Ao pé da letra, a Bíblia é uma aventura
que pode levar à loucura – José Reis Chaves
A Bíblia tem uma linguagem chamada de profética (ameaçadora), e que é uma força de
expressão dum momento de eloquência ou de nervosismo do profeta ou dum outro
autor sagrado contra os erros do povo. Jesus mesmo teve esses momentos de condenações
rigorosas contra a grande hipocrisia dos fariseus e dos vendilhões do Templo.
Assim, expressões do tipo: “Onde não lhes morre o verme, nem o fogo se
apaga”
(Marcos 9:44 e 46) são proféticas, figuradas, e não devem ser entendidas
literalmente. “Acaso tenho eu prazer na morte do perverso? - diz o Senhor
Deus; não desejo eu antes que ele se converta dos seus caminhos, e viva?” (Ezequiel 18: 23). “Eu
os remirei do poder do inferno, e os resgatarei da morte: onde estão, ó morte,
as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua destruição? Meus olhos não vêem em
mim arrependimento algum.” (Oseias 13: 14.)
Se a misericórdia de Deus é infinita; se Oseias nos mostra
que o inferno será destruído; se Deus quer que todos se salvem (João 6:39); se eterno
(“aionios” em grego), originalmente, significa tempo indeterminado e não
sem-fim, dependendo
do carma de sofrimento ou de felicidade causado pelas más ou boas obras
praticadas;
se em hebraico, também, o que foi traduzido por eterno é a palavra “ôlam”, cuja
raiz é o verbo “alam” (ocultar, que envolve, pois, tempo desconhecido); se o
sentido de tempo sem-fim seria com os adjetivos “aidios”, em grego, e
“sempiternus”, em latim, os quais não aparecem na Bíblia, disso tudo se
conclui, com uma clareza meridiana, que o inferno é mesmo temporário, o que é também
confirmado ainda por mais estas frases: “Ninguém deixará de pagar tudo até o último
centavo”.
(Mateus 5:26).
Ora, pago o último centavo, o Espírito não vai pagar mais nada! E “Conhecereis a
verdade, e ela vos libertará”. (João 8:32). Os dois verbos, no futuro, demonstram-nos que
o nosso conhecimento da verdade libertadora não é por agora, mas no futuro, isto é,
depois de evoluirmos espiritualmente, reencarnando muitas vezes, passando pelo
inferno ou o purgatório temporários. E esse tempo futuro não nos faltaria jamais,
pois isso seria incompatível e mesmo um absurdo diante da misericórdia infinita
de Deus e, também, da nossa condição de Espíritos imortais.
Devemos, pois, ser otimistas com relação às nossas penas causadas
pelas nossas faltas, pois colhemos apenas o que plantamos e não mais, já que a cada um será
dado de acordo com suas obras. (São Mateus 16:27; e Apocalipse 22:12.)
Consequentemente, tenhamos Deus usando do seu amor infinito e da
sua onipotência para abrir-nos as portas dos céus, e não as dos infernos, como muitos,
lamentavelmente, pensam, tomando literalmente certas passagens isoladas
bíblicas,
o que levaria mesmo qualquer cristão estudioso de Deus e da Bíblia à beira da
loucura e, no mínimo, à sua descrença nela!