Espírito Santo

O Espírito Santo e a ascensão
de Jesus - Cairbar Schutel

Eles, pois, estando reunidos outra vez, perguntaram-lhe: “Senhor, é agora, porventura, que restabeleces o reino de Israel?” E Ele lhes respondeu:

A vós não vos compete saber os tempos e as épocas, que o Pai fixou por sua própria autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até as extremidades da Terra”.

E tendo dito estas coisas, foi Jesus elevado à vista deles, e uma nuvem o recebeu e ocultou aos seus olhos. E estando eles com os olhos fitos no céu enquanto Ele subia, eis que dois varões com vestiduras brancas se puseram ao lado deles, e lhes perguntaram:

“Galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus que dentre vós foi recebido no céu, assim virá do modo como o vistes ir para o céu”.

As Antigas Escrituras não continham o qualificativoSanto” quando se falava do Espírito. Todos os Apóstolos reconheciam a existência de Espíritos, mas entre estes, bons e maus”.

No Evangelho de Lucas, X, lê-se: “Aquele que pede, obtém; o que procura, acha; abrir-se-á ao que bater; se vós sendo maus sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, com muito mais forte razão vosso Pai enviará do Céu (um bom espírito) àqueles que o pedirem.

Foi só com a tradução das antigas Escrituras e constituição da (Vulgata = Bíblia) que esse qualificativo foi acrescentado, com certeza para fortificar o mistério da Santíssima Trindade, tirado de uma lenda hindu, aventado por comentadores das Escrituras, que desde logo após à morte de Jesus, viviam em querelas, em discussões sobre modos de se interpretar as Escrituras.

Essa mesma Trindade” é que foi proclamada como artigo de fé, pelo Concílio de Nicéia, em 325, após ter sido rejeitado por três concílios. O mistério da Santíssima Trindade veio criar uma doutrina nova sobre a concepção do Espírito, atribuindo a este, quando revestido do qualificativo Santo”, um ser misterioso, incriado (aquele que existe sem ter sido criado), também Deus e co-eterno com o Pai.

Desvirtuada por completo de sua verdadeira significação, a promessa de Jesus não representa, para as Igrejas Romana e Protestante, a difusão do Espírito, ou antes dos Espíritos que, por ordem de Deus e enviados por Jesus, viriam restabelecer todas as coisas, mas sim um dom sobrenatural”, um movimento de cérebro e de coração que Deus operou unicamente nos Apóstolos, no dia de Pentecostes.

Nós vamos ver adiante, pelo enredo dos trechos dos Atos, que esta doutrina é absolutamente errônea, não só errônea como também obstrutiva dos princípios cristãos. Inutilizando por completo as Palavras de Jesus, sua vida e os Ensinos Apostólicos, únicos capazes de, quando recebidos em sua verdadeira significação, transformar o homem, guiando-o bem aos seus destinos imortais.

Ao estudar a Bíblia, todo o juízo preconcebido nos obscurece o entendimento. O qualificativo “Santo” que se encontra na Bíblia para designar um espírito bom”, não deve absolutamente ser interpretado como um ente misterioso, enigmático”, que constitui a 3ª pessoa da Santíssima Trindade, mas sim, como sendo um espírito adiantado (superior)”, de bondade, de amor e sabedoria.

É bom que os leitores tomem nota desta elucidação, pois, ao transcrever as passagens dos Atos dos apóstolos, havemos de encontrar muitas vezes a palavraEspírito Santo”, que não pode deixar de ser ligada a uma pessoa.

Desejavam os discípulos saber de Jesus a época do restabelecimento do Reino de Israel, mas o Senhor lhes respondeu que a eles não competia saber tempos, nem épocas, pois a sua tarefa era serem suas testemunhas não só em Jerusalém, como em toda a Judéia, Samaria e até nas extremidades da Terra.

Ora, sabemos que as extremidades da Terra, ao tempo de Jesus, eram muito limitadas, e se essa tarefa ficasse adstrita unicamente àqueles seus discípulos, excluindo-se a Lei da Reencarnação” e o prosseguimento da sua ação do Mundo Espiritual em estado de Espíritos, ela ficaria absolutamente resumida a uma nação, e então a Religião do Cristo seria uma religião nacional e não uma Religião Mundial, como é o seu verdadeiro caráter.

Sendo a Doutrina de Jesus permanente, eterna, palavra que não passa, só considerando a espiritualmente, sem o véu da letra, poderemos acolhê-la hoje com um cérebro forte e um coração que palpita, desejoso de Verdade e de Progresso.

Ficamos compreendendo, além de tudo, que Jesus conversava com os seus discípulos, depois de ter morrido, dando-lhes instruções e ordenando-lhes a observância de seus Ensinos.

Esses quarenta dias em que o Mestre esteve com eles foram aproveitados para lhes repetir os seus Ensinamentos, firmar lhes a Fé e tornar àqueles que deveriam levar por todo o mundo a Palavra da Ordem; fiéis obreiros, trabalhadores dedicados e intemeratos, pois teriam a seu lado Espíritos para os auxiliar em todas as conjunturas, e fazerem com que persistissem até o fim.

E foi só depois de lhes ter dito tudo o que era preciso, de lhes ter dado todas as instruções necessárias que, segundo Lucas, o Mestre elevou-se às alturas, desmaterializando-se diante dos olhos de todos. Os espíritas compreendem bem esses fenômenos de materialização e desmaterialização, tão extraordinariamente verificados com Jesus e referidos nos Evangelhos.

Esta sessão foi verdadeiramente imponente, pois até os dois varões materializados, falaram, dando explicações e revelando coisas futuras, como a nova vinda de Jesus, como todos esperamos, e não reencarnado, mas sim semelhante à sua estada, quando ressuscitado, ou seja, materializado.

E quem seriam esses varões que vieram trazer-lhe o seu testemunho? O Evangelista não o diz, mas nós julgamos que foram os mesmos que se mostraram aos Apóstolos no Tabor, como testemunhos da Excelsa Missão de Jesus, Moisés e Elias. Um representando a Lei, outro os Profetas que, ao ver de Jesus, são incluídos nos seus preceitos de Amor a Deus e ao próximo.

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