Miramez – Capítulo 88 do livro Médiuns

Há , sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo; nenhum deles, contudo, sem sentido. (I Coríntios, 14:10)

A música é uma linguagem universal. Das formas mais simples ao átomo, e deste ao homem, do homem aos mundos, e da criação infinita a Deus, tudo canta na grande sinfonia da vida.

Tudo é vibração, e toda vibração é arpejo superior do existir. Sons e cores se entrelaçam, despertando o perfeito, como o Pai Celestial, na Sua pujança  divina.

A mediunidade não está separada da música, porque ela é uma melodia celestial a serviço do amor. Quando uma entidade superior se dispõe a comunicar-se com um intermediário no mundo físico as duas auras se entrelaçam, como cordas de um instrumento, e os instrumentos juntos, soltam acordes encantadores em muitas dimensões, como mensagens de consolo, de fraternidade, de saúde e de paz.

O Espírito superior em um trabalho psicofônico educa a voz do medianeiro, acelera suas vibrações e amplia seu poder de amor. Os sons que emite através da palavra, além de serem um passe espiritual, são uma fonte de saber, passam a ser uma sinfonia evangélica que encanta e eleva.

Chamamos a atenção, mesmo veladamente, para que o médium possa ajudar ao Espírito comunicante. Que ele não deixe o trabalho que lhe pertence para os guias espirituais.

Antes que entregue seu corpo para as inteligências espirituais falarem, que seja afinado, limpando a mente com orações que não sejam somente repetições de palavras, mas que irradiem a súplica do amor. Que se prepare, ao menos durante o dia, com boas conversações, e não se esqueça de fazer tudo com alegria.

O médium, quando em intercâmbio com a luz, parece sensível instrumento, cujas cordas são dedilhadas pela alma que fala por ele. É uma profusão de matizes vibratórios que se expandem de sua atmosfera, por serem duas forças que se irradiam no mesmo ideal. Podemos dizer que cada virtude ensinada e difundida pelo Evangelho é uma melodia elevada que cabe em todas as dimensões da vida.

É bom que o sensitivo desenvolva a certeza em Deus, na Sua presença majestosa dentro e fora de si. E para que isso aconteça, e para sabermos começar, busquemos o conselho de Paulo, II Coríntios 3:4. E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus.

Mediunidade sem Cristo é ponte sem base, é casa sem teto. É carro sem direção. É instrumento sem músico. E se temos os dons mediúnicos aflorados, não nos esqueçamos de educá-los.

Não fujamos da disciplina, não esqueçamos o perdão; procuremos com zelo todos os meios que favoreçam os comunicantes por nosso intermédio. E aí a nossa tarefa, no Céu e na Terra, será uma bênção de luz.

Procuremos não contradizer as idéias alheias com sermões improfícuos e divagações sem sentido. Cumpramos o nosso dever, e basta. Usemos da palavra quando essa possa construir, e do silêncio, quando esse aprova o bem.

Amemos em todas as direções. Façamos uso da música em todas as suas nuances, pois esse método de falar está o ganho da nossa sensibilidade.

Ser médium no reino de Jesus é ser útil à humanidade. É ajudar sem que a vaidade avise ao beneficiado de onde vem o benefício. É perdoar, sem que o orgulho force o ofensora reconhecer seu erro. É amar, sem que o amor-próprio exija que os outros nos tenham como santos.

O médium, mesmo no mundo da carne, se deseja ser grande, não pode se esquecer da humildade; se deseja se expressar pela inteligência, cultive os sentimentos; se deseja ensinar, aprenda primeiro com o Mestre dos mestres, porque, sem isso, dificilmente se tornará livre das amarras da ignorância que o prendem à Terra.

Lembrando o assunto que nos inspira, vamos dizer que no mundo, ou em todos os mundos, existem sons, em escala de zero ao infinito, e todos eles têm sentido próprio. Contudo, é de bom alvitre que escolhamos a nossa própria música, aquela que nos coloca em profunda sintonia com Deus e Cristo, aquela que abre os nossos sentidos para a paz da consciência.

Há, sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo;
nenhum deles, contudo, sem sentido.