O reino
da vida, além da morte, não é domicílio do milagre. Passa o corpo, em trânsito
para a natureza inferior que lhe atrai os componentes, entretanto, a alma
continua na posição evolutiva em que se encontra. Cada inteligência apenas consegue
alcançar a periferia do círculo de valores e imagens dos quais se faz o centro
gerador.
Ninguém
pode viver em situação que ainda não concebe. Dentro da nossa capacidade de auto
projeção, erguem-se os nossos limites. Em suma, cada ser apenas atinge a vida,
até onde possa chegar a onda do pensamento que lhe é próprio. A mente
primitivista de um mono, transposto o limiar da morte, continua presa aos interesses
da furna que lhe consolidou os hábitos instintivos.
O índio
desencarnado dificilmente ultrapassa o âmbito da floresta que lhe acariciou a
existência. Assim também, na vastíssima fauna social das nações, cada criatura
dita civilizada, além do sepulcro, circunscreve-se ao círculo das concepções
que, mentalmente, pode abranger. A residência da alma permanece situada no
manancial de seus próprios pensamentos. Estamos naturalmente ligados às nossas
criações.
Demoramo-nos
onde supomos o centro de nossos interesses. Facilmente explicável, assim, a
continuidade dos nossos hábitos e tendências, além da morte. A escravidão ou a
liberdade residem no imo de nosso próprio ser. Corre a fonte, sob a emanação de
vapores da sua própria corrente.
Vive a
árvore rodeada pelos fluidos sutis que ela mesma exterioriza, através das
folhas e das resinas que lhe pendem dos galhos e do tronco. Permanece o charco
debaixo da atmosfera pestilencial que ele mesmo alimenta, e brilha o jardim,
sob as vagas do perfume que produz. Assim também a Terra, com o seu corpo
ciclópico, arrasta consigo, na infinita paisagem cósmica, o ambiente espiritual
de seus filhos.
Compilado do livro Roteiro
Autor: Emmanuel (espírito) e Francisco C. Xavier