Em
janeiro de 1899, Ernesto Bozzano fundou o Círculo Científico de Minerva, um
grupo seleto dedicado à verificação experimental da mediunidade de diversos
médiuns na qual se destacou a médium Eusápia Palladino, e que envolveram vários
professores da Universidade de Gênova.
Por
cinco anos, graças ao trabalho duro, foi selecionado uma plêiade de dezenas
cientistas italianos e de outras nacionalidades e que foi muito falado na
imprensa italiana e mundial pela qualidade dos fenômenos mediúnicos que
ocorreram lá como o rigor científico com que foram estudados.
Entre
os pesquisadores mais citados destacamos: Francesco Porro, Professor da
Universidade de Genova; Ângelo Brofferio, Cientista italiano, Professor de
Filosofia, de Milão; que aceitou as manifestações espíritas, após suas
experiências com a mediunidade de Eusápia Paladino; Césare Lombroso, Doutor,
antropólogo e notável criminalista italiano; Hércules Chiaia, Doutor, cientista
italiano, introdutor do Espiritismo em Nápoles. Sua desencarnação ocorreu
exatamente no dia em que corrigiu a última palavra do seu livro "O
Espiritismo".
Giuseppe
Gerosa, Professor de Física da Escola Real Superior de Agricultura de Porcini; Giovanni
Schiaparelli, Diretor do Observatório Astronômico de Milão; G.M. Ermacora,
Professor de Física, em Pádua; Enrico Morselli, notabilíssimo psiquiatra; Alexandre
Aksakof, Conde, Doutor em Filosofia, lente da Academia de Leipzig, diretor do
jornal "Psychische Studien" (Estudos Psíquicos); Charles Richet,
Médico e fisiologista francês (1850-1935), Doutor, Professor-Adjunto da
Faculdade de Medicina de Paris e Diretor de "Annales des Sciences
Psychiques", órgão oficial da "Societé Universelle d´Études
Psychiques", de Paris, França.
Nestas
sessões haviam impressionantes manifestações mediúnicas, tanto intelectuais e
manifestações físicas, tais como: psicofonia, psicografia, xenoglossia, voz e
escrita direta, a levitação, e até mesmo materialização. Aonde a demonstração
que a vida continua em outros planos se tornou uma base concreta para fé
raciocinada na imortalidade da alma e em Deus.
O
desenvolvimento das reuniões no Círculo Científico de Minerva, resultaram em
dezenas de monografias e obras na qual constitui um material muito valioso para
o entendimento sobre a Doutrina Espírita. Na qual se destaca Ernesto Bozzano. Eis
agora algumas das centenas de experiências realizados anos a fio e que foram
relatadas no Circolo Scientifico della Minerva em Genova.
A
médium Eusápia Palladino seguia, com frequência, as experiências sugeridas pelo
capricho dos presentes. Certa noite, pedimos que trasladasse para a mesa uma
trombeta que estava sobre uma cadeira, no ângulo do gabinete mediúnico, e
enquanto víamos Eusápia imóvel, sentimos a trombeta cair no chão, e depois, por
longos minutos, ouvimo-la mover-se ligeiramente, como se uma mão a empurrasse,
sem pegá-la.
Tendo
um dos assistentes estendido os interruptores da luz elétrica que lhe havíamos
confiado, rumo do gabinete e a cerca de dois metros de Eusápia, dito: Pega! Imediatamente,
lhe tiraram da mão o cordão a que estavam unidos os interruptores e que se lhe
deslizou por entre os dedos quase um metro; atraindo-o com violência, sentiu
uma resistência elástica, mas forte. Depois de movimentos de estica e afrouxa,
exclamou: Faça luz! E uma das lâmpadas acendeu.
Esses
exercícios algumas vezes são tão rápidos que podem surpreender e deixar a mais
legítima dúvida acerca da sua verdadeira natureza; porém, frequentemente, são
lentos, fatigantes e revelando esforço e concentração intensa. Durante a
sessão, Morselli sentiu que pesada mão lhe agarra o braço direito, da qual
sente perfeitamente a posição dos dedos, ao mesmo tempo em que a médium adverte
ainda:
Atento!
E a lâmpada verde acende e apaga. O interruptor da dita lâmpada, unido a amplo
cordão pendente do teto, estava no bolso de Morselli e este não sentiu mão
alguma que ali se introduzisse. Todos observamos que a lâmpada acendeu e
apagou, sem que se percebesse o ruído do interruptor, e como para confirmar a
nossa impressão, a lâmpada torna a acender e apagar, várias vezes, de igual
modo silencioso.
Não
devemos esquecer uma circunstância: o acender e apagar da lâmpada correspondiam
a pequeno movimento que o dedo indicador de Eusápia fazia na palma da minha
mão.
Esta
sincronia, entre os fenômenos e os gestos da médium, havíamos encontrado quase
sempre, e é notável o fato de que, nestes casos, o esforço da médium se verifica
da parte oposta àquela em que se verifica o fenômeno; por exemplo: se o punho
de Eusápia se contrai, quem está à sua esquerda sente provavelmente um toque de
mão e pode reconhecer que tal mão é a mão direita. Isso é um singularíssimo
cruzamento, uma inversão que pode ser importante constatar.
Forte
mesa, pesando dez quilos e trezentos gramas, situada no vão da janela e sobre a
qual estavam postos uma caixa de placas fotográficas e um metrônomo de
Morselli, se aproximou de nós e depois se distanciou. O metrônomo começou a
funcionar e deu início ao seu tique-taque regular. Após alguns minutos parou.
Depois recomeçou e tornou a parar. Não é operação difícil nem longa pôr em
andamento e deter um metrônomo, é mínima; todavia, não é operação que os
metrônomos tenham o hábito de realizar por si mesmo.
Amiúde,
os objetos vindos à mesa medianímica são acompanhados com a cortina preta, como
se fossem trazidos por pessoas escondidas no gabinete, as quais pusessem o pano
entre os objetos e suas mãos.
Em
outra sessão, vimos um dinamômetro, quase em contato com a barra da cortina,
que chegou até à mesa, movimentar-se e desaparecer por detrás da cortina. Não
ouvimos o leve rumor que houvesse feito ao pousar em algum lugar e examinamos
se alguém o havia tocado; e eis que de pronto, no gabinete e sobre a cabeça da
médium, uma mão avançou sustendo o dinamômetro em atitude de mostrá-lo. Depois
retirou-se e, decorridos alguns segundos, o dinamômetro reapareceu sobre a
mesa. A agulha marca a pressão de 100 quilogramas. É a pressão que pode dar um
homem robustíssimo.
É
indubitável que o pensamento dos presentes exerce certa influência sobre os
fenômenos. Parece que as nossas palavras são escutadas como sugestão para a
execução das várias manobras: se falamos da levitação da mesa, esta se eleva;
se damos golpes rítmicos sobre a tábua da mesinha, os golpes são exatamente
repetidos e quase sempre, aparentemente, no mesmo ponto.
Entramos
a discorrer sobre os fenômenos luminosos que, algumas vezes, se manifestaram
com Eusápia, e que não mais havíamos visto nestas sessões e eis que subitamente,
vimos uma luz que aparece sobre os joelhos da médium, desaparece, mostra-se
ainda sobre a cabeça de Eusápia, desce ao longo de seu lado esquerdo, faz-se
mais vívida e desaparece à altura do seu quadril.
Em
seguida, Morselli nota ao lado da cortina uma pessoa; sente que nela se apóia e
todos vimos os braços envoltos na cortina. De improviso, Bozzano colocou a
cabeça na abertura da cortina para olhar no interior do gabinete e este estava
vazio. A cortina se encontrava inflada e vazia.
Isto
que, por um lado, parece o relevo de um corpo humano que se move coberto pela
cortina, da outra parte é uma cavidade no estofo, um moulage. Vem à mente O
homem invisível, de Wells.
Bozzano,
tocando com a mão direita, que tem liberta, o enfunado da cortina, na parte
externa, efetivamente encontra sob o tecido a resistência de uma cabeça
vivente; identificou a fronte, deslizou a palma da mão pelas bochechas e nariz
e, quando tocou os lábios, a boca se fechou e lhe prendeu o polegar; sentiu
nitidamente o morder de uma dentadura sã.
Um
carillon chega sobre a mesa, como que caindo do alto. E ali, perfeitamente
isolado, enquanto o olhamos curiosamente, soou durante alguns segundos. Tinha a
forma de minúsculo moinho de café e esse instrumento, tão simples e tão pouco
musical, para tocar, precisava do concurso das duas mãos, uma que o mantivesse
firme e outra que lhe girasse a manivela. Apenas cessado o seu glin-glin,
ouvimos o bandolim rastejar no chão.
Bozzano
viu-o sair do gabinete e parar por detrás do Prof. Morselli, onde mal tocou
duas ou três vezes. Dali se elevou e veio para cima da mesa; girou em todo
redor e terminou por alojar-se nos braços de R., qual criança lactante. Pondo
nossas mãos sobre as cordas, nós as sentíamos vibrar por ignota força, e
tínhamos assim uma prova sobre a realidade do fenômeno.
Havíamos
observado que, no movimento do bandolim, e assim no de todos os objetos
transportados, há uma espécie de orientação, ou seja, não giram nunca, têm mais
translação do que revolução, movem-se precisamente como se fossem sustentados
por uma mão e avançam, recuam, vão à direita e à esquerda, mantendo a mesma
posição.
O
bandolim conservou sempre o braço voltado para a médium. As cadeirinhas, que
fazem seus singulares passeios e sobem sobre a mesa, apresentam-se sempre como
se fossem pegadas pelo encosto. Morselli trouxe consigo uma cordinha de 40
centímetros de comprimento e, em dado momento, colocou-a sobre a mesa; a
cordinha andou indo e vindo, coleante. Quando Morselli exprimiu o desejo de
vê-la enodada, ela desapareceu no gabinete e voltou pouco depois com três nós
em lugares diferentes, nós iguais, grossos, bem feitos, simétricos,
equidistantes.
Em
uma quinta sessão, na qual Morselli havia atado perfeitamente Eusápia a uma
rede, constatou, depois de todos os fenômenos de aparições, que havia sido
desatada e ligada de modo diverso. Fim
Compilado
por Harmonia Espiritual da obra
Hipnotismo
e Mediunidade - César Lombroso