Atos dos Apóstolos

O livro Atos dos Apóstolos foi escrito provavelmente entre o ano de 61 e 63 depois de Cristo. Sua autoria é atribuída ao evangelista Lucas, tendo sido escrito como o segundo volume de uma obra com duas partes, da qual a primeira é o Evangelho de Lucas.

Acredita-se que Lucas era um médico, educado, que nunca conheceu Jesus pessoalmente e que falava Grego e Latim. O livro de Atos termina abruptamente com Paulo de Tarso em seu segundo ano na prisão de Roma. Lucas não dá informação sobre o martírio do apóstolo Paulo de Tarso que morreu decapitado dois anos após a sua prisão.

Os eruditos acreditam que Lucas teria incluído acontecimentos importantes se tivesse escrito depois do ano 64, como as perseguições empreendidas por Nero (64 a 68) ou a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.

A espiritualidade dos Apóstolos: A espiritualidade dos primeiros cristãos, é modelo para todos nós: Dia após dia, unânimes, freqüentavam assiduamente o Templo (Atos 2:46). Na convivência fraterna, demonstravam o amor de Jesus Cristo ressuscitado através da partilha e do perdão.

O texto que poderíamos utilizar como reflexão, seria o capítulo 3 dos Atos, que fala da renovação de todas as coisas (Atos 3, 21). É somente através de uma autêntica conversão que preparamos o caminho para a vinda do Senhor em nossa vida, em nosso meio.

Pedro e Paulo de Tarso são modelos para todos os Cristãos, pois, fizeram a experiência da conversão, ou seja, da adesão ao projeto de Jesus Cristo.

Destinatário do Livro dos Atos: O livro Atos dos apóstolos é dirigido a uma pessoa específica, (Teófilo). Embora tivesse escrito para alguém específico, muitos acreditam que ele tenha se dirigido a todos os que amam a Deus, uma vez que Teófilo significa aquele que ama a Deus.

De qualquer modo, Lucas escreveu Atos para que pudesse ser lido por muitos. Esses leitores tinham familiaridade com o Império Romano e com a Ásia Menor, mas talvez não com a Palestina, o que explicaria a informação cuidadosamente detalhada de Lucas sobre determinados lugares.

Justamente devido à tradução do nome Teófilo, alguns pensam que esta carta era aberta e não a um indivíduo que se chamava assim. Este livro é importante por mostrar um dos acontecimentos importantes da história do Cristianismo o Concílio de Jerusalém.

Principais acontecimentos: O Livro de Atos inicia-se com a ascensão de Jesus Cristo, o qual determinou aos seus discípulos que permanecessem em Jerusalém até que fossem revestidos com uma “unção celestial” que é descrita nos fatos ocorridos durante o dia de Pentecostes.

Os capítulos seguintes relatam os primeiros momentos da igreja primitiva na Palestina sob a liderança de Pedro, as primeiras conversões de Judeus e depois dos Gentios, o violento martírio de Estêvão por apedrejamento.

A conversão do perseguidor Saulo de Tarso (Paulo) que se torna a partir de então um apóstolo, mencionando depois as missões deste pelas regiões orientais do mundo romano, mais precisamente pela Ásia Menor, Grécia e Macedônia, culminando com a sua prisão e julgamento quando retorna para Jerusalém e, finalmente, fala sobre sua viagem para Roma.

Pode-se dizer que do começo até o verso 25 do capítulo 12, o Livro de Atos dá um enfoque maior ao ministério de Pedro, em que, depois da ressurreição de Jesus Cristo e do Pentecostes, o apóstolo pregou corajosamente e realizou muitos milagres, relatando, em síntese, o estabelecimento e a expansão da Igreja pelas regiões da Judéia e de Samaria, seguindo para alguns países da Ásia Menor.

Já a outra metade da obra centraliza-se mais no ministério de Paulo (do capítulo 13 ao final) e poderia ser subdividido em seis partes: 1. A primeira viagem liderada por Paulo e Barnabé; 2. O Concílio de Jerusalém; 3. A terceira viagem de Paulo em que o Evangelho é levado à Europa; 4. A terceira viagem missionária; 5. O julgamento de Paulo; 6. A viagem de Paulo a Roma.

Importante destacar que no livro de Atos é narrada a rejeição contínua do Evangelho pela maioria dos judeus, o que levou à proclamação das Boas Novas aos povos gentios, principalmente por Paulo de Tarso.

Estabelecimento da igreja: Narra o livro de Atos que, antes de subir aos céus, Jesus determinou aos seus discípulos que permanecessem em Jerusalém até que recebessem o poder do alto através do Espírito Santo (Espírito bom) e que a partir de então eles se tornariam suas testemunhas até os confins da terra.

Com a descida do Espírito Santo (Espírito Bom) no dia de Pentecostes, ocorre uma experiência sobrenatural em que os judeus de outras nacionalidades que estavam presentes na festa ouviram os discípulos falando em seus próprios idiomas, o que chamou a atenção de uma multidão de pessoas para o local onde estavam reunidos.

Corajosamente, Pedro inicia um discurso explicando o motivo do acontecimento em que três mil pessoas são convertidas para o cristianismo. Todos foram batizados, passando a congregar levando uma vida de comunitária de muita oração onde se presenciavam prodígios e milagres feitos pelos apóstolos.

De acordo com os versos 42 a 44 do capítulo 2, os cristãos primitivos tinham todos os seus bens em comum, o que parece ter se mantido por anos na Igreja de Jerusalém. Já os versos 32 a 37 do capítulo 4 informam que ninguém considerava exclusivamente sua nenhuma das coisas que possuía e que os que eram donos de propriedades vendiam suas terras ou casas e depositavam o valor da venda perante os apóstolos para que houvesse distribuição entre os que tinham necessidades materiais.

Um milagre importante, a cura de um homem coxo de nascença que pedia esmola na porta do Templo, é relatado logo no capítulo 3 do livro o que provoca a prisão de Pedro e do Apóstolo João que são trazidos perante o Sinédrio.

Repreendidos pelas autoridades judaicas para que não pregassem mais no nome de Jesus, os dois apóstolos, os quais responderam que estavam praticando a vontade de Deus e não dos homens são presos. Porém, com o parecer dado pelo Rabino Gamaliel, o Sinédrio resolve libertar Pedro e os demais, depois de castigá-los com açoites.

Novas prisões dos apóstolos ocorrem no livro de Atos, pois o crescimento da Igreja incomodava o sumo sacerdote e a seita dos Saduceus, conforme é narrado nos versos de 17 a 42 do capítulo 5 da obra. Com o crescimento do número de discípulos, é instituído o cargo de Diácono para ajudar nas atividades da Igreja, entre os quais estavam Estêvão e Filipe (o Evangelista) que muito se destacaram em seus ministérios. Porém, Estevão é preso, conduzido ao Sinédrio e condenado à morte.

As primeiras perseguições: Após o apedrejamento de Estevão, Saulo de Tarso (Paulo) empreende uma grande perseguição à Igreja em Jerusalém, o que dispersou vários discípulos pelas regiões da Judéia e Samaria, chegando também o Evangelho à Fenícia, Chipre e Antioquia.

Algumas obras de Filipe (Evangelista) são narradas em Atos, entre as quais a sua passagem por Samaria e a conversão de um eunuco etíope na rota comercial de Gaza.

Saulo de Tarso ao tentar empreender novas perseguições, converte-se quando viajava para Damasco e tem uma visão de Jesus, ficando cego por três dias, até ser curado quando encontra-se com Ananias.

Depois destes acontecimentos, a Igreja passa por um período de paz. Dois milagres de destaque narrados nesse momento da obra de Lucas são a cura do paralítico Enéias, em Lida, e a ressurreição de Dorcas, na cidade de Jope.

Se a Igreja manifestava Jesus Cristo como aquele único capaz de conduzir o homem a Deus pelo seu grande amor e doação pelos seres humanos, Deus usava seres humanos como Dorcas para manifestar o seu grande amor aos demais seres humanos numa dimensão horizontal. Foi assim que, morrendo Dorcas, a Tabita querida, Deus pode e quis ressuscitá-la pelo seu grande poder e amor diante do clamor dos que foram por ela favorecidos, toda a comunidade jopeana.

O Evangelho chega aos gentios: Narra o capítulo 10 de Atos que Simão Pedro, encontrando-se em Jope, recebe uma visão em que Deus lhe ordena alimentar-se de vários animais considerados imundos ou impróprios para o consumo (v.11), conforme a lei mosaica.

Pedro entende então o real significado. A visão não o estava pedindo ou mudando a lei no que se refere a carne de animais imundos, mas que Deus estava orientando para não fazer discriminação, pois o evangelho deveria ser pregado a todos independente da origem, judeus ou gentios (v.28).

Entendendo isso, Pedro prega o Evangelho na casa de um centurião romano de Cesaréia chamado Cornélio, o qual se converte juntamente com todos os que ouviram o discurso do apóstolo, sendo depois batizados. Por este motivo, Pedro é questionado pelos outros apóstolos e cristãos da Judéia que se convencem.

O rei Herodes Agripa I prende o apóstolo Tiago, irmão de João (Evangelista), chegando a matá-lo. Depois prende Pedro, mas este é milagrosamente liberto pela ajuda de um anjo. É também através de um anjo que o rei Herodes é morto comido por vermes.

A primeira viagem de Paulo: Depois de ter sido um feroz perseguidor da igreja, Paulo de Tarso passa a congregar na igreja de Antioquia, na Síria, e inicia suas viagens missionárias pelo mundo romano, das quais três são relatadas no livro de Atos.

Entre os anos de 48 e 50 da era comum, em sua primeira expedição evangelizadora, na companhia de Barnabé e de Marcos (Evangelista), Paulo de Tarso parte de Antioquia e vai para a ilha de Chipre. Lá pregam na cidade de Salamina, desafiando o poder de um feiticeiro que enganava a população.

Ao sair de Pafos, Marcos (Evangelista) deixa o grupo e retorna para Jerusalém. Paulo de Tarso e Barnabé prosseguem navegando para Perge na província romana da Panfília e, por terra, vão à Antioquia, na Pisídia, prosseguindo depois para Icônio, Listra e Derbe, cidades da Galácia, pregando tanto em Sinagogas aos judeus e aos gentios.

Devido à cura de um paralítico de nascença, Paulo de Tarso e Barnabé são aclamados como encarnações de deuses greco-romanos pelos cidadãos supersticiosos de Listra e precisaram impedir as multidões de lhes oferecer sacrifícios.

Depois disto, Paulo de Tarso foi apedrejado, mas sobreviveu. Ao pregarem em Derbe e fazer discípulos retornam para Antioquia, promovendo nas novas igrejas as eleições dos seus Presbíteros, deixando-lhes recomendações.

Concílio de Jerusalém: A notícia de conversão dos gentios gerou impactos dentro da Igreja, visto que alguns judeus da seita dos Fariseus impunham a circuncisão aos novos cristãos. Tendo a Igreja se reunido em Jerusalém, com a presença dos apóstolos, ficou decidido que os gentios convertidos não deveriam ser incomodados com a observância de detalhes da lei mosaica (circuncisão), mas apenas que se abstivessem da idolatria, das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue.

A segunda viagem de Paulo: A segunda viagem missionária de Paulo de Tarso ocorre entre os anos de 51 a 53 da era comum, em que depois de percorrer por terra algumas regiões da Ásia Menor, Paulo de Tarso recebe um aviso em uma visão sobrenatural em Trôade para atravessar para a Europa e pregar nas cidades da Macedônia e da Acaia.

Nesta segunda expedição, Paulo de Tarso é acompanhado por Silas e anuncia o Evangelho também em Neápolis, Filipos, Anfípolis, Apolônia, Tessalônica, Beréia, Atenas e Corinto, de onde retornam para à Ásia Menor, desembarcando em Éfeso.

Porém, desde que atravessou a província da Galácia, um novo cristão de nome Timóteo havia juntado-se ao grupo, tornando-se um outro importante colaborador do apóstolo. Em Filipos, Paulo de Tarso é preso após ter libertado de uma possessão demoníaca uma escrava que fazia adivinhações, porém é milagrosamente libertado à noite através de um terremoto.

Na cidade de Atenas, Paulo de Tarso faz um discurso no Areópago, na Colina de Marte, mas poucos se convertem. É na cidade de Corinto que Paulo de Tarso funda uma importante igreja, onde é ajudado por um casal de judeus, Áquila e Priscila que também lhe ajudam até Éfeso. De Éfeso, Paulo de Tarso navega então para Cesaréia, apresentando-se em seguida para a igreja de Jerusalém.

A terceira viagem de Paulo: A terceira viagem missionária de Paulo de Tarso ocorre entre os anos de 54 e 57 da era comum e teve por objetivo fortalecer os discípulos nas novas igrejas na Ásia Menor e da Grécia.

Tal como nas missões anteriores, Paulo de Tarso sempre parte da igreja onde congregava em Antioquia, de onde segue por terra até Éfeso, passando pelas cidades de Tarso, Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia.

Nesta expedição, Paulo de Tarso dá mais atenção à igreja de Éfeso onde acontecem milagres e o apóstolo sofre a oposição dos ourives que lucravam fabricando imagens da deusa Diana (mitologia), provocando um grande tumulto na cidade.

De volta à Ásia Menor, Paulo de Tarso reúne-se com a igreja de Trôade, ocasião em que é presenciado um milagre de ressurreição de um jovem que havia despencado da janela do terceiro andar ao adormecer durante o prolongado discurso proferido por Paulo.

Ao desembarcar em Mileto, Paulo de Tarso tem um comovente encontro com os presbíteros da igreja de Éfeso. Deixando Mileto, Paulo de Tarso passa por Tiro e Cesaréia, indo novamente apresentar-se em Jerusalém, sabendo que lá iria ser preso.

A prisão de Paulo: Em sua estadia em Jerusalém, após ter regressado de sua terceira viagem missionária, Paulo de Tarso é detido pelos judeus quando se encontrava no templo cumprindo seu voto. Devido à confusão que foi formada na ocasião da prisão de Paulo de Tarso, as autoridades romanas em Jerusalém intervieram, evitando que o apóstolo fosse morto a pedradas.

Invocando sua cidadania romana, Paulo de tarso obtém algumas proteções enquanto permanecia em custódia aguardando julgamento, o que motivou a sua transferência para Cesaréia, sob os cuidados de Félix, governador da Judéia, perante o qual foi acusado pelos judeus de ter causado inquietação política e profanação do templo.

Com dificuldades para decidir sobre o caso de Paulo de tarso, Félix o mantém em custódia por dois anos até ser substituído pelo governador Festo que, ao fazer um acordo com os judeus, promete encaminhar o apóstolo para ser julgado em Jerusalém.

Não concordando que o seu julgamento fosse realizado em Jerusalém, Paulo de Tarso interpõe um apelo para impedir tal determinação e, devido ao seu requerimento, consegue pelas leis romanas que o seu caso fosse apreciado pelo imperador em Roma.

Isto porque a legislação da época permitira que um cidadão romano que não se sentisse tratado com justiça pudesse apelar para o imperador nos casos em que a pessoa jamais tivesse sido condenada por um tribunal inferior e a acusação não se tratasse de crimes comuns.

Enquanto esteve sob a custódia de Festo, o caso de Paulo de Tarso chegou a ser submetido ao rei Herodes Agripa I, porém depois de seu apelo ao imperador, Agripa não encontrou em Paulo nenhum motivo para ser condenado, contudo de nada adiantou o seu parecer.

A viagem de Paulo a Roma: A viagem de Paulo de Tarso a Roma ocorre entre os anos de 59 e 60 da era comum em que o apóstolo atua como um verdadeiro missionário junto aos criminosos que estavam sendo transportados no navio. A viagem foi turbulenta, tornando-se perigosa depois que o navio já encontrava-se em Creta, quando todos foram surpreendidos por um forte tufão quando navegavam pelo lado sul da ilha.

Enfrentando uma longa tormenta, o navio afastou-se de Creta vindo a naufragar em Malta, onde Paulo de Tarso permaneceu por três meses em terra curando os enfermos da ilha. Em Malta, tem-se o relato de mais um milagre ocorrido quando Paulo de Tarso é picado por uma serpente e sobrevive sem sentir nenhum efeito do veneno da víbora.

Depois disto, Paulo de Tarso chega a Roma sendo muito bem recebido na cidade onde passa a aguardar o seu julgamento em custódia domiciliar, por dois anos, pagando por sua própria conta o aluguel de uma residência. Ali recebe vários judeus e lhes anuncia o Evangelho, entre os quais alguns crêem e outros não.

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