Quem é Jesus

O ano de 325 é especialmente importante para os cristãos, pois nele ocorreu o “Concílio de Niceia”, que oficialmente instituiu o Catolicismo ou Igreja Católica, que hoje é seguida por mais da metade dos cristãos espalhados pelo mundo, pois existem outras Igrejas, como a ortodoxa, a anglicana e outras que igualmente reúnem os cristãos (inclusive o Espiritismo).


Até esse ano os cristãos não possuíam nenhuma estrutura oficial que os representasse, apenas a comunhão das diversas igrejas com troca de correspondência e visitação de quando em vez entre seus representantes. Isso implicou, com o passar do tempo, que surgisse uma certa estrutura.

Antes do Concílio de Niceia, os cristãos eram organizados sob três patriarcas, os bispos de “Antioquia” de jurisdição sobre a Síria, a Ásia Menor e a Grécia; de “Alexandria” de jurisdição sobre o Egito e os Bispos de “Roma” de jurisdição sobre o Ocidente. Posteriormente os bispos de “Constantinopla e Jerusalém” foram adicionados aos patriarcas por razões administrativas. Não era uma hierarquia formal, mas os patriarcas (ou bispos) dessas localidades agiam no sentido de ajudar a resolver conflitos.


No final do segundo século algumas divergências de interpretação quanto aos escritos sagrados começaram a ganhar terreno e a separar os pensadores cristãos. Uma dessas divergências foi fundamental para a convocação do Concílio de Niceia: a divindade ou não de Jesus.

Para Alexandre, bispo de Alexandria, Jesus seria Deus, não poderia ser simplesmente um homem, filho do Pai Eterno. Entretanto, para Arrius, que pertencia a outra igreja, Jesus era simplesmente o filho de Deus, como todos os demais seres humanos. A decisão do Concílio foi que a ideia de Arrius era uma heresia, e ele foi banido da Igreja Católica, formada então nesse conclave.

Lembremos que o mundo ainda estava sob domínio do Império Romano e que, apesar das intensas perseguições e martírios impostos aos cristãos, os seguidores de Jesus não paravam de crescer e contaminavam os próprios cidadãos romanos.
Interessado em apaziguar o império e terminar com as disputas religiosas, o imperador Constantino ajudou a articular o Concílio de Niceia, levando os bispos a criarem uma igreja que, na verdade, mesclava o “cristianismo com o paganismo”, surgindo então a “teologia católica” com a santíssima trindade, a divinização de Jesus, o dogma do mistério divino, os sacramentos, os rituais como a missa e assim por diante.

Por um lado, tivemos o fim das perseguições aos cristãos, de outro lado tivemos a deturpação da mensagem de Jesus, que por séculos ficaria quase irreconhecível.

O pensamento espírita sobre Jesus: Para o Espiritismo todos somos criados por Deus, ou seja, Ele é o incriado, e todos os demais são suas criaturas, inclusive Jesus, que, como qualquer um de nós, foi criado como Espírito, simples e ignorante, com o potencial divino em germe para, através da lei de evolução, chegar a seu destino, que é comum a todos: a perfeição.

Portanto, Jesus não se confunde com Deus, é sua criatura. Como Espírito, Jesus é imortal, exatamente como todos os homens, pois todos somos filhos de Deus e todos chegaremos à perfeição.

Quando Jesus esteve entre nós, isso há mais de dois mil anos, ele já envergava o status de “Espírito perfeito” ou seja, através das reencarnações, realizadas em outros mundos por este universo, ele já havia alcançado o esplendor do amor e da sabedoria.

Aqui na Terra, Jesus teve apenas essa encarnação, quando realizou a missão de trazer para a humanidade os conceitos do Evangelho, que exemplificou em espírito e verdade, legando aos homens o “amai-vos uns aos outros” e “fazei ao outro somente o que gostaríeis que o outro vos fizesse”.

Segundo informações espirituais trazidas através de diversos médiuns em tempos e lugares diferentes, já nesse tempo Jesus era o “Governador Planetário”, tendo gerenciado a formação do nosso mundo, ou seja, ele foi, por assim dizer, cocriador, mas sem se confundir com Deus, que reverenciava como Pai, como Senhor do céu e da terra.

Quando Jesus informou que “ele e o Pai eram um”, quis significar a perfeita comunhão de pensamento e de ideal com Deus, por isso ele era o messias que havia de vir, conforme constava das antigas profecias. Para diferençar a si mesmo de Deus, afiançou que bom somente o Pai Celestial, porque ele somente poderia receber o título de Mestre, por ser um Espírito perfeito.

Para a Doutrina Espírita não há confusão nem mistério. Deus é o Criador de tudo o que existe no universo, a inteligência suprema, e Jesus é sua criatura, seu filho, um Espírito criado simples e ignorante que, com seus esforços e experiências reencarnatórias (realizadas em outros mundos), alcançou a perfeição.

Portanto, Jesus não está distante dos homens, todos somos Espíritos imortais e todos, um dia, alcançaremos a perfeição. Isso não minimiza Jesus, não o torna menos importante, nem fragmenta sua comunhão com Deus, pelo contrário, o exalta e engrandece sua missão.

Jesus é o guia e modelo da humanidade, o Espírito mais perfeito que Deus concedeu ao homem conhecer. Segui-lo é o nosso dever. Manter seus ensinos como ele nos legou e praticá-los em todas as situações da vida é o que devemos fazer. Não esqueçamos: Jesus é o caminho, a verdade e a vida, e somente através dele estaremos com Deus, nosso Pai.

Marcus De Mario é Educador, Escritor, Palestrante, Colaborador da Rádio Rio de Janeiro e da Associação Espírita Lar de Lola. Diretor do Instituto Brasileiro de Educação Moral.