Reconhecendo-se que
os crimes do aborto provocada criminosamente surgem, em esmagadora maioria, nas
classes mais responsáveis da comunidade terrestre, como identificar o trabalho
expiatório que lhes diz respeito, se passam quase totalmente despercebidas da
justiça humana?
Temos no Plano
Terrestre cada povo com o seu código penal apropriado à evolução em que se
encontra; mas, considerando o Universo em sua totalidade como Reino Divino,
vamos encontrar o Bem do Criador para todas as criaturas, como Lei básica,
cujas transgressões deliberadas são corrigidas no próprio infrator, com o
objetivo natural de conseguir-se, em cada círculo de trabalho no Campo Cósmico,
o máximo de equilíbrio o com respeito máximo aos direitos alheios, dentro da
mínima pena.
Atendendo-se, no
entanto, a que a Justiça Perfeita se eleva, indefectível, sobre o Perfeito
Amor, no hausto de Deus em nos que movemos e existimos, toda reparação, perante
a Lei básica a que nos reportamos, se realiza em termos de vida eterna e não
segundo a vida fragmentária que conhecemos na encarnação humana.
Porquanto, uma
existência pode estar repleta de acertos e desacertos, méritos e deméritos e a
Misericórdia do Senhor preceitua, não que o delinqüente seja flagelado, com
extensão indiscriminada de dor expiatória, o que seria volúpia de castigar nos
tribunais do destino, invariavelmente regidos pela Equidade Soberana, mas sim
que o mal seja suprimido de suas vítimas, com a possível redução do sofrimento.
Desse modo, segundo o
princípio universal do Direito Cósmico a expressar-se, claro, no ensinamento de
Jesus que manda conferir a cada um de acordo com as próprias obras, arquivamos
em nós as raízes do mal que acalentamos para extirpá-las à custa do esforço
próprio, em companhia daqueles que se no afinem à faixa de culpa, com os quais,
perante a Justiça Eterna, os nossos débitos jazem associados.
Em face de
semelhantes fundamentos, certa romagem na carne, entremeada de créditos e
dívidas, pode terminar com aparências de regularidade irrepreensível para a
alma que desencarna, sob o apreço dos que lhe comungam a experiência,
seguindo-se de outra em que essa mesma criatura assuma a empreitada do resgate
próprio, suportando nos ombros as conseqüências das culpas contraídas diante de
Deus e de si mesma, a fim de reabilitar-se ante a Harmonia Divina, caminhando,
assim, transitoriamente, ao lado de Espíritos incursos em regeneração da mesma
espécie.
É dessa forma que a
mulher e o homem, acumpliciados nas ocorrências do aborto delituoso, mas
principalmente a mulher, cujo grau de responsabilidade nas faltas dessa
natureza é muito maior, à frente da vida que ela prometeu honrar com nobreza,
na maternidade sublime, desajustam as energias psicossomáticas, com mais
penetrante desequilíbrio do centro genésico, implantando nos tecidos da própria
alma a sementeira de males que frutescerão, mais tarde, em regime de produção a
tempo certo.
Isso ocorre não
somente porque o remorso se lhes entranhe o ser, à feição de víbora magnética,
mas também porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e
desespero e, por vezes, de revolta e vingança dos Espíritos que a Lei lhes
reservara para filhos do próprio sangue, na obra de restauração do destino.
No homem, o resultado
dessas ações aparece, quase sempre, em existência imediata àquela na qual se
envolveu em compromissos desse jaez, na forma de moléstias testiculares,
disendocrinias diversas, distúrbios mentais, com evidente obsessão por parte de
forças invisíveis emanadas de entidades retardatárias que ainda encontram
dificuldade para exculpar-lhes a deserção.
Nas mulheres, as
derivações surgem extremamente mais graves. O aborto provocado, sem necessidade
terapêutica, revela-se matematicamente seguido por choques traumáticos no corpo
espiritual, tantas vezes quantas se repetir o delito de lesa-maternidade,
mergulhando as mulheres que o perpetram em angústias indefiníveis, além da morte,
de vez que, por mais extensas se lhes façam as gratificações e os obséquios dos
Espíritos Amigos e Benfeitores que lhes recordam as qualidades elogiáveis, mais
se sentem diminuídas moralmente em si mesmas, com o centro genésico desordenado
e infeliz, assim como alguém indebitamente admitido num festim brilhante,
carregando uma chaga que a todo instante se denuncia.
Dessarte, ressurgem
na vida física, externando gradativamente, na tessitura celular de que se
revestem, a disfunção que podemos nomear como sendo a miopraxia do centro
genésico atonizado, padecendo, logo que reconduzidas ao curso da maternidade
terrestre, as toxemias da gestação.
Dilapidado o
equilíbrio do centro referido, as células ciliadas, mucíparas e intercalares
não dispõem da força precisa na mucosa tubária para a condução do óvulo na
trajetória endossalpingeana, nem para alimentá-lo no impulso da migração por
deficiência hormonal do ovário, determinando não apenas os fenômenos da prenhez
ectópica ou localização heterotópica do ovo, mas também certas síndromes
hemorrágicos de suma importância, decorrentes da nidação do ovo fora do
endométrio ortotópico, ainda mesmo quando já esteja acomodado na concha
uterina, trazendo habitualmente os embaraços da placentação baixa ou a placenta
prévia hemorragipara que constituem, na parturição, verdadeiro suplício para as
mulheres portadoras do órgão germinal em desajuste.
Enquadradas na
arritmia do centro genésico, outras alterações orgânicas aparecem, flagelando a
vida feminina como sejam o descolamento da placenta eutópica, por
hiperatividade histolítica da vilosidade corial; a hipocinesia uterina,
favorecendo a germicultura do estreptococo ou do gonococo, depois das crises
endometríticas puerperais; a salpingite tubercuksa; a degeneração cística do
córto; a salpingooforite, em que o edema e o exsudato fibrinoso provocam a
aderência das pregas da mucosa tubária, preparando campo propício às grandes
inflamações anexiais, em que o ovário e a trompa experimentam a formação de
tumores purulentos que os identificam no mesmo processo de desagregação.
Os síndromes
circulatórios da gravidez aparentemente normal, quando a mulher, no pretérito,
viciou também o centro cardíaco, em conseqüência do aborto calculado e seguido
por disritmia das forças psicossomáticas que regulam o eixo elétrico do
coração, ressentindo-se, como resultado, na nova encarnação e em pleno surto de
gravidez, da miopraxia do aparelho cardiovascular, com aumento da carga
plasmática na corrente sanguínea, por deficiência no orçamento hormonal, daí
resultando graves problemas da cardiopatia consequente.
Temos ainda a
considerar que a mulher sintonizada com os deveres da maternidade na primeira
ou, às vezes, até na segunda gestação, quando descamba para o aborto criminoso,
na geração dos filhos posteriores, inocula automaticamente no centro genésico e
no centro esplênico do corpo espiritual as causas sutis de desequilíbrio
recôndito, a se lhe evidenciarem na existência próxima pela vasta acumulação do
antígeno que lhe imporá as divergências sangüíneas com que asfixia,
gradativamente, através da hemólise, o rebento de amor que alberga
carinhosamente no próprio seio, a partir da segunda ou terceira gestação,
porque as enfermidades do corpo humano, como reflexos das depressões profundas
da alma, ocorrem dentro de justos períodos etários.
Além dos sintomas que
abordamos em sintética digressão na etiopatogenia das moléstias do órgão
genital da mulher, surpreenderemos largo capítulo a ponderar no campo nervoso,
à face da hiperexcitação do centro cerebral, com inquietantes modificações da
personalidade, a ralarem, muitas vezes, no martirológio da obsessão, devendo-se
ainda salientar o caráter doloroso dos efeitos espirituais do aborto criminoso,
para os ginecologistas e obstetras delinqüentes.
Para melhorar a
própria situação, que deve fazer a mulher que se reconhece, na atualidade, com
dívidas no aborto provocado, antecipando-se, desde agora, no trabalho da sua
própria melhoria moral, antes que a próxima existência lhe imponha as aflições
regenerativas?
Sabemos que é
possível renovar o destino todos os dias. Quem ontem abandonou os próprios
filhos pode hoje afeiçoar-se aos filhos alheios, necessitados de carinho e
abnegação.
O próprio Evangelho
do Senhor, na palavra do Apóstolo Pedro, adverte-nos quanto à necessidade de
cultivarmos ardente caridade uns para com os outros, porque a caridade cobre a
multidão de nossos males.
Compilado do livro Evolução
em dois Mundos
Autor: André Luiz
(espírito) e Francisco Cândido Xavier