Técnica da Mediunidade – 5 parte

Parte I – Plano Físico – Eletricidade

Assim, teórica e praticamente observamos a transmutação das ideias de um ser para outro, no ponto exato da transformação das ondas. Mas restanos ainda ver o processo da comunicação propriamente dita.

Transmissão e Recepção: O mecanismo de comunicação (transmissão e recepção) do rádio obedece, em linhas gerais simplificadas ao seguinte:

1º estágio: A Pessoa fala, produzindo ondas acústicas; estas ferem o microfone, fazendolhe vibrar a lâmina, que transmite essas ondas em corrente variável a uma válvula amplificadora.

Esta aumenta muito os sinais e os envia ao aparelho transmissor, que as transforma em ondas hertzianas, fixandolhes a frequência; e a potência, modulandoas e lançandoas pela torre de transmissão.


2º estágio: As ondas hertzianas correm pelo ar atmosférico e batem em todas as antenas, penetrando todos os ambientes, tenham ou não aparelhos receptores: a atmosfera terrestre está permanentemente saturada de ondas hertzianas provenientes de todas as estações transmissoras do globo.

3º estágio: Um aparelho especializado (receptor) recebe todas essas ondas. Mas o ouvinte escolhe, por meio de seu condensador variável, qual das ondas ele quer ouvir.


Sintonizado o aparelho na mesma frequência que a da estação transmissora que ele deseja, a corrente das ondas hertzianas é novamente ampliada por uma válvula, depois retificada para corrente direta por outra, sendo então levada ao altofalante, que transforma os impulsos elétricos em ondas acústicas, as quais são percebidas pelos ouvidos do interessado.

Funcionamento físico da mediunidade: Examinando o 1º estágio (efetuado pelo Espírito comunicante) vemos que suas palavras são inicialmente moduladas para poderem ser percebidas. Essa modulação requer um estado especial de vibração dele próprio.

Não é qualquer Espírito que, falando em qualquer situação, consegue ser percebido. Se assim fora, os médiuns suportariam um pandemônio de vozes misturadas, que se tornariam incompreensíveis.

Mas, tal como o transmissor, o Espírito tem que saber fixar a frequência de sua onda, que só poderá ser percebida pelo aparelho que com ele sintonize. Essas vibrações discursivas podem ser transmitidas de duas maneiras:

1. Mediante ligação direta aos centros nervosos (plexos, Chakras) do aparelho, que as registra e reproduz automaticamente (embora possa ser conscientemente, já que uma coisa não exclui a outra).

2. Mediante recepção das ondas, sem ligação (sem fio). Essa duplicidade de Processos explica certos pormenores:

2.1. Por que alguns Espíritos, ao incorporar, guardam a pronúncia típica (pretos velhos, por exemplo) ou só falam no próprio idioma? Porque a transmissão é direta (por fio fluídico) e a reprodução é automática.

2.2. Por que um Espírito de, por exemplo, um alemão que nunca esteve no Brasil nem jamais aprendeu o português, se comunica neste idioma, sem qualquer sotaque? Porque a transmissão é feita em ondas-pensamento, e são captadas as ideias e traduzidas em sons pelo cérebro do médium, em palavras suas (isto é, em palavras do médium).

2.3. Por que certos médiuns ignorantes falam línguas estrangeiras ou dão comunicações de assuntos que não conhecem? Porque a ligação é direta e a comunicação é automática. Mais tarde isso será visto com mais pormenores no capítulo da biologia.

2.4. Por que certos Espíritos dizem que não podem falar sobre isto ou aquilo por meio deste médium, alegando que o aparelho, por desconhecer o assunto, não lhe fornece material para a comunicação? Porque este médium trabalha sem ligação direta, captando as ondas-pensamento, e teria que traduzi-las em palavras suas, tiradas de seu cérebro.

Ora, se não conhece o vocabulário especializado técnico, ou se não tiver noções, por exemplo, de anatomia, não poderá entender nem mesmo as ideias, quanto mais reproduzir os pensamentos com palavras suas.

2.5. Por que durante certas comunicações automáticas o médium fica inconsciente e em outras permanece consciente? Durante as comunicações o médium sempre tem consciência do que diz. Mas quando termina é que vem o esquecimento. Isso se dá sobretudo, quando a comunicação é feita por meio de sono hipnótico, sendo o agente o Espírito e paciente o médium.

Verificamos, pois, que o Espírito não precisa estar presente para dar a comunicação. Pode irradiar seu pensamento de distâncias grandes e ser recebido pelo médium. Daí o erro de mandar que o vidente comprove a incorporação, para evitar mistificações. Disso falaremos ao estudar a vidência. A essa transmissão à distância chamam alguns telemediunidade.

Examinando o 2º estágio compreendemos que as ondas são enviadas indistintamente ao ambiente (se não houver ligação direta), e, portanto, recebidas por quem esteja sintonizado com elas. De modo geral há um médium que as recebe. Mas pode acontecer que sejam recebidas por dois ou mais médiuns concomitantemente (ou que nenhum dos presentes as receba).

Nesse caso, se são da mesma sensibilidade, a comunicação de ambos é igual ou quase. Se são de sensibilidade diferente, cada um deles apanhara aquilo de que for capaz. Isso explica o motivo de ligação (leitmotiv) que muitas vezes ocorre nas sessões em que vários médiuns ferem o mesmo assunto, embora com palavras diferentes.

Todos receberam a mesma mensagem, mas cada um as traduziu segundo sua própria capacidade. Por que falar em plágio? No 3º estágio compreendemos a importância da sintonia. No rádio, procuramos a sintonia por meio do condensador variável. Na mediunidade, com a elevação ou a redução das vibrações, até que sejam harmônicas.

Aberta a sessão, alguns aparelhos nada sentem. Se permanecerem em oração (ligados ao Gerador) esquentando o aparelho e elevando a frequência, podem atingir determinado grau e receber uma estação transmissora.

Se permanecerem distraídos, sintonizados com seus problemas, nada recebem, ou então só recebem comunicações de espíritos que estejam na mesma faixa vibratória. Isso ocasiona que as comunicações de certos médiuns sejam sempre semelhantes: eles alimentam a monoideia, e só percebem “estações” que estejam naquela faixa.

Captadas as ondaspensamento, o aparelho mediúnico as retifica, através do cérebro, modulando o pensamentopalavra, transformandoas em ondasacústicas (palavras discursivas), sonorizandoas através do aparelho fonador (altofalante) ou as escreve (transformandoas em imagens convencionais), mas sempre com suas próprias palavras e estilo (a não ser que a ligação tenha sido feita por fio, ligado aos Chakras, agindo sobre os centros nervosos do corpo e prescindindo da “válvula retificadora” do médium).

Examinemos algumas perturbações que podem ocorrer na recepção de ondas radiofônicas: a “imagem”, o “fading” e a interferência.

Imagem: Chamase assim à sintonia de determinada frequência em outra frequência, ou seja, à recepção de uma onda em cima de outra, ou de uma estação em outra. A imagem é dada pela soma da rádio onda (RO) mais a frequência intermediária (FI) do aparelho receptor.

Ora, ocorre que cada receptor tem sua FI fixa e determinada no momento da montagem. Então, se a FI é baixa, acontece que pode produzirse uma imagem de uma estação em outra. Para facilitar a compreensão, tomemos como exemplo a faixa de ondas médias, que vai de 550 a 1600 khs.

Suponhamos que a FI do aparelho seja 400. Se sintonizamos nosso rádio em 1200 khs, acontece que captamos a estação de 1200 khs, mais a imagem da estação de 800 khs (porque 800 + 400 = 1200). Então, para evitar as imagens, os aparelhos radiofônicos são montados com Fl elevadas (por exemplo, de 1.100 para cima). Dessa forma, mesmo a estação de mais baixa frequência (550 khs) cairá fora da faixa (550 + 1.100 = 1. 650), evitando a formação de imagens.

Elevação de pensamentos: Muito importante o conhecimento desse fato. Com efeito, cada criatura humana possui sua frequência intermediária (FI) de determinado valor. Ocorre então que, se a FI for baixa, a recepção das ondas do Espírito comunicante poderá somarse ao pensamento do aparelho receptor de tal forma que prejudique a pureza das ideias transmitidas.

Porque, de fato, a mistura da RO do Espírito desencarnado com a FI do médium sempre haverá. Só se excetua o caso de ligação direta por fio fluídico (equivalente à ligação telefônica). Mas, quando a RO do Espírito é mais forte (60% pelo menos) a comunicação ainda pode considerarse boa.

Percentagem mais baixa não é aceitável, já que faz que a mensagem perca a autenticidade. O remédio para obviar a esse mal será elevar a FI da criatura de tal modo, que não produza imagens em qualquer dás ondas da faixa em que está trabalhando na recepção.

Essa elevação da FI equivale ao combate sistemático a tudo o que reduza as vibrações, como vaidade, orgulho, pretensão, mágoa, ressentimento, ciúmes, críticas, etc. Havendo qualidades positivas (humildade, amor, espírito de serviço desinteressado) a FI da criatura permanece alta, afastandose o perigo de imagens.

Fading: É o nome dado à variação de intensidade, na entrada da onda no aparelho radiofônico. A onda começa forte, depois vai enfraquecendo e desaparecendo até um mínimo, para crescer logo em seguida, numa oscilação periódica. Interessante observar que o fading se verifica quase que somente nas ondas curtas.

A correção do fading pode obterse com o fortalecimento do circuito do amplificador, de modo que fixe o máximo e o mínimo de uma faixa audível.

Vigilância dos médiuns: Na mediunidade é comum ocorrer o mesmo fenômeno, sobretudo quando o transmissor é de onda curta (Espíritos mais elevados).

Ao perceber o médium que o Espírito comunicante (estação transmissora) é de elevada categoria astral, começa a sentirse satisfeito (vaidoso) de servir de intermediário, o que enfraquece imediatamente a recepção.

Doutras vezes pode distrairse com problemas seus, e então titubeia ou ainda ocorre que o comunicante pode dar um impulso, e depois deixar que o médium prossiga por si na explanação do assunto, a fim de exercitálo: pode então o aparelho perder o fio e produzir um fading. E outras causas: distrações, falta de concentração do aparelho da corrente, etc.

Remédios, portanto, são: firmeza de concentração (o intelecto vazio de pensamentos); sentimento de humildade e amor desinteressado; e sobretudo atenção à sequência de ideias que forem sendo recebidas.

Interferência: É a intromissão de uma onda estranha, no aparelho, perturbando a recepção. A interferência pode ter diversas causas:

a) Transmissão de onda de frequência muito próxima. O transmissor irradia em frequência determinada, que se chama onda portadora; assim mesmo, existe uma oscilação de cerca de 10.000 ciclos por segundo em cada lado. Por isso, se outro transmissor emitir dentro desse limite, há uma interferência.

Essa é a razão por que as estações de broadcasting estão distantes uma da outra, no mínimo, em 40.000 ciclos (... 860 900 940 980 1020 1060 kcs);

b) Uma ruptura ou fechamento de circuito estranho, ou seja, quando se liga ou desliga qualquer aparelho elétrico, o receptor registra estalidos característicos, que todos conhecemos;

c) Funcionamento de motores de centelha ou explosão, que produzem oscilações eletromagnéticas, repercutindo no receptor com zumbidos e roncos continuados, chegando, por vezes, a impedir a recepção.

Espíritos perturbadores: Da mesma forma, nas transmissões de ondas de pensamento (com muito mais efeito, porque muito mais sutis e delicadas) ocorrem tais interferências:

1) Ciclagem próxima: pode acontecer que dois Espíritos de vibração vizinha emitam pensamentos de forma a interferir um, na mensagem do outro. O mais comum é ocorrer isso entre a mensagem do Espírito e a mente do médium, sobretudo quando se trata do guia ou mentor.

Isto porque, de modo geral, o guia tem uma frequência muito próxima da de seu aparelho. E explicase: se assim não fora, não se lhe poderia agregar como guia, já que isso requer sintonia vibratória entre os dois. Daí o cuidado que devemos ter, examinando cuidadosamente as mensagens dos guias, para descobrir se existem interferências do pensamento do aparelho mediúnico.

2) Quando há ruptura de corrente na mesa mediúnica, ocorrem interrupções na transmissão de mensagens, que se tornam fracas, por vezes perdendo mesmo a sequência de sentido. Também pode acontecer que, de fora, venham interrupções, provenientes de mentes desencarnadas, ou de mentes encarnadas. E essas centelhas podem ser tão violentas, que rompam a ligação entre transmissor (Espírito) e receptor (médium).

3) A terceira interferência (que difere da segunda por ser continuada) provém, quase sempre, da assistência, especialmente pela presença de pessoas totalmente descrentes, que duvidam e se opõem aos fenômenos, com seu pensamento. A assuada de ondaspensamento pode ser tão forte, que impeça o recebimento de mensagens.

Isso explica por que os médiuns, quando levados a ambientes hostis para dar provas, com frequência nada produzam: não conseguem receber a onda irradiada, em vista das interferências existentes que a cobrem.

Essa também a razão por que nos dias de grande movimentação popular (por exemplo, durante o carnaval) não se devem realizar sessões mediúnicas: as interferências são muito grandes e podem perturbar totalmente os aparelhos receptores humanos, tal como centelhas muito violentas podem causar prejuízos sérios nos rádios e televisões, queimando resistências e até válvulas.

TÉCNICA DA MEDIUNIDADE
Carlos Torres Pastorino
Originalmente publicado em 1968
Pela Editora Sabedoria