Miramez – Capítulo 110 do livro Médiuns

O Médium e o Trabalho – Miramez

Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe,
fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. (Efésios, 4:28)

É justo que cada médium faça uma apreciação de si mesmo, livrando-se de ser pesado aos outros, no tocante às necessidades. O trabalho é uma bênção de Deus para todos, sem especificação. Aqui nós dividiremos o trabalho em duas partes, o espiritual e o material. Um se completa com o outro.

Em muitos casos, a ignorância pode pender somente para um extremo, e o desequilíbrio criará grandes dificuldades. Partindo desta verdade, de que não existe vida sem trabalho, a inteligência nos previne que o labor é vida, senão o alicerce de tudo o que existe no universo.

Nada pára na comunhão com Deus. O ar se renova constantemente, deslizando em torno do planeta, na sua desinquietação divina. É por assim dizer, o mensageiro da vida e da alegria.

Os planetas e estrelas, sois e constelações, giram sem cessar no infinito; os átomos e os elétrons pulsam sem interrupção, livres e presos, recebendo e distribuindo energias, nunca ficando inertes.

A nossa mente irradia pensamentos e emoções em uma continuidade indescritível. As plantas e os animais são exemplos do perfeito cinetismo, tanto na sua estrutura ciclópica, como na função interorgânica.

Eis aí o trabalho que a inteligência deve e pode copiar da natureza: colocar-se nas suas condições e cooperar com o progresso, cuja ação beneficiará a própria Humanidade.

Em I Timóteo, 5:18, assim ficou anotado pelo apóstolo: Pois a escritura declara: Não amordaces o boi quando pisa o grão, e ainda: O trabalhador é digno de seu salário. O médium filho do Evangelho não pode esquecer de trabalhar, nos dois sentidos, no pão de cada dia e no trabalho da caridade, no desenvolvimento das virtudes espirituais.

Ocupar a mente nesses deveres é honrar os compromissos perante Deus e a consciência, Jesus e a vida. Fugir das coisas fáceis, ter pouco interesse pelas ilusões e domesticar os impulsos inferiores, são s princípios da meta de educação do sensitivo companheiro da verdade.

O Pai Celestial não pára, e Jesus opera constantemente. Portanto, notarás a necessidade de mover que temos, como de disciplinar os nossos movimentos, no sentido de dar-lhes maior rendimento. E é para tal que Deus nos facultou a inteligência, como os sentimentos.

O nosso organismo, para extrair oxigênio e outros elementos da atmosfera, tem de trabalhar; para absorver os alimentos, trabalha; para selecioná-los, cria um campo operacional no centro digestivo, que aproveita o de que precisa e devolve à natureza o imprestável.

O metabolismo celular é a mais complexa organização comandada pelo Espírito, em moldes ainda desconhecidos. E o sistema nervoso... E o cérebro... E os centros de força... Ficam aí muitas interrogações o que, somente o trabalho, com o tempo, poderá responder.

E antes disso, façamos o que estiver ao nosso alcance. A leitura é um trabalho que, apesar de pertencer ao físico, atinge o espiritual. O livro, de certa maneira, é pão para a alma.

Aos homens de boa vontade: deveis ocupar o tempo disponível na educação interior. Muitos acham que é perda de tempo, que isso é trabalho da natureza inconsciente. Na verdade, muito aprimoramento está entregue à própria força do progresso. Todavia, ele cabe a nós e está ao nosso dispor, esperando que demos o toque.

A Terra espera a semente, a água espera o filtro; o pano espera o feitio da roupa; a madeira espera a feitura dos móveis; as plantas, que as transformemos em remédio; os sons, em palavras; a tinta e o papel, na escrita; os dons congênitos da alma, em amor.

Se já fizemos muitas coisas contrárias às leis de Deus, vamos trabalhar para não fazer mais. E é bom que ouçamos mais estes preceitos:

Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe,
fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. (Efésios, 4:28)