O
sexo é departamento importante do aparelho genésico criado com a finalidade
específica para a procriação. Responsável pela reprodução dos seres
vivos, constitui extraordinário investimento da vida, que o vem aperfeiçoando
através dos milênios, a fim de o transformar em feixe de elevadas emoções que exaltam
a Criação.
Quando
compreendido nos objetivos para os quais foi elaborado transforma-se em fonte
geradora de felicidade, emulando ao amor e à ternura que expressa em forma de vitalidade
e de bem-estar. Quando aviltado por qualquer forma de manifestação incorreta, faz-se
cadeia retentora do ser na paisagem sórdida à qual foi atirado.
Acionado
pelo instinto, manifesta-se automaticamente por meio de impulsos que induzem à
coabitação para o milagre da criação de novas formas de vida. Responsável pelo
invólucro material, responde pela bênção de proporcionar o instrumento corporal,
mediante o qual o Espírito evolve no rumo do Infinito.
Com
características próprias em cada fase do processo evolutivo, no ser humano
alcança o seu estágio mais elevado, por vincular-se às emoções, lentamente
superando as sensações mais primárias por onde passou no período das
experiências iniciais da forma animal. Responsável pelos grandes
envolvimentos na arte, na beleza, na fé, no conhecimento científico e
filosófico, é sede de valores ainda não desvelados.
Em
razão das explosões iniciais dos impulsos mais animalizados, vem
governando a sociedade humana através dos tempos, constituindo-se
instrumento de crimes hediondos e de guerras lancinantes, destrutivas, gerando
consequências imprevisíveis para a sociedade de todas as épocas.
Homens
e mulheres de destaque na História utilizaram-no para fins ignóbeis, entregando-se
a aberrações que celebrizaram determinados povos e períodos,
assinalados pelas suas orgias e inomináveis aberrações chocantes que, no
entanto, obedeciam às paixões dominantes.
Da
mesma forma, produziu manifestações de sentimentos afetivos celebrados em
Obras de incomparável beleza, em que a renúncia e a abnegação, o
sacrifício e o holocausto se transformaram em opções únicas para dignificá-lo.
Profundamente arraigado na
instrumentalidade material, encontram-se as suas gêneses no ser profundo, no
Espírito que, habituado às suas imposições, transfere de uma para outra
existência aspirações e desejos que, não atendidos, se transformam em conflitos
e sofrimentos dilaceradores, mas quando vivenciados se expressam através de estímulos para o
crescimento interior e para a conquista da plenitude.
Inegavelmente,
na raiz de inumeráveis aspirações e anseios do coração, encontra-se
a libido como desencadeadora de motivações, mesmo que de forma sub-reptícia, o
que induziu Freud a conceder-lhe valor excessivo. É incontestável a
ação do sexo no comportamento da criatura humana, merecendo estudos cuidadosos
e enobrecedores, a fim de ser avaliado no grau e no significado que possui.
Os
seus impulsos e predominância no comportamento são tão vigorosos que
vão além do corpo físico e imprimem-se nos tecidos sutis do ser espiritual,
continuando com as suas manifestações de variada ordem, exigindo respostas que,
não sendo de superação e sublimação, geram caos emocional e revinculam
o ser ao carro orgânico que já se consumiu.
Mediante
a ideoplastia, à fixação nas suas sensações, revigora a necessidade que se
transforma em tormento no Além-Túmulo, conduzindo de volta aos
estágios perturbadores da organização somática. É, nessa fase, nesse terrível
transtorno, que surgem as auto-obsessões, as obsessões que são
impostas às criaturas terrenas que estagiam na mesma faixa de desejos ou entre
os desencarnados do mesmo nível vibratório.
Reunidos
em grupos afins, as suas exteriorizações morbíficas eliminam energias de baixa
qualidade, que se convertem em elemento construtor de regiões infelizes onde
enxameiam em convulsões penosas e retêm aqueles que se lhes fazem vítimas,
demorando-se por tempo indeterminado até que a exaustão dos sentidos e o tédio
os induzam a mudanças de atitude, permitindo-se a ajuda do Amor que os
libertará da injunção exaustiva e penosa.
Quando
emulado pelo amor, seu dínamo possuidor de inesgotáveis reservas de energias, altera
a manifestação e conduz-se rico de estímulos que fomentam a coragem, propiciam
o bom ânimo, o desejo de luta e de crescimento, alterando a estrutura
interna do ser humano e a condição da Humanidade que se transforma para melhor.
Diante
dos grandes eventos da cultura, da arte, do pensamento, da fé, pergunte-se ao
amor, o que constituiu razão para essa realidade, e ele
responderá que foram os sentimentos de ternura e de envolvimento afetivo, sem
os quais não se teria força nem valor para resistir às investidas da rebeldia,
nem às incessantes provas desafiadoras, ante as quais, somente os
fortes, aqueles que estão estruturados na coragem e seguros dos objetivos que
perseguem, conseguem ultrapassar.
O
amor é o mais vigoroso instrumento de incitação para os logros que parecem impossíveis
de conquistados. Ele se manifesta através de mil faces, expressando-se em todas
as aspirações do enternecimento, da comunhão afetiva, da
fusão dos sentimentos, que seriam o êxtase da plenitude do sexo no seu sentido
mais elevado e puro.
Por
enquanto, todavia, o sexo tem sido objeto de servidão e de abjeção,
manifestando-se na loucura que grassa na Terra carente de ideais de
enobrecimento e repleta de desaires afligentes. Como mecanismo de fuga
dos compromissos de luta e de renovação, milhões de criaturas estúrdias e
ansiosas atiram-se aos resvaladouros das paixões sexuais,
procurando, no prazer imediato e relaxante, o que não conseguem através dos
esforços renovadores do amor sem jaca e do bem sem retribuição. Eis por que, a
obsessão do sexo, decorrente do seu uso e sempre exigente de mais prazer,
apresenta-se dominadora na sociedade terrestre dos nossos dias.
Cada
vez mais chocantes, as suas manifestações alargam-se arrastando jovens e crianças
inadvertidos ao paul da depravação, face à naturalidade com que
os veículos de comunicação de massa exibem-no em atitudes
deploráveis e aterradoras a princípio, para se tornarem naturais depois,
através da saturação e da exorbitância, tornando-se mais grave a situação das
suas vítimas, e mais controvertidos os métodos de reeducação e preservação da
saúde emocional, psíquica e moral da criatura humana que lhe tomba nas malhas
bem delicadas mas vigorosas.
Simultaneamente,
as legiões de Espíritos viciosos e dependentes dos fluidos
degenerativos das sensações perversas, sincronizam suas mentes nesses
comportamentos doentios, passando a sofrer-lhes as injunções morbosas e devastadoras. A
cada dia, mais difícil se torna a saúde sexual das pessoas, em razão desses e
de outros fatores que procedem de reencarnações transatas, nas quais se
comprometeram com os usos indevidos da função sexual, ou utilizaram-se do sexo
para fins ignóbeis.
Essa
atitude gera processos danosos que as afligem, e obrigam-nas a
retornar ao proscênio terrestre em situações deploráveis, atormentadas ante a
multiplicidade de conflitos de comportamento, para logo tombarem
nas viciações que ora predominam nos grupamentos sociais, fazendo-as vítimas de
si mesmas e de outros do mesmo tipo, que se lhes acoplam em processos complexos
de obsessões perversas e devastadoras.
Destituído
de equipamentos sexuais, o Espírito é neutro na forma da expressão genésica, possuindo
ambas as polaridades em que o sexo se expressa, necessitando, através da
reencarnação, de experienciar uma como outra manifestação, a fim de desenvolver
sentimentos que são compatíveis com os hormônios que produzem. Face
a essa condição, assume uma ou outra postura sexual, devendo desenvolvê-la e
vivenciá-la com dignificação, evitando comprometimentos que exigem retornos
dolorosos ou alterações orgânicas sem a perda dos conteúdos emocionais ou
psicológicos.
Isto
equivale dizer que, toda vez quando abusa de uma função, volta a vivenciá-la, a fim
de recuperá-la, mediante processos limitadores, inibitórios ou castradores.
Todavia, se insiste em perverter-se, atendendo mais aos impulsos do que à
razão, dominado pelo instinto antes que pelo sentimento, retorna
em outra polaridade que não o capacita para a sua manifestação conforme
desejara, correndo o risco de canalização das energias de forma equivocada. Em
assim acontecendo, o fenômeno se torna mais grave, produzindo danos
perispirituais que irão exteriorizar-se em transtornos profundos da
personalidade e da aparelhagem genésica.
Face
aos processos evolutivos, muitos Espíritos transitam na Terra na
condição homossexual, o que não lhes permite comportamentos viciosos, estando
previsto para o futuro, um número tão expressivo que chamará a atenção dos
psicólogos, sociólogos, pedagogos, que deverão investir melhores e mais
amplos estudos em torno dos hábitos humanos e da sua conduta sexual.
Jamais,
porém, se deve esquecer que o sexo, como qualquer outro órgão que
constitui o corpo, foi elaborado para a vida e não está para aquele.
Respeitar-lhe a função, utilizar-se dela com dignidade e elevação, reflexionar
em torno dos objetivos da vida, fazem parte do compromisso para com a
existência, sem o que são programados dores e conflitos muitos graves durante o
trânsito das reencarnações.
Assim
considerando, o abuso na conduta sexual e o seu abastardamento, na busca
atormentada de prazeres mórbidos, constituem grave desrespeito às Leis
Soberanas, cujo resgate se torna difícil e de longo curso em províncias de
sombra e de dores acerbas. Nesta noite está programado o encontro com um dos
Espíritos infelizes que responde pela inspiração da onda de loucura e
insensatez na vivência do sexo e das suas manifestações.
As
lamentáveis e alucinadas propostas que apresentou à sociedade do seu tempo e as
aberrações monstruosas geradas pela sua mente insana, que se distenderam pela
Terra a partir das suas narrações soturnas e cruas, de alguma forma já eram
conhecidas da Humanidade. Ei-las presentes nos hediondos
espetáculos de Sodoma e Gomorra, da Babilónia, de Pompéia, da Grécia e de Roma
com os seus atormentados imperadores, de algumas cortes devassas da Idade
Média, havendo, porém, encontrado maior ressonância e aceitação pelos
infelizes após as vivências do inditoso marquês de Sade. Ele trouxe-as de
experiências anteriores e ressumaram dos porões do seu inconsciente ultrajado,
para oferecê-las como realizações de prazer aos desafortunados enfermos que,
somente através das abjeções, da selvageria e da animalidade, lograriam
proporcionar prazer nas suas buscas sexuais.
Gerando
obsessões incomuns, em face das vinculações que as suas esdrúxulas práticas
propõem aos seus escravos, a legião de infelizes e infelicitadores é
expressiva e aterradora ainda hoje na Terra. Somente através da compaixão
elevada a uma grande potência é que podemos joeirar esse solo sáfaro e
pedregoso sob um aspecto e pantanoso e pútrido sob outro, que é o da área
genésica do ser humano, quando desrespeitada, a fim de semear equilíbrio e
harmonia indispensáveis à comunhão feliz das almas.
Ante
a situação deplorável em que muitos estorcegam nas apertadas malhas dos vícios
sexuais e daqueles outros que os acompanham, tais como o alcoolismo, o
tabagismo, a toxicodependência, a banalização dos valores éticos e da vida, a
Lei de destruição, conforme assevera Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, exercerá
a sua função, destruindo para renovar, isto é, chamando ao sofrimento e aos
desastres coletivos, às aflições chocantes, às lutas ensandecidas, aos trágicos
acontecimentos, para que, por fim, os Espíritos rebeldes despertem para a
realidade, para o significado da existência terrena, para os objetivos que
têm pela frente, utilizando-se do corpo, do sexo, mas não vivendo apenas e
exclusivamente deles ou para eles. Esse abuso resultante da
utilização descabida responde pela loucura generalizada que a Vida se
encarregará de eliminar.
A
dor, a grande missionária silenciosa e dignificadora, lentamente trabalhará o
ser humano, admoestando-o, esclarecendo-o e conduzindo-o à estrada reta, na
qual se utilizará dos tesouros que se encontram em toda parte para a auto
iluminação e o crescimento na direção de Deus.
Nesse
comenos, as suas funções genésicas serão transformadas em fontes de
energia construtiva e trabalharão as imagens superiores que serão criadas pela
mente e pelos desejos elevados, a fim de que se tornem também
co-criadoras do belo, do útil, do nobre e do feliz. Até
esse momento, passarão muitos séculos de dor e de prova, nos quais o ser
humano, por livre opção, ainda preferirá as obsessões calamitosas e as paixões
dissolventes à sintonia com a Divindade e à intuição libertadora do
primarismo que, por enquanto, caracteriza-o.
Compilado
por Harmonia Espiritual do livro “Sexo e Obsessão” de Manoel Philomeno de
Miranda (espírito) e Divaldo P. Franco