Swedenborg descreveu o mundo espiritual...

O pensador e médium sueco Emmanuel Swedenborg (1688 a 1772) foi considerado por Allan Kardec como um dos precursores do Espiritismo (RE, Nov/1859) (não cabendo nestes comentários sobre o conteúdo bastante catolicizante de suas idéias).

Ao acompanhar os relatos dele sobre o Mundo Espiritual são os mesmos que encontramos em obras da codificação e mediúnicas. Swedenborg se deteve especificamente no assunto em sua obra “O Céu e O Inferno”, de 1758; mas também explorou o tema no Suplemento de Vera Christiana Religio (A Verdadeira Religião Cristã), itens 772 a 775. Transcrevemos trechos que dispensam comentários:

772 - Foi tratado do Mundo espiritual em uma Obra especial sobre o Céu e o Inferno, na qual foi dado um grande número de detalhes sobre esse Mundo; e como todo homem vai para esse Mundo depois da morte, o Estado em que aí se encontram os homens também foi descrito.

Quem não sabe ou não pode saber que o homem vive depois da morte...; ele vê, ouve, fala como no Mundo precedente; caminha, corre, se assenta como no Mundo precedente; deita-se, dorme e acorda como no Mundo precedente; come e bebe como no Mundo precedente; goza da delícia conjugal como no Mundo precedente... Por isso é evidente que a morte não é a extinção, mas a continuação da vida; é apenas uma passagem.

Desta descrição compreende-se que Swedenborg só conheceu a ERRATICIDADE referente a Espíritos não esclarecidos - lúcidos - no que se refere ao próprio estágio espiritual; a ERRATICIDADE dos Espíritos esclarecidos e adiantados não se reveste desta parecença com a vida no Planeta Terra; quanto menos adiantado estiver o Espírito na Erraticidade tanto mais próximas serão as características do Mundo Espiritual com as da vida na Terra; ver Livro dos Espíritos, 2ª Parte, Cap. VI).

773 - Que o homem seja igualmente homem depois da morte, embora então ele não se mostre diante dos olhos do corpo material, isso se torna indubitável pelos Anjos (Espíritos) vistos por Abrahão, por Hagar, por Gedeão, por Daniel, e por alguns dos Profetas; pelos Anjos (Espíritos) vistos no sepulcro do Senhor, e em seguida muito frequentemente por João, como se diz no Apocalipse.

Sobretudo pelo Senhor mesmo que mostrou aos discípulos que Ele era Homem, e, entretanto, se tornou invisível diante de seus olhos...; quando estes olhos são abertos (entenda-se que Swedenborg transmitiu a idéia da mediunidade vidente), as cousas que estão no Mundo Espiritual são vistas tão claramente como as que estão no Mundo Natural.

Entre o homem no Mundo natural e o homem no Mundo espiritual há esta diferença, que este é revestido de um corpo substancial (identificado na Doutrina Espírita como o corpo perispiritual), e aquele de um corpo material (identificado na Doutrina Espírita como corpo físico ou carnal) dentro do qual está o corpo substancial.

774 - Pelas cousas que vi durante tantos anos, posso fazer as declarações seguintes: No Mundo Espiritual há Terras como no Mundo natural, há Planícies e Vales, Montanhas e Colinas, e também Fontes e Rios; há Paraísos, Jardins, Bosques e Florestas; há Cidades, e nestas cidades Palácios e Casas; há Escritos e Livros; há Funções e Comércio; há Ouro, Prata e Pedras Preciosas; em Uma palavra, há, tanto em geral como em particular, todas as cousas que estão no Mundo natural, mas estas cousas nos Céus são imensamente mais perfeitas.

Mas há esta diferença, que todas as cousas que se vê no Mundo Espiritual são criadas em um momento pelo Senhor, como Casas, Paraísos, Alimentos etc., e são criadas segundo a correspondência com os interiores dos Anjos e dos Espíritos, interiores que são suas afeições e os pensamentos resultantes de suas afeições, enquanto que todas as que se vê no Mundo natural existem e crescem de uma semente. 

No Prefácio de sua obra “O Céu e O Inferno”, Swedenborg afirmou: ... o homem da igreja quase nada conhece sobre o céu e o inferno nem sobre sua vida após a morte... Foi-me concedido, assim, descrever agora essas coisas vistas e ouvidas, esperando, com isso, esclarecer a ignorância e dissipar a incredulidade... - E. Swedenborg.