Miramez – Capítulo 101 do livro Médiuns

O Médium não é um mestre - Miramez
Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só
é o vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. (Mateus, 23:8)

Mesmo um médium compassivo, honesto, indulgente, sincero, benevolente, trabalhador e instruído, não deve se colocar em lugar de mestre, pois é um companheiro de todos, com idênticas necessidades no aprendizado; louvor em boca própria estraga o ambiente da simplicidade e multiplica as condições para o crescimento da presunção.

Médium! Nunca deves aceitar esse título de mestre, porque se isso é perigoso saindo de ti, tem duplo perigo partindo dos outros. Nesse caso transforma-se em um convencimento, onde o bom senso não é ouvido e a maior catástrofe será se virar canção popular.

Distinguir a si mesmo é abrir as portas íntimas, o vendaval do amor-próprio, e desinteressar-se pela amplitude dos valores conquistados em outras áreas. A criatura que foi assinalada pelo destino para servir como instrumento para que os Espíritos desencarnados se comuniquem com os homens, em primeiro lugar deve estar ciente da sua posição.

Se todo aparelho tem de estar em perfeitas condições para trabalhar, médium não deixa de ser um aparelho, e dos mais complexos. Eis aí que a função mediúnica requer condições apropriadas para o recebimento da fala espiritual.

E o preparo é um pouco demorado, exigindo muita perseverança na educação e disciplina. As leis que regem e sustentam a harmonia das coisas e dos homens certamente não pedem perfeição na altura evolutiva em que se encontram as criaturas.

No entanto, esperam que todos se esforcem para melhorar, trabalhem sabendo a parte que lhes toca no cumprimento dos seus deveres terrenos e espirituais, tendo o Evangelho como bússola das nossas naves Dante do mar da vida. Focaliza este assunto, deixa que a tua mente se prenda por instantes neste conceito e irá as deduções, que são várias.

E quem não toma a sua cruz e vem após mim, não é digno de mim! Mateus, 10:38. A cruz de Cristo, simbolizada na Terra como o lenho do calvário, é o percorrer das nossas existências, os contrastes que nos educam, que trazem consigo todas as formas de infortúnios.

E o médium deve tê-la mais visível nos ombros, levando-a até o topo do seu próprio calvário, sem reclamar, sem exigir, e sem causar quem quer que seja. Basta observar com decência a natureza, sem as implicações que poderão advir do Espírito imaturo.

Todas as respostas para a ansiedade do aluno, que desenvolve seu raciocínio com modéstia, comparar-se-ão às leis de Deus movimentando as coisas em perfeita sintonia com os ensinos de Jesus, de maneira mais fácil ao entendimento, e nos dando maior desembaraço no correr da vivência.

Em muitos casos pretendemos mostrar aos outros a nossa proficiência, deixando de reconhecer que a verdadeira grandeza se situa com maior humildade. Partindo da premissa de que tudo vem de Deus, não somos mestres de nada.

Apenas no nosso crescimento diante da proeminência do Senhor recordamos o que aprendemos com Ele, e quando nos esquecemos das lições recorremos a Jesus, que os faz lembrar de tudo o que Ele tinha dito, na profundeza das nossas consciências. Para que pretensão...

O título de irmão, muito divulgado pelo Evangelho, nos nivela de maneira extraordinária. De fato, o sensitivo, nos campos de trabalho em que a vida os situou, fica sujeito constantemente a imodéstia.

Porém, tem a seu lado os livros doutrinários, a presença da vigilância, o orar e vigiar na prece, e os dois fatores de força coração e inteligência para decidir, escolhendo a própria posição que lhe fornece o equilíbrio.

Meu irmão, se abraçaste a mediunidade e queres saber o que és no seio da vida, já te falamos és igual aos outros e irmão de todos, no coração de todos, no coração de Deus, sob a presença de Jesus Cristo. E, para o bem de todos, repitamos:

Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só
é o vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. (Mateus, 23:8)