Os Cães vão para o Céu quando morrem?
Inaldo Lacerda Lima
Segundo a revista ISTO É, de 15 de setembro de 1999, o assunto foi reportagem de capa da revista americana DOG FANCY (Cão de luxo ou de estimação poderá ser a tradução do título da revista). E trata de uma indagação curiosa que, entre aspas, intitula este artigo: Os cães vão para o céu quando morrem?
A nossa estranheza não está na pergunta. Esta poderia ter brotado dos lábios de uma criança encantada pelo seu cachorrinho de estimação ao vê-lo morto, ou pressupondo-o morto.
Seria muito natural até que a DOG FANCY fizesse uma reportagem em torno da preocupação da criança. Mas não foi esse o caso. O que se desejou saber, de fato, é se um cãozinho de estimação pode ir para o céu ao morrer.
Entretanto, o que ocorreu, na verdade, é que a revista deu publicidade à curiosa indagação e houve respostas a respeito: primeiro de um “Rabino”, achando que "tudo depende de como o cachorro se portar aqui na Terra. São as atitudes do cão que vão determinar se ele merece a benção divina”.
Segundo, uma escritora especialista em vida animal, considerando que "todos os cães vão para o céu, que são seres inocentes e estão livres de pecado"; terceiro, um “Professor de Teologia”, afirmando que: “não importa como hajam os cães, eles vão para o paraíso"; e, finalmente, confirma um “Clérigo” que "se os cães forem para o céu, é devido à nossa ligação com eles, porque o céu foi criado apenas para seres humanos”.
Eis a quanto pode conduzir o homem a ignorância das coisas espirituais. Se as religiões, através dos seus doutos teólogos, tivessem conhecimento da Doutrina Espírita, em seus três aspectos: “Ciência, Filosofia e Religião”, não veríamos tais disparates ganhar foros de publicidade entre homens sérios.
Ficariam sabendo que Deus é Criador e Pai de todas as criaturas do Universo e que tudo que existe na Natureza evolui. O cão, por exemplo é também criatura de Deus, mas não é Espírito ainda, como não o é nenhum outro ser irracional, porém alcançará, um dia, essa condição de ser espiritual através da evolução.
No estágio em que se encontra, ele não pensa, logo não é capaz de ter atitudes nem consciência, agindo simplesmente através da benção do instinto. No mundo vegetal, também vivem as criaturas de Deus, como também no mundo mineral, adquirindo experiências para a vida, na condição de princípios anímicos.
Realmente não há pecado num ser irracional. O próprio ser humano só passou a cometer pecados quando, dotado de razão (livre arbítrio) e da consciência espiritual, passou a descumprir as determinações divinas.
Quanto ao céu, local paradisíaco, onde ninguém faz coisa alguma, apenas goza, tal local não existe.
O que existe é a vida espiritual, ou mundo Espírita, onde as criaturas se desenvolvem num processo chamado de evolução, ora no espaço, ora renascendo em corpos carnais, para expiarem faltas cometidas ou se depurarem através de provas até atingirem, um dia, a perfeição.
Só então, depois de purificadas, não mais sofrerão reencarnações sucessivas, passando a viver no seio de Deus, como Espíritos bem aventurados.
Quanto ao céu ou inferno, são estados de glória ou de dor, que cada criatura pode desenvolver dentro de si mesma, conforme pratique o Bem, e desenvolva virtudes de caridade e amor, ou pratique o mal, desviando‑se de seu glorioso destino de criatura de Deus, como dizia o poeta persa Ornar Khayyam: "Cada homem carrega consigo um pouco de céu ou um pouca de inferno".
De modo que somente na mentalização interpretativa do homem ignorante da verdadeira perfeição divina pode caber um conceito de céu e de inferno, conforme divulgado nas concepções religiosas das crenças humanas.
Ah! Se pudéssemos dizer a todos os religiosos do mundo: "Aproximai‑vos da fonte de luz do Espiritismo e conhecereis toda a verdade possível a respeito de Deus, do Homem, da Natureza e do Universo".