Parte I – Plano Físico – Eletricidade
Assim, teórica e praticamente observamos a
transmutação das ideias de um ser para outro, no ponto exato da transformação
das ondas. Mas resta‐nos ainda ver o processo
da comunicação
propriamente
dita.
Transmissão e Recepção: O mecanismo de comunicação (transmissão e
recepção) do rádio obedece, em linhas gerais simplificadas ao seguinte:
1º estágio: A Pessoa fala, produzindo
ondas acústicas; estas ferem o microfone, fazendo‐lhe vibrar a lâmina, que transmite essas
ondas em corrente variável a uma válvula amplificadora.
Esta aumenta muito os sinais e os envia ao
aparelho transmissor, que as transforma em ondas
hertzianas, fixando‐lhes a frequência; e a
potência, modulando‐as e lançando‐as pela torre de
transmissão.
2º estágio: As ondas hertzianas correm
pelo ar atmosférico e batem em todas as antenas, penetrando todos os ambientes, tenham ou não aparelhos receptores:
a atmosfera terrestre está permanentemente saturada de ondas hertzianas
provenientes de todas as estações transmissoras do globo.
3º estágio: Um aparelho especializado
(receptor) recebe todas essas
ondas. Mas o ouvinte escolhe, por meio de seu
condensador variável, qual das ondas ele quer ouvir.
Sintonizado o aparelho na mesma frequência
que a da estação transmissora que ele deseja, a corrente das ondas hertzianas é
novamente ampliada por uma válvula, depois retificada para corrente direta por
outra, sendo então levada ao alto‐falante, que transforma os impulsos elétricos em ondas acústicas, as quais são
percebidas pelos ouvidos do interessado.
Funcionamento físico da mediunidade: Examinando o 1º estágio
(efetuado pelo Espírito comunicante) vemos que suas palavras são inicialmente
moduladas para poderem ser percebidas. Essa modulação requer um estado especial de vibração dele
próprio.
Não é
qualquer Espírito que,
falando em qualquer situação, consegue
ser percebido. Se assim fora, os médiuns suportariam um pandemônio de vozes
misturadas, que se tornariam incompreensíveis.
Mas, tal como o transmissor, o Espírito tem
que saber fixar a frequência de sua
onda, que só poderá ser percebida pelo aparelho que com ele sintonize.
Essas vibrações discursivas podem ser transmitidas de duas maneiras:
1. Mediante ligação direta aos centros nervosos
(plexos, Chakras) do aparelho, que as registra e reproduz automaticamente
(embora possa ser conscientemente, já que uma coisa não exclui a outra).
2. Mediante recepção das ondas, sem ligação (sem
fio). Essa duplicidade de Processos explica certos pormenores:
2.1. Por que alguns
Espíritos, ao incorporar, guardam a pronúncia típica (pretos velhos, por
exemplo) ou só falam no próprio idioma? Porque a transmissão é direta (por fio fluídico) e a reprodução é automática.
2.2. Por que um Espírito de,
por exemplo, um alemão que nunca esteve no Brasil nem jamais aprendeu o
português, se comunica neste idioma, sem qualquer sotaque? Porque a transmissão é feita
em ondas-pensamento, e são
captadas as ideias e traduzidas em sons pelo cérebro do médium, em palavras
suas (isto é, em palavras do médium).
2.3. Por que certos médiuns ignorantes falam
línguas estrangeiras ou dão comunicações de assuntos que não conhecem? Porque a ligação é direta e a
comunicação é automática. Mais tarde isso será visto com mais pormenores no
capítulo da biologia.
2.4. Por que certos Espíritos
dizem que não podem falar sobre isto ou aquilo por meio deste médium, alegando
que o aparelho, por desconhecer o assunto, não lhe fornece material para a
comunicação? Porque este médium trabalha sem ligação direta, captando as ondas-pensamento, e teria
que traduzi-las em palavras suas, tiradas de seu cérebro.
Ora, se não conhece o vocabulário especializado
técnico, ou se não tiver noções, por exemplo, de anatomia, não poderá
entender nem mesmo as ideias, quanto mais reproduzir os pensamentos com
palavras suas.
2.5. Por que durante certas comunicações
automáticas o médium fica inconsciente e em outras permanece consciente? Durante as comunicações o médium sempre tem consciência do que diz. Mas
quando termina é que vem o esquecimento.
Isso se dá sobretudo, quando a comunicação é feita por meio de sono hipnótico,
sendo o agente o Espírito e paciente o médium.
Verificamos, pois, que o Espírito não precisa estar presente para dar a comunicação. Pode
irradiar seu pensamento de distâncias grandes e ser recebido pelo médium. Daí o
erro de mandar que o vidente comprove a incorporação, para evitar
mistificações. Disso falaremos ao estudar a vidência. A essa transmissão à
distância chamam alguns telemediunidade.
Examinando o 2º estágio compreendemos que as
ondas são enviadas indistintamente ao ambiente (se não houver ligação direta),
e, portanto, recebidas por quem esteja
sintonizado com elas. De modo geral há um médium que as recebe. Mas pode
acontecer que sejam recebidas por dois ou mais médiuns concomitantemente (ou
que nenhum dos presentes as receba).
Nesse caso, se são da mesma sensibilidade, a
comunicação de ambos é igual ou quase. Se são de sensibilidade diferente, cada um deles apanhara aquilo de que for
capaz. Isso explica o motivo de ligação (leitmotiv) que muitas vezes ocorre
nas sessões em que vários médiuns ferem o mesmo assunto, embora com palavras
diferentes.
Todos receberam a mesma mensagem, mas cada um
as traduziu segundo sua própria capacidade. Por que falar em plágio? No 3º
estágio compreendemos a importância da sintonia. No rádio, procuramos a
sintonia por meio do condensador variável. Na mediunidade, com a elevação ou a redução das vibrações, até que sejam
harmônicas.
Aberta a sessão, alguns aparelhos nada
sentem. Se permanecerem em oração (ligados
ao Gerador) esquentando o aparelho e elevando
a frequência, podem atingir determinado grau e receber uma estação
transmissora.
Se permanecerem distraídos, sintonizados com seus problemas, nada recebem, ou então
só recebem comunicações de espíritos que estejam na mesma faixa vibratória.
Isso ocasiona que as comunicações de certos médiuns sejam sempre semelhantes:
eles alimentam a monoideia, e só percebem “estações” que estejam naquela faixa.
Captadas as ondas‐pensamento, o aparelho mediúnico as retifica, através
do cérebro, modulando o pensamento‐palavra, transformando‐as em ondas‐acústicas (palavras
discursivas), sonorizando‐as através do aparelho
fonador (alto‐falante) ou as escreve
(transformando‐as em imagens
convencionais), mas sempre com suas próprias palavras e estilo (a não ser que a
ligação tenha sido feita por fio, ligado aos Chakras, agindo sobre os centros
nervosos do corpo e prescindindo da “válvula retificadora” do médium).
Examinemos algumas perturbações que podem
ocorrer na recepção de ondas radiofônicas: a “imagem”, o “fading” e a
interferência.
Imagem: Chama‐se assim à sintonia de
determinada frequência em outra frequência, ou seja, à recepção de uma onda em cima de outra, ou de uma estação em
outra. A imagem
é
dada pela soma da rádio onda (RO) mais a
frequência intermediária (FI) do aparelho receptor.
Ora, ocorre que cada receptor tem sua FI fixa e determinada no momento da montagem.
Então, se a FI é baixa, acontece que pode produzir‐se uma imagem de uma
estação em outra. Para facilitar a compreensão, tomemos como exemplo a faixa de
ondas médias, que vai de 550 a 1600 khs.
Suponhamos que a FI do aparelho seja 400. Se sintonizamos nosso rádio em 1200 khs,
acontece que captamos a estação de 1200 khs, mais a imagem da estação de 800 khs (porque 800 + 400 = 1200).
Então, para evitar as imagens, os aparelhos radiofônicos são montados com Fl
elevadas (por exemplo, de 1.100 para cima). Dessa forma, mesmo a estação de
mais baixa frequência (550 khs) cairá fora da faixa (550 + 1.100 = 1. 650),
evitando a formação de imagens.
Elevação de pensamentos: Muito importante o
conhecimento desse fato. Com efeito, cada criatura humana possui sua frequência intermediária (FI) de
determinado valor. Ocorre então que, se a FI for baixa, a recepção das
ondas do Espírito comunicante poderá somar‐se ao pensamento do aparelho receptor de tal
forma que prejudique a pureza das ideias transmitidas.
Porque, de fato, a mistura da RO do Espírito desencarnado com a FI do médium sempre haverá. Só se excetua o caso de ligação direta por fio fluídico
(equivalente à ligação telefônica). Mas, quando a RO do Espírito é mais forte
(60% pelo menos) a comunicação ainda pode considerar‐se boa.
Percentagem mais baixa não é aceitável, já
que faz que a mensagem perca a autenticidade. O remédio para obviar a esse mal
será elevar a FI da criatura de tal
modo, que não produza imagens em qualquer dás ondas da faixa em que está
trabalhando na recepção.
Essa elevação da FI equivale ao combate sistemático a tudo o que reduza as vibrações,
como vaidade, orgulho, pretensão, mágoa, ressentimento, ciúmes, críticas, etc.
Havendo qualidades positivas (humildade, amor, espírito de serviço
desinteressado) a FI da criatura
permanece alta, afastando‐se o
perigo de imagens.
Fading: É o
nome dado à variação de intensidade,
na entrada da onda no aparelho radiofônico. A onda começa forte, depois vai
enfraquecendo e desaparecendo até um mínimo, para crescer logo em seguida, numa
oscilação periódica. Interessante observar que o fading se verifica quase que
somente nas ondas curtas.
A correção do fading pode obter‐se com o fortalecimento do
circuito do amplificador, de modo que fixe o máximo e o mínimo de uma faixa
audível.
Vigilância dos médiuns: Na mediunidade é comum
ocorrer o mesmo fenômeno, sobretudo quando o transmissor é de onda curta (Espíritos mais elevados).
Ao perceber o médium que o Espírito
comunicante (estação transmissora) é de
elevada categoria astral, começa a sentir‐se satisfeito (vaidoso) de servir de
intermediário, o que enfraquece
imediatamente a recepção.
Doutras vezes pode distrair‐se com problemas seus, e
então titubeia ou ainda ocorre que o comunicante pode dar um impulso, e depois
deixar que o médium prossiga por si na explanação do assunto, a fim de exercitá‐lo: pode então o aparelho perder o fio e produzir
um fading. E outras causas: distrações, falta de concentração do aparelho da
corrente, etc.
Remédios,
portanto, são:
firmeza de concentração (o intelecto vazio de pensamentos); sentimento de
humildade e amor desinteressado; e sobretudo atenção à sequência de ideias que
forem sendo recebidas.
Interferência: É a intromissão de uma onda estranha, no aparelho,
perturbando a recepção. A interferência pode ter diversas causas:
a) Transmissão de onda de
frequência muito próxima. O transmissor irradia em frequência determinada, que
se chama onda portadora; assim mesmo, existe uma oscilação de cerca de
10.000 ciclos por segundo em cada lado. Por isso, se outro transmissor emitir dentro desse limite, há uma interferência.
Essa é a razão por que as estações de
broadcasting estão distantes uma da outra, no mínimo, em 40.000 ciclos (... 860
‐ 900 ‐ 940 ‐ 980 ‐ 1020 ‐ 1060 kcs);
b) Uma ruptura ou fechamento
de circuito estranho, ou seja, quando se liga ou desliga qualquer aparelho
elétrico, o receptor registra estalidos característicos, que todos conhecemos;
c) Funcionamento de motores
de centelha ou explosão, que produzem oscilações eletromagnéticas, repercutindo
no receptor com zumbidos e roncos continuados, chegando, por vezes, a impedir a
recepção.
Espíritos perturbadores: Da mesma forma, nas
transmissões de ondas de pensamento (com muito mais efeito, porque muito mais
sutis e delicadas) ocorrem tais interferências:
1)
Ciclagem próxima:
pode acontecer que dois Espíritos de vibração vizinha emitam pensamentos de forma a interferir um, na mensagem do
outro. O mais comum é ocorrer isso entre a mensagem do Espírito e a mente
do médium, sobretudo quando se trata do guia ou mentor.
Isto porque, de modo geral, o guia tem uma
frequência muito próxima da de seu aparelho. E explica‐se: se assim não fora, não
se lhe poderia agregar como guia, já que
isso requer sintonia vibratória entre os dois. Daí o cuidado que devemos
ter, examinando cuidadosamente as mensagens dos guias, para descobrir se
existem interferências do pensamento do aparelho mediúnico.
2) Quando há ruptura de
corrente na mesa mediúnica, ocorrem interrupções na transmissão de mensagens,
que se tornam fracas, por vezes perdendo mesmo a sequência de sentido. Também
pode acontecer que, de fora, venham interrupções, provenientes de mentes desencarnadas,
ou de mentes encarnadas. E essas centelhas podem ser tão violentas, que rompam
a ligação entre transmissor (Espírito) e receptor (médium).
3) A terceira interferência
(que difere da segunda por ser continuada) provém, quase sempre, da
assistência, especialmente pela presença
de pessoas totalmente descrentes, que duvidam e se opõem aos fenômenos, com
seu pensamento. A assuada de ondas‐pensamento pode ser tão forte, que impeça o
recebimento de mensagens.
Isso explica por que os médiuns, quando
levados a ambientes hostis para dar provas, com frequência nada produzam: não conseguem receber a onda
irradiada, em vista das interferências existentes que a cobrem.
Essa também a razão por que nos dias de grande movimentação popular
(por exemplo, durante o carnaval) não se devem realizar sessões mediúnicas:
as interferências são muito grandes e podem perturbar totalmente os aparelhos
receptores humanos, tal como centelhas muito violentas podem causar prejuízos
sérios nos rádios e televisões, queimando resistências e até válvulas.
TÉCNICA DA MEDIUNIDADE
Carlos Torres Pastorino
Originalmente publicado em 1968
Pela Editora Sabedoria