Poderíamos
receber algumas noções acerca do matrimônio, bem como do divórcio no Plano
Físico, examinados espiritualmente? Nas esferas elevadas, as almas superiores
identificam motivo de honra no serviço de amparo aos companheiros menos evoluídos
que estagiam nos planos inferiores.
Não
podemos olvidar que, na Terra, o matrimônio pode assumir aspectos variados,
objetivando múltiplos fins. Em razão disso, acidentalmente, o homem ou a mulher,
encarnados podem experimentar o casamento terrestre diversas vezes, sem
encontrar a companhia das almas afins com as quais realizariam a união ideal.
Isso
porque, comumente, é preciso resgatar essa ou aquela dívida que contraímos com
a energia sexual, aplicada de maneira infeliz ante os princípios de causa e
efeito.
Entretanto,
se o matrimônio expiatório ocorre em núpcias secundinas, o cônjuge liberado da
veste física, quando se ajuste à afeição nobre, frequentemente se coloca a
serviço da companheira ou do companheiro na retaguarda, no que exercita a
compreensão e o amor puro.
Quanto
à reunião no Plano Espiritual, é razoável se mantenha aquela em que prevaleça a
conjunção dos semelhantes, no grau mais elevado da escala de afinidades
eletivas.
Se
os viúvos e as viúvas das núpcias efetuadas em grau menor de afinidade
demonstram sadia condição de entendimento, são habitualmente conduzidos, depois
da morte, ao convívio do casal restituído à comunhão, desfrutando posição
análoga à dos filhos queridos junto dos pais terrenos, que por eles se submetem
aos mais eloqüentes e multifários testemunhos de carinho e sacrifício pessoal
para que atendam, dignamente, à articulação dos próprios destinos.
Contudo,
se a desesperação do ciúme ou a nuvem do despeito enceguecem esse ou aquele
membro da equipe fraterna, os cônjuges reassociados no plano superior
amparam-lhe a reencarnação, à maneira de benfeitores ocultos, interpretando
lhes, a rebelião por sintoma enfermiço, sem lhes retirar o apoio amigo, até que
se reajustem no tempo.
Ninguém
veja nisso inovação ou desrespeito ao sentimento alheio, porquanto o lar
terrestre enobrecido, se analisado sem preconceitos, permanece estruturado
nessas mesmas bases essenciais, de vez que os pais humanos recebem, muitas
vezes, no instituto doméstico, por filhos e filhas, aqueles mesmos laços do
passado, com os quais atendem ao resgate de antigas contas, purificando
emoções, renovando impulsos, partilhando compromissos ou aprimorando relações
afetivas de alma para alma.
É
nessa condição que em muitas circunstancias surgem nas entidades renascentes
sem que o véu da reencarnação lhes esconda de todo a memória, as psiconeuroses
e fixações infanto-juvenis, cuja importância na conduta sexual da personalidade
é exagerada em excesso pelos sexólogos e psicanalistas da atualidade, carentes
de mais amplo contato com as realidades do Espírito e da reencarnação, que lhes
permitiriam ministrar aos seus pacientes mais efetivo socorro de ordem moral.
Quanto
ao divórcio, segundo os nossos conhecimentos no Plano Espiritual, somos de
parecer não deva ser facilitado ou estimulado entre os homens, porque não
existem na Terra uniões conjugais, legalizadas ou não, sem vínculos graves no
princípio da responsabilidade assumida em comum.
Mal
saídos do regime poligâmico, os homens e as mulheres sofrem-lhe ainda as
sugestões animalizantes e, por isso mesmo, nas primeiras dificuldades da tarefa
a que foram chamados, costumam desertar dos postos de serviço em que a vida os
situa, alegando imaginárias incompatibilidades e supostos embaraços, quase
sempre simplesmente atribuíveis ao desregrado narcisismo de que são portadores.
E
com isso exercem viciosa tirania sobre o sistema psíquico do companheiro ou da
companheira mutilados ou doentes, necessitados ou ignorantes, após explorar lhes,
o mundo emotivo, quando não se internam pelas aventuras do homicídio ou do
suicídio, espetaculares, com a fuga voluntária de obrigações preciosas.
É
imperioso, assim, que a sociedade humana estabeleça regulamentos severos a
benefício dos nossos irmãos contumazes na infidelidade aos compromissos
assumidos consigo próprios, a benefício deles, para que se não agreguem a maior
desgoverno, e a benefício de si mesma, a fim de que não regresse à promiscuidade
aviltante das tabas obscuras, em que o princípio e a dignidade da família ainda
são plenamente desconhecidos.
Entretanto,
é imprescindível que o sentimento de humanidade interfira nos casos especiais,
em que o divórcio é o mal menor que possa surgir entre os grandes males
pendentes sobre a fronte do casal, sabendo-se, porém, que os devedores de hoje
voltarão amanhã ao acerto das próprias contas.
Compilado
do livro Evolução em dois mundos
Autor:
André Luiz (espírito) e Francisco Cândido Xavier