Nas Fronteiras da Loucura – 6 Parte

Nas Fronteiras da Loucura
Manoel P. de Miranda - Divaldo Pereira Franco
Centro Espírita Nosso Lar – Grupo de Estudos das obras
de André Luiz e de Manoel Philomeno de Miranda.

25. Por que falham os programas?

Após asseverar que uma progra­mação dessa ordem movimenta expressivo número de criaturas em ambos os lados da vida, para que logre êxito, Dr. Bezerra disse que são as paixões inferiores muito arraigadas nos Espíritos que põem a perder todo esse grande esforço, complicando-lhes a situação e levando-os, mais tarde, a reclamar, lamentando a própria sorte.

Juvêncio renas­cera em família abastada com a qual mantinha vínculos de afetividade, para que pudesse fruir de comodidades financeiras que o liberassem dos com­promissos com o corpo, deixando esposa e filha amparadas, sem maio­res preocupações na esfera econômica. Assim é que, não devendo inter­romper seus deveres na esfera espiritual por muito tempo, ele retornou à pátria espiritual aos 39 anos, vitimado por uma parada cardíaca.

Ju­linda renascera em seu lar quando o matrimônio com Angélica contava dois anos. A menina, não obstante o tratamento a que fora submetida, man­tinha profundas marcas que se lhe incorporariam à vida nova e fez-se, apesar de todo o carinho recebido dos pais, um instrumento de dor para ambos. Sua adaptação ao corpo foi penosa e, por isso, a primeira in­fância passou entre insônias, pesadelos e distúrbios de comportamento, acentuados.

A partir dos três anos foram-lhe detectadas disritmias cerebrais, resultado dos seus graves deslizes, impressos pelo perispí­rito ao corpo, passando a receber cuidadoso tratamento neurológico desde então. Não lhe faltaram testemunhos de amor e de dignificação humana, orientação religiosa enobrecida e assistência educacional cor­reta.

Com a desencarnação do pai, quando Julinda con­tava dez anos de idade, D. Angélica desvelou-se mais ainda e lutou contra as tendências inditosas da jovem, conseguindo, à custa de uma vontade firme e muita decisão, encaminhá-la a um matrimônio digno com antigo afeto, que viera para partilhar do mecanismo redentor, no qual expun­giria também as próprias máculas.

"O mais é do nosso conhecimento", acrescentou Dr. Bezerra que, tocando o centro cerebral de Angélica, despertou-a para a percepção mais ampla, permitindo-lhe que o visse ali, ao lado da filha, em atenção às suas preces fervorosas.
(Cap. 4, pp. 43 a 45)

26. Conseqüências do abortamento

Manoel P. de Miranda nos lembra que o abortamento provocado sem justa causa‚ crime grave, de que o Espírito somente a contributo de muita aflição se predispõe a reparar, facultando que a vítima renteie ao seu lado, em renascimento que ocor­rer futuramente, sob densas cargas de ressentimento e amargura.

En­fermidades de largo porte encar­regam-se de corrigir a atitude mental do delinqüente que aborta, a fim de que os tecidos sutis do perispí­rito se recomponham para porvindou­ros cometimentos na  área da materni­dade.

Frigidez,infecundidade e ou­tros problemas femininos decorrem da usança irregular da sexualidade em encarnação passada, bem como de abortos irresponsáveis, que se tor­nam causas de neoplasias malignas, logo depois, ou em processos próxi­mos de renascimentos, que exigirão ablação dos órgãos genésicos, quando não acarretem a morte física.

O homem, não sendo o autor da vida, não pode dela dispor ao talante de suas paixões, sem rude com­prometimento para si próprio. É por isso que a sexualidade somente deve ser exercida quando responsável, sob as bênçãos do amor e o amparo das leis em vigor, representativas do grau evolutivo de cada povo. Há  em todo renascimento razões propelentes que conduzem um a ou­tro Espírito, seja pelos automatismos vigentes no Cosmo, seja pelas programações cuidadosamente elaboradas.

Assim, cada qual renasce, nem sempre onde merece, mas onde os fatores e as con­dições são-lhe mais propícias para o avanço. As ingerências precipita­das nas progra­máticas da vida redundam, portanto, quase sempre, em de­cepções, desastres ou perturbações que poderiam ser evitados. Esse era o caso de Julinda que, por temer, inconscientemente, a presença de Ricardo na condição de filho, não titubeou em expulsá-lo.

Sentindo-se frustrado e envolvido pelo ódio, Ricardo vingava-se e seu objetivo era eliminar o corpo da jovem, para aguardá-la depois do túmulo, onde os desforços prosseguiriam. Com o sonífero que tomava, Julinda (Espírito) deixava-se arrebatar por seu algoz e, uma vez semi-desprendida do corpo, era conduzida à presença de Entidades perversas residentes no Hospital, que lhe impu­nham grande sofrimento.
(Cap. 5, pp. 46 e 47)

27. O bem nunca falha

Elvídio, antigo sexólatra, desencarnado havia mais de meio século, era o encarregado da administração negativa naquele Hospital. Logo que Julinda foi internada, apresentaram-lhe a sua ficha com o delito perpetrado. O cruel dirigente visitou a pa­ciente e convocou Ricardo à sua presença, inteirando-se do plano do abortado e prometendo-lhe cooperação.

Essas entidades, padecendo de auto-hipnose por muito tempo, acabam deformando as matrizes perispiri­tuais, motivo por que assomam diante dos que lhes tombam, nos círculos de aflição, em formas horripilantes e temerosas, com as quais aparvalham as futuras vítimas.

Julinda fora levada, então, em sucessivas oportunidades, a simulacros de julgamento por seu crime, quando se tornava ameaçada por aqueles Espíritos impiedosos, retornando ao corpo com os tecidos sutis da mente em contínuo comprometimento.

No momento da visita feita a seu quarto, ela e seu algoz estavam ausentes. O Ben­feitor Espiritual aplicou, então, no seu organismo físico recursos magnéticos, fazendo a dispersão dos fluidos tóxicos que a asfixiavam e insuflando-lhe, logo após, energias restauradoras de forças. O corpo da enferma relaxou os músculos retesados e viu-se, repentinamente, Julinda (Espírito) ser atraída e tombar, adormecida, no casulo carnal.

"Os fluidos salutares decorrentes da oração e do amor fraterno de todos nós (explicou Dr. Bezerra) anestesiar-lhe-ão os centros psíquicos, de alguma forma atenuando a aflição que a golpeia, contínua. O Amigo Espiritual disse então que o Senhor não deseja a punição do infrator, mas a sua reeducação: Como os impositivos da vida são o amor e a jus­tiça, a misericórdia e a caridade jamais se afastam dos que necessitam de renovação e paz, sem que as suas vítimas fiquem em esquecimento.

Surge o auxílio ao delinqüente com concomitante socorro ao defrau­dado. Logo mais, Ricardo será  também auxiliado, quando se iniciem os labores em favor de ambos, acrescentou Dr. Bezerra que, voltando-se para a genitora de Julinda,  falou-lhe: Agora, tranqüilize-se, irmã Angélica, aguardando o futuro e prosseguindo, confiante, nas suas orações e atividades de amor ao próximo. O bem nunca falha.
(Cap. 5, pp. 48 a 50)

“A publicação do estudo continuará
nas próximas semanas”