O Sistema Nervoso

Alguns espíritas consideram o sistema nervoso físico, como uma parte mais materializada do perispírito. Algo assim como um prolongamento ou anexo, responsável pela emissão e recepção de mensagens que chegam e partem do perispírito. Ora, se o sistema nervoso físico integrasse o perispírito, toda parte relativa ao desempenho e controle das atividades do organismo que a ele se submete entraria em desordem com o afastamento perispiritual.

Sendo o físico uma estrutura semelhante ao perispírito, esta semelhança se faz de maneira correspondente à especialização e à "eterização" das partes reproduzidas. No perispírito, o sistema nervoso também é mais etéreo e sutil que os demais sistemas, firmando-se a obrigatoriedade dessa quintessência na especialização cerebral e nervosa, sistema de conduto por onde o Espírito atua diretamente na exteriorização de mensagens e percepções de estímulos ambientais.


Quando o Espírito se encontra encarnado, esses estímulos chegam a seu perispírito pelos cinco canais que constituem a base da sua vida de relação, quais sejam: visão, audição, paladar, olfato e tato. Desencarnado, todo e qualquer estímulo o atinge via perispírito, de maneira generalizada. Podemos dizer que ele ouve, vê e sente por todo o perispírito, sendo este fato de fácil comprovação nas reuniões mediúnicas, quando o Espírito comunicante leva as mãos aos ouvidos para não escutar o doutrinador e a voz o alcança em sua intimidade perispiritual.


Igualmente, o médium que se perturba com uma visão chocante e cerra os olhos para escapar-lhe à influência, continua malgrado seu esforço, a visualizá-la com a nitidez imposta pela sua sintonia, pois observa o cenário com a sua visão perispiritual que é generalizada. As sensações passam assim, do sistema nervoso físico, de ação localizada e circunscrita aos cinco sentidos, para o sistema nervoso perispiritual de ação genérica em toda a sua extensão.

Tomemos um exemplo. No Espírito encarnado, o canal receptivo do sentido da audição é o aparelho auditivo. Quando uma vibração provoca um movimento ondulatório no ar, e as ondas atingem a freqüência capaz de estimular o nervo acústico, este direciona tal estímulo ao cérebro, na área do córtex responsável pela audição, que a transforma em percepção auditiva.

No perispírito a faculdade da audição é inerente à sua natureza, sendo toda a sua extensão capaz de receber as vibrações sonoras, independente de um canal específico, tal como ocorre nos encarnados. Se nestes só existe percepção do som com irritação ou estímulo do nervo acústico, na área do perispírito podemos dizer que todo ele é estimulável pelo som, inclusive aqueles situados aquém ou além da faixa audível para nós encarnados, qual seja 16 a 25 mil ciclos (vibrações completas) por segundo.

Se o Espírito não tivesse perispírito, nenhuma sensação oriunda do mundo material, boa ou má, chegaria até ele, pois lhe faltaria o canal por onde essas sensações fluíssem, atingindo-o, ocasião em que as perceberia. É por esta razão, como detalharemos mais adiante, que existe a necessidade de reagregação da matéria perispiritual, quando esta fica parcialmente danificada pelas agressões que o Espírito comete contra si próprio.

Sem este veículo de manifestação íntegro, o Espírito não teria como comunicar-se livremente. Caso explodisse seu cérebro perispirítico por vontade própria, (o que pode ocorrer com um tiro dado em seu ouvido físico motivado pelo desejo profundo de morrer) por exemplo, ficaria na condição de um mudo, aqui no plano dos encarnados, em que o Espírito possui raciocínio e inteligência, mas não dispõe do meio natural de comunicar-se.

Visto este ponto, passemos às funções do sistema nervoso físico. Esse sistema é um conjunto de células especializadas e encarregadas do controle das atividades de todo o organismo, tais como: Dirige as contrações musculares; controla as secreções de determinadas glândulas; comanda as atividades do estômago, pulmões, coração e intestinos; possibilita a percepção dos sentidos.

Os fenômenos relacionados com a memória, os sentimentos e a inteligência são restritos ao Espírito, de vez que desencarnado, ele, os conserva de maneira integral. Durante a encarnação o sistema nervoso físico apenas funciona como canal de exteriorização de tais fenômenos, visto que não é a sede ou matriz geradora dos mesmos. O tecido nervoso possui células estreladas, os neurônios, que se comunicam umas com as outras através de ramificações chamadas dendritos.

O espaço entre dois neurônios recebe o nome de sinapse nervosa. Os estímulos nervosos correm dos dendritos para o corpo celular, invertendo-se no axônio, de onde partem do corpo da célula para as suas extremidades. A passagem dos estímulos nervosos de uma célula para outra, ocorre nas terminações do axônio de uma, com extremidades dendríticas da outra, exatamente na sinapse nervosa.

Percorrendo o sistema nervoso, os estímulos chegam ao cérebro, que os identificam enviando ordens correspondentes às mensagens neles contidas. Dessa maneira é que podemos ver, sentir odores, ouvir sons, falar sobre experiências e praticar a locomoção, relacionando-nos assim com o meio em que vivemos.

Contribui para isso, o sistema nervoso central e o periférico. O sistema nervoso simpático e o parassimpático são responsáveis pela vida vegetativa, a qual é representada pelo conjunto de funções que ocorrem no organismo, sem que tenhamos consciência ou participação delas, através de nossa vontade. É o coração que bate, a troca gasosa nos pulmões, o peristaltismo no estômago e intestinos, a filtragem do sangue nos rins.

Ao entrelaçamento de muitas ramificações de nervos e gânglios chamamos de plexo. Correspondente a cada plexo no físico, encontramos centros de força ou chacras, tanto no duplo etérico quanto no perispírito, com a diferença que os centros de força do duplo etérico possuem a mesma duração ou existência do próprio duplo, enquanto os centros de força perispirituais permanecem com ele em evolução através dos milênios. Vejamos algumas funções de tais chacras:

Chacra coronário: Corresponde ao plexo coronário, situando-se no alto da cabeça, sendo o mais importante, por ser o intermediário entre o cérebro físico e o cérebro perispiritual, funcionando como sede da consciência do Espírito. Esse centro de força pode gerir os demais, impondo-lhes harmonia fisiológica, bem como influenciando positivamente no desenvolvimento do psiquismo. Auxilia no desabrochar da mediunidade latente, em particular no desdobramento, onde seu bom desempenho faculta excursões pelo mundo espiritual em excelente nível de consciência.

Chacra frontal: Corresponde ao plexo frontal e situa-se entre os olhos, relacionando-se com a faculdade da vidência. Exercícios para ativar esse chacra podem levar a um aumento na faixa visual, facultando ao Espírito a percepção de imagens do microcosmo, cenas gravadas no éter, ocorrências captadas psicometricamente, acontecimentos à distância e outros eventos relacionados com esta faculdade. No campo morfológico e fisiológico, o chacra frontal atua sobre o sistema nervoso e endócrino, zelando por suas atividades.

Chacra laríngeo: Corresponde ao plexo laríngeo e localiza-se na garganta. Atua junto ao aparelho fonador e respiratório. É este chacra que agindo sobre as glândulas tireóide e paratireóide, modifica o tom vocal por ocasião da puberdade, dando-lhe personalidade e estabilização. Através da mediunidade psicofônica, os Espíritos comunicantes dele se utilizam, podendo o médium até mesmo reproduzir a voz, o sotaque e o idioma de quem fala, caracterizando o fenômeno chamado de xenoglossia. Vale salientar que esse órgão é muito ativo e brilhante nos inspirados cantores, nos poetas, nos oradores religiosos e naqueles que utilizam da palavra para aliviar o sofrimento de seus irmãos.

Chacra cardíaco: Corresponde ao plexo cardíaco e localiza-se na região do mediastino, gerenciando o desempenho do sistema circulatório, o qual toma à guarda. Relaciona-se também ao controle e disciplina das emoções e sentimentos, favorecendo o desenvolvimento da intuição, tanto em relação aos sentimentos alheios quanto aos eventos futuros.

Chacra esplênico: Corresponde ao plexo mesentérico, localizando-se junto ao baço. Age como captador e distribuidor de energias vitais para todo o corpo auxiliando no mecanismo de renovação das hemácias e nos fenômenos afeitos à circulação. Este centro de força é muito importante para os passistas, pois ao desenvolvê-lo podem absorver maior cota de energias, melhorando seus desempenhos junto aos enfermos. Ao distribuir ordenadamente as energias vitais entre o corpo, o duplo etérico e o perispírito, este chacra promove uma harmonização energética, na qual, todo o conjunto fica vitalizado, na medida correspondente às necessidades das partes.

Chacra gástrico: localiza-se na altura do umbigo e corresponde ao plexo solar no corpo físico. Sua função é auxiliar na assimilação das substâncias vitais derivadas da alimentação humana. Quando o regime alimentar dispensa o uso de carnes, alcoólicos, gorduras, temperos picantes, esse centro de força tem o seu desenvolvimento facilitado, por trabalhar com energias refinadas, o que se reflete inclusive, no aumento de sensibilidade relativa à identificação das energias hostis ou amenas, que caracterizam o meio.

Chacra básico: Corresponde ao plexo sacral e localiza-se na base da espinha. Capta energias solares e terrestres, que são distribuídas e transformadas em outros tipos de energias ligadas ao intelecto. Reativando os demais centros de força, o chacra básico pode favorecer, quando bem orientado, o equilíbrio físico e psíquico do ser.

Todos os chacras possuem atribuições e cores específicas, variando em matizes, conforme o grau evolutivo do Espírito. O aprofundamento desse tema demandaria largas considerações, que somente uma obra específica poderia conter. Daí a superficialidade com que o abordamos.

Compilado do livro: Perispírito e suas modelações
Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro