Compreensão – Ave Luz

Filipe estava assustado, em virtude de vários incidentes acontecidos em Betsaida. Junta-se ao povo, procurando algo que pudesse saciar-lhe a fome e a sede materiais e mesmo as necessidades do espírito. É certo que saía dos encontros com Jesus e seus distintos companheiros fortalecidos na fé e no modo pelo qual entendia a vida, nos dois planos que a sua concepção aceitava.

Mas ao se envolver na atmosfera dos homens que negavam as verdades transcendentais do espírito, sentia-se comprometido com determinadas dúvidas, como amarrado a um poste para sacrifício, sem esperança de salvação. O entendimento, nessas horas, fugia-lhe, escapando, igualmente, do seu hábil raciocínio. Era preciso encontrar solução e, para tanto, não existia melhor oportunidade do que as reuniões que se processavam no casarão.


O filho de Betsaida era muito cauteloso nas suas buscas, nunca aceitava idéias sem que, primeiro, examinasse suas propriedades. Tinha verdadeira vigilância contra a influência dos outros para consigo e, quando encontrava uma filosofia, ou mesmo conceitos que o fascinassem, submetia-os à apreciação de outros da sua inteira confiança. A bateia de sua análise não se enganava na escolha do ouro, muito menos da pedra valiosa da verdade, que deveria ser a verdade filosofal dos mestres e dos sábios.

O amor nunca põe limites

Nesse instante, duas entidades que cooperavam nas reuniões mediúnicas normais da Sociedade Espírita adentraram-se, trazendo em maca, adormecido, um dos seus diretores. Tratava-se do confrade Anacleto, com um pouco mais de meio século de existência terrestre, que ficara viúvo, há cinco anos, aproximadamente, que fora antes, dedicado servidor do Evangelho, que se constituíra um dos pilares de segurança da instituição.


Segundo pude depreender mentalmente, em razão das emissões do pensamento do nosso mentor, de maneira invigilante ele passou a cultivar ideias de exaltação e comportamento agressivo, tornando-se um espinho ferinte no grupo de trabalho.


Responsável por atividade de relevante importância, manteve-se cauto sexualmente durante o período matrimonial. Após a desencarnação da esposa, igualmente trabalhadora dedicada, passou a cultivar sentimentos perturbadores e tormentos adormecidos, dando largas à imaginação e gerando imagens mentais tóxicas, lentamente absorvidas e transformadas em hábitos psíquicos.

Sexo e corpo espiritual

Hermafroditismo e unissexualidade: Examinando o instinto sexual em sua complexidade nas linhas multiformes da vida, convêm lembrar que, por milênios e milênios, o princípio inteligente se demorou no hermafroditismo das plantas, como, por exemplo, nos fanerógamos, em cujas flores os estames e pistilos articulam, respectivamente, elementos masculinos e femininos.

Nas plantas criptogâmicas celulares e vasculares ensaiara longamente a reprodução sexuada, na formação de gametas (anterozóides e oosfera) que muito se aproximam aos dos animais e cuja fecundação se efetua por meios análogos aos que observamos nestes últimos seres.


Depois de muitas metamorfoses que não cabem num estudo sintético quanto o nosso, caminhou o elemento espiritual, na reprodução monogâmica, entre as vastas províncias dos protozoários e metazoários, com a divisão e gemação entre os primeiros, correspondendo à cisão ou estrobilação entre os segundos.

O Sistema Nervoso

Alguns espíritas consideram o sistema nervoso físico, como uma parte mais materializada do perispírito. Algo assim como um prolongamento ou anexo, responsável pela emissão e recepção de mensagens que chegam e partem do perispírito. Ora, se o sistema nervoso físico integrasse o perispírito, toda parte relativa ao desempenho e controle das atividades do organismo que a ele se submete entraria em desordem com o afastamento perispiritual.

Sendo o físico uma estrutura semelhante ao perispírito, esta semelhança se faz de maneira correspondente à especialização e à "eterização" das partes reproduzidas. No perispírito, o sistema nervoso também é mais etéreo e sutil que os demais sistemas, firmando-se a obrigatoriedade dessa quintessência na especialização cerebral e nervosa, sistema de conduto por onde o Espírito atua diretamente na exteriorização de mensagens e percepções de estímulos ambientais.


Quando o Espírito se encontra encarnado, esses estímulos chegam a seu perispírito pelos cinco canais que constituem a base da sua vida de relação, quais sejam: visão, audição, paladar, olfato e tato. Desencarnado, todo e qualquer estímulo o atinge via perispírito, de maneira generalizada. Podemos dizer que ele ouve, vê e sente por todo o perispírito, sendo este fato de fácil comprovação nas reuniões mediúnicas, quando o Espírito comunicante leva as mãos aos ouvidos para não escutar o doutrinador e a voz o alcança em sua intimidade perispiritual.

Sintonia - Roteiro

As bases de todos os serviços de intercâmbio, entre os desencarnados e encarnados, repousam na mente, não obstantes as possibilidades de fenômenos naturais, no campo da matéria densa, levados a efeito por entidades menos evoluídas ou extremamente consagradas à caridade sacrificial.

De qualquer modo, porém, é no mundo mental que se processa a gênese de todos os trabalhos da comunhão de espírito a espírito. Daí procede a necessidade de renovação idealística, de estudo, de bondade operante e de fé ativa, se pretendemos conservar o contato com os Espíritos da Grande Luz.



Simbolizemos nossa mente como sendo uma pedra, inicialmente burilada. Tanto quanto a do animal, pode demorar-se, por muitos séculos, na ociosidade ou na sombra, sob a crosta dificilmente permeável de hábitos nocivos ou de impulsos degradantes.