Anencéfalos na visão espírita

Por fortíssimas razões não existem bases racionais que justifiquem o aborto dos chamados “anencéfalos”, e os argumentos usados não apresentam consistência científica, legal e muito menos ética. A começar que não existem os anencéfalos, porque o termo “anencéfalo” (an + encéfalo) literalmente significa ausência de encéfalo, quando se sabe que em verdade esses fetos possuem alguma estrutura do encéfalo, como o tronco encefálico, o diencéfalo e, em alguns casos, presença de hemisfério cerebral e córtex.


O feto denominado equivocadamente de “anencéfalo” possui preservada a parcela mais entranhada do encéfalo, matriz, portanto do controle das funções viscerais, como: batimentos cardíacos e capacidade de respirar por si próprio, ao nascer. Como ainda são obscuros, para nós, os mistérios da relação cérebro-mente, não podemos permitir que nossa ignorância seja a condutora de decisões equivocadas como a do abortamento provocado desse feto. (Marlene Nobre, médica e presidente da AME - Associação Médica Espírita do Brasil)


E o Direito da Mulher? O direito da mulher está em escolher ser ou não ser mãe. Este direito ela o exerce, com a ajuda dos recursos que a ciência tem proporcionado. Mas, depois da concepção, este direito passa a ser também, de outro ser, que é o nascituro, que busca o direito à vida. Reconhecemos que a mulher que gera um feto deficiente precisa de ajuda psicológica por um período. Mas seria importante que inclinasse seu coração à compaixão e à misericórdia, encontrando o real significado da vida. Até porque essas crianças podem ser amamentadas, reagem aos carinhos e, óbvio, criam vínculos com os seus pais.

 
O que a mulher que gera um anencéfalo deve perguntar é: "Por que fui escolhida para gerar um filho anencéfalo?" A mulher não deve esquecer que tem, na maternidade, a dádiva de ser a co-criadora de Deus. Quem não tem estrutura para suportar os imprevistos de uma gestação, não deve engravidar.  Diz Divaldo Franco: "(...) o “anencéfalo” tem vida breve ou nenhuma. Assim sendo, por que interromper o processo reparador que a vida impõe ao espírito que se reencarna com essa deficiência? Será justo impedi-lo de evoluir, por egoísmo da gestante? (...) é torturante para a mãe que carrega no ventre um ser que não viverá, mais trata-se de um sofrimento programado pelas Soberanas Leis da Vida".


Na “Lei de Causa e Efeito”: Explica Joanna de Angelis "(...) Na imensa gama de instrumentos utilizados para o autocídio (atentado contra a vida), o que é praticado por armas de fogo ou mediante quedas espetaculares de edifícios, de abismos, desarticula o cérebro físico e praticamente o aniquila. Não ficariam aí, porém, os danos perpetrados, alcançando os delicados tecidos do corpo perispiritual, que se encarregará de compor os futuros aparelhos materiais para o prosseguimento da jornada de evolução. É inevitável o renascimento daquele que assim buscou a extinção da vida, portando degenerescências físicas e mentais, particularmente a anencefalia (...)"

Em que caso não há um Espírito ligado ao Feto? Os favoráveis ao aborto do “anencéfalo” alegam que nele não há Espírito destinado à reencarnação conforme explica “O Livro dos Espíritos” na questão 345. Porém, aos corpos para os quais poderíamos afirmar que nenhum espírito estaria destinado seriam os dos fetos que não têm nenhum órgão em funcionamento. Estes casos ocorrem como prova ou expiação aos pais. Mas, os que vivem após o nascimento tem, forçosamente um Espírito encarnado.

Portanto, nada disto se aplica ao “anencéfalo”, que constitui-se em um organismo humano vivo, a consciência responde-nos. Exemplo: Em Patrocínio Paulista viveu por um ano e oito meses, uma menina chamada Marcela de Jesus Ferreira, que conseguia ouvir os sons. Ela atendia a voz da mãe, o que surpreendeu a pediatra Márcia Beari. E, em Sobradinho, temos a história de Manuela Teixeira que sobreviveu três anos.

Como podemos ver, apesar das suas deficiências são seres humanos providos de alma, necessitadas de extremo afeto! Por fim, nós espíritas, cremos que mesmo na possibilidade de o feto ser portador de lesões graves e irreversíveis, físicas ou mentais, o corpo é o instrumento de que o Espírito necessita para sua evolução, pois que somente na experiência reencarnatória terá condições de reorganizar a sua estrutura desequilibrada por ações que praticou em desacordo com a Lei Divina.

Pais que se julgam despreparados para superarem determinados testes, passando a agir de maneira irresponsável, fugindo às próprias obrigações para com os mecanismos da lei de causa e efeito, pode ocasionar o agravamento do problema, comprometendo toda a programação reencarnatória, adiando, não raro, para muito longe, a reparação e a retomada do crescimento espiritual.

Pois, os pais, na grande maioria das vezes, estão comprometidos com o problema e precisam igualmente passar por essa experiência reeducativa. Mas lembremos do mais importante: ELES, ANTES DE SER NOSSOS FILHOS, SÃO FILHOS DE DEUS! E se Ele permitiu que aquela criança se formasse, com ou sem defeito físico, e que vivesse minutos, horas, dias, meses ou anos, algum sentido tem. Como disseram os Espíritos na questão 336 de “O Livro dos Espíritos”, “nada se cria sem que à criação presida um desígnio (plano)”, ou seja, Deus não cria nada, sem que haja um plano para Sua criação. Afinal, Deus não é perfeito? Como vemos, com os ensinamentos dos Espíritos, coletados por Kardec, temos a chance de errarmos menos perante a Lei Divina.


Compilação de Rudymara do grupo de Estudo Allan Kardec (http://grupoallankardec.blogspot.com)