protetores para se manifestarem aos seus protegidos e dar-lhes conselhos mais diretos.

A aceitação dos textos bíblicos ao pé da letra tem levado parcela significativa da Humanidade a ter a convicção de que haverá uma segunda vinda de Jesus à Terra, desta vez, para separar os eleitos do seu reino.

Que todas as mudanças ocorreram de forma brusca e violenta. É a síndrome do juízo final e do fim do mundo. Entretanto, Allan Kardec nos recomenda cautela. A doutrina espírita nos ensina que o progresso se processa de acordo com as leis imutáveis criadas por Deus.

Em “A Gênese”, Kardec esclarece que as mudanças se realizam de duas maneiras: “uma gradual, lenta, imperceptível; outra, por movimentos relativamente bruscos”.

Certamente, a forma que ocorrerão essas mudanças anunciadas dependerão muito do rumo que a humanidade estiver seguindo.

Trata-se de um movimento a operar-se no sentido do progresso moral, durante o qual a rebeldia humana, pelo acúmulo de faltas e pelo predomínio do orgulho e do egoísmo, em muitos séculos, precisa ser refreada, em benefício dos próprios homens, antes que novos débitos venham agravar a situação espiritual do planeta.

Portanto, as mudanças mais profundas ocorrerão no comportamento dos seus habitantes, que passarão a se conduzir pelas Leis Divinas.

Os espíritos recalcitrantes no mal não poderão reencarnar mais neste planeta. Irão para mundos primitivos, onde expiarão os débitos contraídos aqui. No lugar destes espíritos, reencarnarão outros com propensão para o bem.

O que são profecias

Por que existem essas percepções do futuro? É um aviso, uma advertência de que algo muito provável, mas não certo, poderá acontecer. É um aviso de que as coisas ficarão pior se não houver um mudança de rumo.

Para entendermos o mecanismo das previsões, temos que, primeiramente, entender que tudo o que já passamos e o que projetamos para o futuro está gravado na nossa mente. Como alicerce de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial.

Entretanto, ele é matéria – matéria sutil – em que as leis de formação das cargas magnéticas ou de atração prevalecem. Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou estados de agitação pelos impulsos da vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria.

A matéria mental dos seres se graduam nos mais diversos tipos de onda, passando pelas oscilações curtas, médias e longas.

A indução mental significa o processo através do qual um corpo que detenha propriedades eletromagnéticas pode transmiti-las a outro corpo sem contato visível. No reino dos poderes mentais, a indução exprime processo idêntico.

Emitindo uma idéia, essa se “corporifica” com intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-la. É nessa projeção de forças que se movimenta o espírito no mundo das “formas-pensamentos”, construções substanciais na esfera da alma.

Nossos pensamentos formam ondas eletromagnéticas. Sabemos que matéria é energia condensada. Portanto, nossos pensamentos são energias, que, inclusive, criam as formas-pensamento que atuam nos planos mais sutis.

Entre nós, existem pessoas com capacidade perceptiva de visualizar o que está em nosso campo mental, ou seja, captam o passado que está armazenado em nosso inconsciente ou o futuro que está em fase de planejamento (em formas-ideias ou formas-pensamento plasmadas ao nosso redor).

Se, hoje, eu consultar um médium que tenha a capacidade de “ler o futuro”, e estiver tudo em paz com meus pensamentos, ele irá fazer um ótimo prognóstico de minhas projeções futuras.

Mas, se amanhã eu passar por um sério aborrecimento que afete meu estado mental e, novamente, consultar o mesmo médium, com certeza o prognóstico de minhas projeções futuras será outro.

Na verdade, o futuro acessado por meio de formas-pensamento existe apenas em uma espécie de mundo virtual, não real, porque não aconteceu ainda, e poderá nunca acontecer, porque pode ser mudado. Nossas projeções de futuro são muito dinâmicas, podem mudar de minuto a minuto.

Esse futuro virtual faz parte de tudo o que mentalizamos; nossos planos, metas, enfim, tudo o que pensamos. Por isso se diz que, quando se quer alguma coisa, temos de pensar, mentalizar, para que aquilo se materialize.

Um espírito também pode captar das pessoas os dados mentais referentes ao passado e ao futuro e repassá-los para o médium nas diversas formas de mediunidade, tais como, audiência, psicofonia, psicografia, etc.

Não existem definições antecipadas dos destinos dos indivíduos, das sociedades, das nações. O que existe são planos para novas etapas de progresso, que são preliminarmente traçados, depois, acompanhados e avaliados e, quando necessário, se fazem ajustes para que as metas evolutivas sejam atingidas.

Cada individuo, cada cidade, cada nação, cada planeta tem espíritos protetores que ajudam a traçar os planos, fazem o acompanhamento, avaliam a evolução e, muitas vezes, fazem as correções do rumo. Foi de uma destas avaliações siderais que o apóstolo João participou.

As visões de João

João achava-se na ilha de Patmos, por causa difusão da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. Certo dia, achava-se em espírito (projeção astral) e ouviu por detrás uma grande voz. Voltou-se para ver quem falava e viu...

Assim como nós podemos prever, da árvore que hoje nasce, o tempo da frutificação, a qualidade dos seus frutos, ou que, se continuar a poluição dos rios faltará água, igualmente os espíritos podem perceber uma parcela considerável do futuro e deduzir acontecimentos.

Em cada espírito se assinala o “dom da previsão”!, uns tem em pequena escala, outros têm maior capacidade, de acordo com a sua evolução ou missão. Se uma profecia que estava prevista não acontece, é porque a humanidade entendeu as advertências e mudou de rumo.

Se atentarmos bem, vamos ver o quanto aumentou a busca pela espiritualidade. Nunca se falou tanto em amor, em ecologia, etc. Se continuarmos assim, não haverá a necessidade de mudanças bruscas.

A impressão que se tem é que a humanidade não está muito bem, mas isso acontece por causa da mídia, que veicula mas as coisas negativas que acontecem, mas tenhamos a certeza de que existem muito mais coisas boas acontecendo do que as ruins.

Quando a pessoa tem certa maturidade, não se preocupando com as profecias, buscará trabalhar mais intensamente sua reforma íntima para que, se for necessário passar por momentos mais difíceis, esteja preparada. Quando a pessoa não tem preparo, passa a duvidar de Deus e ter medo, e esse medo a leva ao desânimo.

Temos de fazer o que for preciso, não interessando como estejamos – encarnados ou desencarnadosO importante é estarmos ao lado do bem. Como disse Jesus: ”Amai-vos uns aos outros”.