Nas Fronteiras Da Loucura – 3 Parte

Nas Fronteiras Da Loucura
Manoel P. de Miranda - Divaldo Pereira Franco
Centro Espírita Nosso Lar – Grupo de Estudos das obras
de André Luiz e de Manoel Philomeno de Miranda.

10. Terapia desobsessiva

De acordo com o quadro da alienação, variam os recursos terapêuticos. Em primeiro lugar, é preciso compre­ender que o agente (o obsessor) é um ser que pensa e age movido por uma razão que lhe parece justa.

O principal mister deve ser, pois, concentrar no desencarnado as atenções, tratando-o com bondade e res­peito. Conquistar para a íntima renovação o agente infeliz, eis o pri­meiro definitivo passo.

Devemos evitar a discussão inoperante, mos­trando, ao contrário, nosso interesse amoroso pelo bem-estar do outro, que terminar  por envolver-se em ondas de confiança e harmonia, de que se beneficiará, mudando de atitude em relação aos propósitos mantidos até então.

Simultaneamente, educar à luz do Evangelho o paciente, insistindo junto a ele, com afabilidade, pela transformação moral, com o que se criarão condições psíquicas harmônicas com que se refará  emo­cionalmente.

É importante atraí-lo também a ações dignificantes e de beneficência, com que granjeará  simpatias e vibrações positivas, que o fortalecerão, mudando o seu campo psíquico.

Outra providência é esti­mular-lhe o hábito da oração e da leitura edificante, trabalhando-lhe, ao mesmo tempo, o caráter, que se deve tornar maleável ao bem e refra­tário ao vício.

Ao lado dessa psicoterapia, é necessária a aplicação dos recursos fluídicos, seja através do passe ou da  água magnetizada, e da oração intercessória, com que se vitalizam os núcleos geradores de forças, com o poder de desconectar os "plugs" das respectivas ma­trizes, de modo a que o endividado se reabilite perante a Consciência Cósmica pela aplicação dos valores e serviços dignificadores.

Não ocor­rem milagres em misteres como esse. O acontecimento tido por mira­culoso, quando parece suceder, é o resultado de uma ação muito bem programada, cujas causas não são necessariamente conhecidas.

Toda pes­soa que deseje contribuir na esfera do socorro desobsessivo, não deve descurar-se da conduta íntima, nem das suas ligações com o Plano Espi­ritual Superior, donde fluem os recursos lenificadores, salutares, para os cometimentos do amor.

Recordando Jesus, diante dos obsidiados e dos obsessores, busquemos a sua ajuda e inspiração na condição elevada que Ele ocupa como "Senhor dos Espíritos". (Análise das Obsessões, pp. 17 e 18)

11. Um dia de Carnaval

O autor descreve uma se­gunda-feira típica de Carnaval, com todas as suas loucuras e imprevi­dências. As mentes haviam produzido no ambiente uma psicosfera pesti­lenta, na qual se nutriam vibriões psíquicos, formas-pensamento de mistura com Entidades perversas, viciadas e dependentes, em espetáculo deprimente. As duas populações (a física e a espiritual, em perfeita sintonia), misturavam-se, sustentando-se, em simbiose psíquica.

Equipes operosas de trabalhadores espirituais revezavam-se, infatigáveis, procurando diminuir o índice de desvarios e de suicídios.

Desde as vésperas haviam sido instalados, no plano espiritual, postos de socorro para recolhimento de desencarnados que se acumpliciavam naqueles desatinos. As atividades ali faziam recordar um campo de guerra, em que os litigantes mais se compraziam em ferir, malsinar, destruir.

As loucuras do Carnaval pesavam sobremaneira sobre a cidade. Foi então que dedicado auxiliar do Dr. Bezerra de Menezes (que ali operava, à frente de expressiva equipe de médicos e enfermeiros) trouxe-lhe a informação de que fora captada uma solicitação veemente, de urgência, a ele dirigida, nominalmente. (Cap. 1, pp. 19 a 21)

12. A prece nunca fica sem resposta

Anotando o endereço da requerente, Dr. Bezer­ra dirigiu-se até lá , acompanhado por Manoel P. de Miranda. Tratava-se de residência agradável, que apresentava irradiações mentais equili­bradas e parecia erguida sobre os alicerces da honradez e do equilí­brio.

Num dos quartos, uma senhora de pouco mais de cinqüenta anos, ajoe­lhada, orava. Era uma pessoa virtuosa, a irradiar uma luz opalina (cor leitosa e azulada), que variava para o tom azul-violáceo, denotando sua perfeita consciência espiritual na prece afervorada.

A mulher pedia ao Senhor fosse concedida permissão ao Dr. Bezerra de Menezes para socorrer sua filha, internada em Sanatório situado naquela cidade. Envolvendo-a em terna vibração de afeto, Bezerra falou-lhe psiquicamente: "A tua oração foi ouvida. Confia e espera. Agora, deita-te e repousa. O Mag­nânimo Pai nunca deixa sem resposta o pedido de um filho obediente".

Em seguida, o amorável apóstolo da caridade explicou que aquela irmã era portadora de inumeráveis títulos de benemerência, o que a creden­ciava a ter seu pedido examinado.

"O bem (explicou Bezerra) possui uma linguagem universal, nos dicionários de Deus, produzindo valores que se podem utilizar em toda parte, mercê dos câmbios divinos." E ajuntou: "A oração, a seu turno, é taxa de luz e força que permite o intercâmbio dos valores a benefício de quem a utiliza com probidade e elevação". (Cap. 1, pp. 21 a 23)

13. O homem é o somatório de seus anelos e realizações

A caminho do Sanatório, Manoel P. de Miranda refere-se às penosas vibrações de desconcerto psíquico do ambiente, informando que as condensações que pairavam no ar, pela densidade pastosa, escura, causavam-lhes mal-estar. Era noite de Carnaval e a população invisível ao olhar humano se fazia acentuadamente maior, no tresvariar das fortes sensações de que eles, Espíritos, não se haviam libertado com a morte.

Disputavam entre si, como chacais, a vampirização das vítimas inermes, telecomandadas; estimulavam a sensibilidade e as libações alcoólicas de que participavam; ingeriam drogas, que seus comparsas físicos, verdadeiros intermediários submissos, patrocinavam. Difícil distinguir, ali, se os homens eram cópia rude das faces aberrantes dos desencarnados ou se estes os imitavam, tal a sintonia e o perfeito intercâmbio sustentado.

Dr. Bezerra explicou: "Miranda, onde a criatura coloque suas aspirações, aí encontra intercâmbio. O homem é o somatório dos seus anelos e realizações. Enquanto não elabore mais altas necessidades íntimas, demorar-se-á nas permutas grosseiras da faixa dos instintos primários. Em razão disso, a Humanidade padece de carências urgentes nas  áreas rudimentares da vida.

Deixando-se martirizar pelos desejos inconfessáveis, ainda não se resolveu por uma conduta, realmente emocional, que lhe permita o trabalho íntimo de desembaraçar-se das sensações que respondem pelos interesses grosseiros, geradores das lutas pela posse com a predominância do egoísmo".

O Benfeitor Espiritual disse então que a fixação das paisagens sombrias desacostuma a percepção estética para as visões harmônicas da Natureza. De igual modo, experimentando o homem as impressões do prazer selvagem, desinteressa-se pela aquisição dos valores estéticos e liberativos da alma.

"A transposição de planos e aspirações, enquanto se está  na  área da sofreguidão e do exagero carnal, somente ocorre a pesado tributo de dor e a fortes aguilhoadas da aflição", afirmou  Dr. Bezerra. (Cap. 2, pp. 24 e 25)

14. O fatalismo da vida é para o bem

Dr. Bezerra esclareceu que toda ascensão exige a colaboração do sacrifício, ao lado das renún­cias. "A visão dos amplos horizontes coloridos somente é lograda após a vitória sobre as baixadas sombrias e as veredas tortuosas. O fata­lismo da vida é para o bem e a destinação é para a felicidade. Conse­gui-los ao impulso do amor ou conquistá-los a penas de sofrimentos são as escolhas únicas que se terão para fazer."

O generoso instrutor in­formou que até agora a conquista do belo e a liberação dos vícios têm sido desafios para os Espíritos fortes, que marcham à frente, desper­tando os da retaguarda, anestesiados na ilusão e agrilhoados aos pra­zeres aliciantes, venenosos, mas advertiu:

"Não nos cabe, todavia, du­vidar da vitória do amor e do êxito que todos conseguirão hoje ou mais tarde. Auxiliá-los a desvencilhar-se das fortes amarras que os infeli­citam e convidá-los à experiência da renovação constituem os nossos deveres de agora.

Em conseqüência, o nosso céu tem seus limites nas aberturas dos sofredores à vida, ensejando-nos ampliá-lo ao infinito, no qual eles também desfrutem de esperança e paz".

Quando essa frase foi dita, Dr. Bezerra e Manoel P. de Miranda chegavam ao Nosocômio Psiquiátrico. A movimentação dos Espíritos era ali acentuada. Vítimas e algozes de hoje, renovando os dramas do passado, estarreciam à pri­meira vista.

Nenhuma descrição conseguiria retratar a tormentosa realidade. Ao lado deles, porém, como sempre ocorre, notava-se igual­mente a presença de Entidades Benfeitoras, que se especializaram no socorro aos alienados de ambos os planos da vida, participando dos misteres da caridade fraternal, ungidos de amor e profundo respeito às vítimas dos próprios engodos.

Gentil enfermeira os recebeu, levando-os de imediato à presença de nobre Entidade, responsável direto pelos serviços espirituais que ali se movimentavam. Aquele amigo fora, na Terra, discípulo das teorias de Freud, a que se aferrava, tentando ex­plicar a patogênese da grande maioria das alienações mentais conforme o esquema do ilustre médico austríaco.

Excelente trabalhador da saúde mental, naquela mesma cidade, ao desencarnar e constatar de viu a re­alidade espiritual, ofereceu-se a prosseguir laborando na Casa onde antes trabalhara com afinco e abnegação. Dirigia então expressiva equipe de antigos médicos, enfermeiros e futuros estudantes das ciên­cias da alma, que se reencarnariam com tarefas específicas nesse campo. (Cap. 2, pp. 25 e 26)

“A publicação do estudo continuará
nas próximas semanas”