Técnica da Mediunidade – 2 parte

Parte I – Plano Físico - Eletricidade

Campo Elétrico: Denominamos assim a porção do espaço onde se realizam fenômenos elétricos, pela existência de uma corrente. A direção e a intensidade de um campo elétrico são dadas pelas linhas de força do campo.

Linha de Força: Linha de força representa um campo elétrico (ou magnético) cuja direção, em qualquer ponto é tangente à direção da força elétrica (ou do campo magnético) nesse ponto.


A linha de força é tangente em todos os pontos, à direção do campo. Mas o campo é percorrido por uma infinidade de linhas de força. Então, o número de linhas de força que atravessam uma superfície é dado, convencionalmente, pela intensidade do campo.


A sala de reunião: Uma reunião mediúnica forma, inegavelmente, um campo elétrico ou magnético. Quanto mais estiver o ambiente carregado de eletricidade ou magnetismo positivo, mais eficiente será a reunião. Quanto mais esse ambiente estiver permeado de forças negativas, mais perturbada a reunião.

Essa a razão por que se pede que não haja movimento de gente na sala mediúnica, especialmente algumas horas antes das reuniões: é para evitar que o campo elétrico seja desfavoravelmente carregado de energias negativas, interferindo nas linhas de força estabelecidas pelos Espíritos, como “polos norte” ideais no campo.

A conversação fútil, as discussões políticas ou de outra espécie, as críticas ou palavras deprimentes, invertem a corrente elétrica do campo. Ora, as linhas de força dependem da intensidade de pensamentos bons e amoráveis. Quanto mais numerosas e fortes essas linhas de força, tanto mais propicio o campo elétrico para as comunicações eletromagnéticas entre desencarnados e encarnados.

Não se trata de religião nem de pieguismo: é um fenômeno puramente físico, de natureza elétrica. Quem pretende fazer reuniões espíritas (eletromagnéticas) sem preparar antes o campo elétricomagnético, sujeitase a decepções de toda ordem, a interferências, a fracassos.

Notese, porém, que o campo elétrico pode também ser perturbado por entidades desencarnadas, que vivam no ambiente (por não ser calmo e amoroso) ou que sejam trazidos pelos frequentadores (que tenham tido discussões ou raivas durante o dia).

As entidades desencarnadas têm a mesma capacidade que as encarnadas de emitir ondas eletromagnéticas de pensamento. O que evita esses aborrecimentos é uma corrente mais forte que a tudo se superponha. E o melhor gerador de forças eletricamente superiores é a prece.

Condensador: Chamamse condensadores (capacitores) os aparelhos constados de tal maneira, que tenham, intercalados, corpos bons condutores de eletricidade e material isolante (dielétrico).

O fato de não se tocarem entre si os condutores, faz que a corrente, mesmo não passando de um a outro, provoque a criação, entre eles, de um campo elétrico. Assim, um condensador cria um campo elétrico entre cada chapa, no espaço ocupado pelo material isolante.

Os condensadores quando em circuito sintonizado podem ser: Fixos: quando recebem e emitem energia num só comprimento de onda, sem selecionálas. Variáveis: quando têm possibilidade de selecionar os diversos comprimentos de onda, de acordo com a maior ou menor superfície do campo, estabelecido pelas placas. Todos conhecem os condensadores variáveis em nossos radio-receptores.

Os médiuns: No ambiente mediúnico, os assistentes e médiuns são verdadeiros condensadores, que formam o campo eletromagnético. Entre cada criatura existe o material isolante (o ar atmosférico). E por isso o campo se tornará mais forte quando houver mais de uma pessoa.

Aqueles que não são médiuns, funcionam como os condensadores fixos, que recebem e emitem energias num só comprimento de onda, não sendo capazes de distinguir as diversas estações transmissoras (os diversos Espíritos) e não podem por isso receber e transmitir as mensagens deles. As ideias ficam confusas e indistintas.

Já os médiuns são verdadeiros condensadores variáveis, com capacidade para selecionar os Espíritos que chegam. Então recebem e transmitem cada comprimento de onda por sua vez, dando as comunicações de cada um de per si.

Quanto maior a capacidade do médium de aumentar e diminuir a superfície do campo estabelecido pelas placas, tanto maior a capacidade de receber Espíritos de sintonia diversa: elevados e sofredores.

médiuns, porém, que parecem fixos em determinada onda: só recebem e transmitem determinada espécie de Espíritos, provando com isso a falta de maleabilidade de sua sintonia. Para modificar a sintonia, o condensador variável movimenta as placas, aumentando ou diminuindo a superfície do campo.

Os médiuns podem obter esse resultado por meio da prece, modificando com ela o campo elétrico, e conseguindo assim captar e retransmitir as estações mais elevadas, os espíritos superiores.

Acumulador: Chamamos acumulador o aparelho que armazena energia química. Essa energia, uma vez armazenada, é fornecida e distribuída sob forma de corrente elétrica, até que o acumulador se esgota. Entretanto, é possível recarregar o acumulador, forçandose através dele uma corrente em sentido oposto.

Bateria: Denomina-se bateria uma série de acumuladores ligados entre si, aumentando, com isso, a capacidade de armazenamento e também o tempo em que consegue permanecer sem esgotarse. Grande semelhança com a mediunidade.

A mesa da reunião: Cada criatura constitui um acumulador, capaz de armazenar a energia espiritual (eletromagnética). Entretanto, essa energia pode esgotarse. E se esgotará com facilidade, se houver perdas ou saídas dessa energia com explosões de raiva, ou com ressentimentos e mágoas prolongadas, embora não violentas.

Cada vez que uma pessoa se aborrece ou se irrita, dá saída à energia que mantinha acumulada, descarrega o acumulador de força (ou fluidos), diminui a carga e, portanto, se enfraquece. O segredo é manterse inalterado e calmo em qualquer circunstância, mesmo nas tempestades morais e materiais mais atrozes.

Todavia, se por acaso o acumulador se descarrega, pode ser novamente carregado, por meio de exercícios de mentalização positiva e de prece em benefício dos outros, ou seja, prece desinteressada. Portanto, é realmente carregado com uma energia em direção oposta: se ficou negativo, carregarseá com energia positiva.

Os acumuladores nem sempre possuem carga suficiente de energia para determinado fim. São então reunidos em série, formando uma bateria. Na mediunidade, quando um médium não é capaz de fornecer energia suficiente a sós, reúnese com outros, formando uma reunião.

Esta é constituída em série, (não em paralelo), é por isso que todos se sentam em redor de uma mesa. A bateria assim formada, conserva em si e pode utilizar uma energia eletromagnética muito maior. Daí as comunicações em reuniões serem mais eficientes que com um médium isolado, por melhor que seja ele.

Também a bateria pode esgotarse. Mas a vibração das ondas de pensamento e a prece podem carregar novamente a bateria. Esse processo é com frequência utilizado nas reuniões, durante ou após a manifestação de espíritos muito rebeldes, que descarregam a energia: uma prece repõe as coisas em seu lugar, infunde novas energias à bateria e permite a continuação dos trabalhos.

Como vemos, mediunidade ou comunicação de Espíritos não é fenômeno religioso, mas puramente física, eletromagnético, obedecendo a todas as leis da eletrônica. Quem compreender isso, perceberá que ser bom, fazer o bem, perdoar e amar não são virtudes religiosas, mas forças científicas que permitem à criatura uma elevação de vibrações e uma ascensão a planos superiores.

Quem é inteligente, é bom por princípio científico. Por isso, há tanta gente boa sem ser religiosa, e até dizendose ateia. E tantos que professam religião e que, não tendo compreendido o fenômeno, permanecem na ignorância do mal.

Eletricidade Estática: Falemos agora a respeito da eletricidade estática. Assim é chamada aquela eletricidade que existe permanentemente na atmosfera e nos corpos. O átomo, constituído de núcleo (prótons, nêutrons) e elétrons, além de partículas efêmeras como mesons, positrons e neutrinos, possui além disso a capacidade de revestirse de elétrons.

A ciência oficial, neste particular, ainda se encontra meio tonta: basta dizer que considera negativos os elétrons, que são tipicamente positivos. Vem o erro da denominação errônea inicial, quando se chamou negativa a fonte que despedia energia, e positiva a que recebia essa energia. Exatamente o contrário da realidade e da verdade.

Para a ciência oficial, ainda hoje, positivo é o polo passivo, e negativo é o polo ativo. Em vista disso, os elementos positivos, os elétrons, são chamados negativos. Entretanto, procurando corrigir essa falha lamentável, vamos denominar certo, neste estudo: os elétrons, para nós, são positivos (embora a ciência os denomine erradamente negativos).

Feita esta ressalva inicial, para podermos entendernos, verifiquemos o comportamento do átomo e, portanto, dos corpos.

Equilíbrio: Quando um átomo está com seus elementos equilibrados (número normal de prótons, elétrons, etc.), dizemos que está descarregado eletricamente; ou seja, não tem carga elétrica.

Carga Elétrica: Quando conseguimos colocar mais elétrons no corpo, dizemos que o corpo está carregado positivamente. Quando, ao contrário, falta elétrons, dizemos que está carregado negativamente.

O que acabamos de expor pode ser verificado facilmente. Se encostarmos um pente de ebonite, ou uma caneta tinteiro a pedacinhos de papel, nada acontece: o pente e a caneta estão descarregados.

Mas se esfregarmos o pente ou a caneta num pedaço de lã ou flanela, e os aproximarmos dos pedacinhos de papel, veremos que estes pulam e aderem à caneta ou ao pente: então dizemos que estão carregados.

Essa eletricidade estática existe no corpo humano, que consiste num eletrólito (isto é, 66% dele é solução salina que contém e conduz elétrons: essa solução salina tem o nome de soro fisiológico). Então, também o corpo humano, para ter saúde, necessita estar equilibrado quanto ao número de elétrons.

Quando estes se escoam (por exemplo, pelos pés molhados) o corpo se torna deficiente de elétrons, e surgem as doenças como reumatismo, nefrite, flebite, catarros, etc., etc., pelas exaltações de germens.

Assim, as enfermidades exprimem falta de elétrons; a saúde, é o equilíbrio; o excesso de vitalidade é um superávit de elétrons.

O corpo humano: O que ocorre com o corpo físico (ou melhor, com o corpo astral ou perispírito), ocorre também com os espíritos desencarnados que continuam revestidos de corpo astral. Se o Espírito está bem, seus elétrons estão em equilíbrio; se estes são deficientes, o Espírito está enfermo, física ou moralmente.

Por isso, se o aparelho (médium) se liga a um espírito bom, carregado positivamente de elétrons, se sente bem e continua com esse bem-estar mesmo depois da incorporação, porque permanece com os elétrons em equilíbrio ou em superávit.

Mas ao invés, quando é ligado a um espírito sofredor ou obsessor, com deficiência de elétrons, o aparelho se sente mal, e o malestar continua após a incorporação porque os elétrons que tinha, passam para o Espírito que sai aliviado.

Neste segundo caso, para reequilibrar o aparelho, é necessário um passe de reequilíbrio, para fornecerlhe os elétrons que perdeu em benefício do Espírito; ou receber do mentor ou amigo espiritual que, com sua ligação, restabeleça o equilíbrio, fornecendolhe os elétrons necessários.

Indução: Sabemos que, sem necessidade de tocar um corpo em outro, podemos eletriza-lo (carregálo de elétrons) por aproximação ou mergulho em um campo elétrico ou em um campo magnético. A isso chamamos indução.

O encosto: Muitas vezes, mesmo sem incorporação, pode um Espírito aproximarse (encostarse) a um aparelho (médium), sugandolhe os elétrons e deixandoo com mal-estar, por vezes com dores, embora o desencarnado dali se afaste aliviado. Isso ocorre com todos. Mas os médiuns, por serem mais sensíveis, percebem essas diferenças de elétrons.

Para o médium, bastará um passe de recuperação, que é inclusive uma das caridades mais meritórias, porque feita sem interesse e até sem conhecimento do que se está passando.

Há também ervas que possuem e produzem grande número de elétrons. E, sendo a água um bom condutor de energia, essas ervas são empregadas com muito êxito em banhos chamados: banhos de descarga, porque retemperam e reequilibram o organismo do aparelho. Já os antigos conheciam essas ervas. Daí se colocarem certas plantas (arrudas, espada de S. Jorge, etc.), no ambiente: a produção de elétrons protege os habitantes.

E quando a sucção dos elétrons é grande no ambiente, a planta chega a murchar: é quando se diz que o ambiente não está bom. Eis porque os velhos, desvitalizados (pobres em elétrons) gostam da companhia de jovens, que lhes fornecem por indução. Por isso não devem dormir no mesmo leito crianças e velhos.

A sensibilidade dos médiuns faz com que eles percebam a aproximação de um Espírito como uma descarga elétrica, manifestado por vezes por um arrepio violento que lhes percorre a espinha, ou por um eriçarse dos pelos dos braços, imitando a pele de galinha: representa isso a entrada ou a saída de elétrons.

Daí haver duas espécies desses arrepios: um desagradável, quando o Espírito suga elétrons que saem de nosso corpo, exprimindo a presença de um Espírito enfermo ou perturbado; outro agradável, de bem-estar, significando um banho de elétrons que nos penetram, quando o Espírito é benéfico e, portanto, nos fornece energia. (Essas sensações estão a cargo do sistema simpáticoparassinpático).

As Pontas: A eletricidade positiva ou negativa se agrega mais nas pontas ou extremidades pontuadas. Daí terem nascido os pararaios. Essa a razão pela qual as mãos, os pés e sobretudo os dedos, são as partes mais carregadas em nosso corpo. Por esse motivo os passes são dados com as mãos abertas (o que em o Novo Testamento se diz: impor as mãos), para que os elétrons fluam através dos dedos.

Os passes: Daí qualquer dor que sintamos ser imediatamente socorrida pela nossa mão que vai ao local, para restabelecer o equilíbrio dos elétrons: é o passe instintivo e natural. Por isso as pessoas fracas gostam de ficar segurando as mãos das pessoas fortes: os enfermos assim fazem com os sadios.

Os passes, portanto, são um derramamento de elétrons, através das pontas dos dedos, para restabelecer o equilíbrio daquele que recebe o passe, e que deles está carente. Todavia, da mesma forma que o pente de ebonite depois de certo tempo perde os elétrons em excesso que recebeu ao ser atritado com lã, assim também ocorre com o corpo humano.

Daí a necessidade de os passes serem periódicos. Bem assim os obsedados (permanentemente sugados por amigos invisíveis), os fracos de saúde, os que lidam com multidões, precisam periodicamente de passes reequilibrantes, recebendo um acréscimo de elétrons.

Por essa razão, as pessoas doentes (a quem faltam elétrons) não deverem dar passes: ao invés de dálos, tirariam os poucos do paciente, depauperandoo ainda mais. Além disso, existem os que, sem elétrons positivos, possuem um excesso de carga negativa. Com esses, é mister primeiro dar passes de descarga, tirando as cargas negativas, para depois darlhes elétrons.

Essa a razão por que alguns, ao dar passes sem técnica, absorvem a carga negativa dos enfermos, ficando eles mesmos doentes: então em; primeiro lugar, passes dispersivos para limpar de cargas negativas; depois então, passes de fornecimento de energias.

TÉCNICA DA MEDIUNIDADE
Carlos Torres Pastorino
Originalmente publicado em 1968
Pela Editora Sabedoria