Gênesis da Terra

Gênesis da Terra
Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG

Allan Kardec, em toda a sua obra, procurou demonstrar que o Espiritismo nada tem a ver com o maravilhoso e o sobrenatural, e não guarda relação com nenhum tipo de superstição. Assim, a teoria da evolução no Espiritismo está intimamente atrelada à da ciência.

Claro, é preciso reconhecer que, a codificação de Kardec, está atrelada ao que se sabia de ciência de sua época, com todas as suas falhas e preconceitos.

Mas, como o próprio Kardec postulou: Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto.

Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará. Assim, cabe aos espíritas a atualização da doutrina através de um contínuo estudo. O diferencial aqui é que, no Espiritismo, toda a explicação da evolução do universo, planetas e seres se processa de acordo com a ciência, mas possui sua causa em uma inteligência ou inteligências, durante todo o processo.

Creio que seja análoga a “Teoria do Design inteligente” certas características do Universo e dos seres vivos são melhor explicadas por uma causa inteligente, e não por um processo não-direcionado como a “seleção natural”, que é diferente da “Teoria do Criacionismo”, termo usado na noção genérica de uma ou mais entidades inteligentes para explicar, por trás de uma série de eventos, a origem do Universo, da vida na Terra ou das próprias espécies de seres vivos.

1. A Formação da vida na Terra

Acredita-se que a vida na Terra tenha surgido há cerca de 2 bilhões de anos, e, segundo a teoria que hoje prevalece de “Oparin e Müller”, o primeiro ser vivo surgiu da combinação de elementos químicos presentes na Terra primitiva.

A fim de romper as moléculas dos gases simples da atmosfera e reorganizar as partes em moléculas orgânicas, era preciso energia, abundante na Terra jovem. Existia calor e vapor d'água. Tempestades violentas eram acompanhadas de relâmpagos que forneciam energia elétrica.

O Sol bombardeava a Terra com partículas de alta energia e luz ultravioleta. Essas condições foram simuladas em laboratório, e os cientistas demonstraram que assim se produzem moléculas orgânicas. Entre elas, estão alguns aminoácidos, os importantes blocos de construção das proteínas, componentes fundamentais da matéria viva.

Em seguida, na seqüência que conduziu à vida, esses compostos foram levados da atmosfera pelas chuvas e começaram a se concentrar em certas áreas do oceano.

Algumas moléculas orgânicas tendem a se agarrar no oceano primitivo, esses agregados provavelmente tomaram a forma de gotas, envolvidos por fina película protetora.

Denominam-se esses seres de coacervados”. Essas estruturas, apesar de não serem vivas, têm propriedades osmóticas e podem se unir, formando outro “coacervado mais complexo”.

Da evolução destes “coacervados”, surgem as primeiras formas de vida. Os primeiros seres vivos, segundo se acredita, eram “heterótrofos”, buscavam o alimento fora deles, habitante das águas, unicelular e com um único sentido: o tato.

Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, escreve no livro “A Caminho da Luz” que todo esse processo admirável não foi obra do acaso, resultado de forças cegas, inconseqüentes, e sim, a conseqüência de um trabalho bem elaborado dos Espíritos superiores, responsáveis pelo destino de nosso planeta.

Emmanuel nos informa que Jesus, ele mesmo, e sua falange de engenheiros, químicos e biólogos siderais estiveram presentes todo o tempo, acompanhando fase a fase o despertar da vida no planeta.

Não podemos também desconsiderar a presença do “princípio inteligente”, que poderíamos chamar de Deus, que como “campo organizador da forma”, deve ter exercido um papel preponderante no processo de gênese orgânica.

Emmanuel nos diz: E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz do Sol beijava, em silêncio, a beleza melancólica dos continentes e dos mares primitivos, Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento.

Viu-se então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas que envolveu o imenso laboratório em repouso. Daí a algum tempo, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada.

Este relato, obviamente que de forma romanceada, sugere elementos da “Panspermia”, teoria marginalizada pela ciência até poucos anos e que sustenta que o detonador da vida na Terra foram elementos provenientes do espaço trazidos por cometas, meteoritos e nebulosas.

Nas questões 43, 44 e 45 de “O Livro dos Espíritos de 1857”, a Quimiossíntese e a Teoria dos Coacervados, de Alexander Oparin de 1936, são prenunciadas pelos Espíritos, com palavras diferentes, mas com a mesma idéia.

2. A Evolução Orgânica

Não mais se discute hoje a realidade do processo evolutivo. A evolução das espécies é um fato inquestionável. Através de processo múltiplos e fenômenos diversos, os primeiros seres vivos, unicelulares e simples, foram os precursores de todas as formas complexas de vida.

Mas qual o mecanismo dessa evolução? Duas teorias, agindo conjuntamente, sem se excluírem, tentam explicar a evolução:

Darwinismo: lançado em 1859, por Charles Darwin no livro “A Origem das Espécies”. O Darwinismo baseia-se na seleção natural, ou seja, os seres mais aptos sobrevivem, enquanto os menos aptos desaparecem.

Mutacionismo: teoria que teve em Hugo de Vries seu idealizador, baseia-se no conceito de mutação: toda alteração no patrimônio genético dos seres, que se transmite às espécies descendentes.

Segundo essa teoria o aparecimento de espécies novas seria o resultado de várias mutações ocorridas nas espécies anteriores.

Como o macaco se tornou homíneo até hoje é uma incógnita. Nunca encontramos realmente o “elo perdido”, a espécie biológica que represente esta transição. Já chegamos bem perto, mas ainda falta algo.

Tal vácuo dá espaço até para teorias de seres alienígenas que ficaram responsável por esta transição, com alterações “in vitro” e por meio de reprodução controlada inter-espécies teoria esta não de todo maluca, se formos pesquisar nas lendas dos povos antigos, como os sumérios, indígenas e asiáticos.

Mas vejamos o pensamento de Kardec, em seu tempo, numa ciência ainda fortemente influenciada pelo modelo grego em que beleza = evolução, vemos no livro “A Gênese”, de Allan Kardec, cap. 11, a “Hipótese sobre a origem do corpo humano”.

Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal.

Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.

Fique bem entendido que aqui unicamente
se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do macaco.

Admitida essa hipótese, pode-se dizer que,
sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto.

Melhorados os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu.

O Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.

A questão evoluiu no Espiritismo pelas mãos de Chico Xavier e Emmanuel, que nos esclarecem que muitas das transformações que se verificaram nos seres foram, anteriormente, promovidas em suas estruturas perispirituais, entre uma existência e outra, ou seja, no plano espiritual.

Os Espíritos construtores, sob a supervisão de Jesus, retocavam, em vezes sucessivas, as formas perispiríticas, e estas alterações criariam o campo magnético para as futuras mutações.

Conta ainda que os seres atuais não tinham, no princípio da vida, suas formas biológicas totalmente definidas. Experiências múltiplas, no patrimônio genético dos nossos antepassados, coordenadas por geneticistas siderais, foram modelando aquelas formas que deveriam persistir até os tempos atuais.

A seleção natural se incumbiria de fazer desaparecer as formas primitivas inaptas. Ou seja, uma mistura de Mutacionismo, Design Inteligente e Darwinismo.

Emmanuel volta a dizer: Extraordinárias experiências foram realizadas pelos mensageiros do invisível. As pesquisas recentes da ciência sobre o tipo de Neanderthal, reconhecendo nele uma espécie de homem bestializado e outras descobertas interessantes da Paleontologia, quanto ao homem fóssil, são um atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos de Jesus, até fixarem no primata as características aproximadas do homem futuro.

Os séculos correram o seu velário de experiências penosas sobre a fronte dessa criatura de braços alongados e de pelos densos, até que um dia as hostes do invisível, operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual pré-existente, dos homens primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações. Surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos do porvir.

3. A evolução espiritual:

Quanto à origem dos Espíritos, quase nada se sabe. Allan Kardec diz: Desconhecemos a origem e o modo de criação dos Espíritos; apenas sabemos que eles são criados simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento, porém perfectíveis e com igual aptidão para tudo adquirirem e tudo conhecerem.

Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o “princípio inteligente”, distinto do “princípio material”, se individualiza e elabora, passando pelos diversos graus da animalidade.

É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria, por assim dizer, o período de incubação. Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal.

Hoje não resta mais dúvida de que os Espíritos, em sua longa trajetória, têm percorrido os diversos reinos da natureza. O pensamento de Léon Denis, de que “a alma dorme na pedra, sonha na planta, move-se no animal e desperta no homem”, está plenamente incorporado ao corpo doutrinário do Espiritismo.

André Luiz, no livro “Mecanismos da Mediunidade” explica que Temos, hoje, o Espírito por viajante do Cosmo, respirando em diversas faixas de evolução, condicionados nas suas percepções, à escala do progresso que já alcançou.

E que tal progresso, estampado no campo mental de cada alma, vai ser condicionado por duas variantes: o tempo de evolução, ou seja, aquilo que a vida já lhe deu, e o tempo de esforço pessoal na construção do destino, ou seja, aquilo que ele próprio já deu à vida.

No livro “No mundo Maior”, André Luiz completa o seu pensamento: Não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio a milênio.

Assim, no “Reino Mineral”, o princípio espiritual refletiria a sua presença nas manifestações das forças de atração e coesão com que as moléculas se ajuntam em característicos sistemas cristalográficos.

No “Reino vegetal”, mostraria maiores aquisições pelo fenômeno de sensibilidade celular.

No
“Reino Animal”, o princípio inteligente somaria novas aquisições refletidas nos instintos.

No
“Reino Hominal”, todo esse cabedal de experiências estaria ampliado pelos novos lastros da conscientização, a carregar consigo, raciocínio, afetividade, responsabilidade e outras tantas condições que caracterizam esta fase.

4. Princípio Inteligente:

No Reino Mineral (atração), No Reino Vegetal (sensação), no Reino Animal (instinto) e no Reino Hominal (razão).


Reino Mineral: Acredita-se que antes de unir-se ao elemento material primitivo do planeta, o
“protoplasma”, na expressão de Emmanuel, dando início a vida no orbe, o princípio inteligente encontrava-se nos cristais, completando seu estágio de individualização em longuíssimo processo de auto-fixação, ensaiando, aos poucos, os primeiros movimentos internos de organização e crescimento volumétrico.

Até hoje constitui fato pouco explicado pela ciência acadêmica, de determinadas substâncias arranjarem-se sob a forma de cristais perfeitamente arrumados segundo linhas geométricas definidas, o que não deixa de ser uma organização, ainda que não um organismo.

O cristal é quase um ser vivente: disse Gabriel Delanne. Naturalmente que não iremos pensar numa inteligência própria da matéria. Todavia, o cientista Jean Emille Charon declarou que “o comportamento das partículas inter-atômicas revela vida incipiente”.

Reino Vegetal e Animal: Após adquirir a capacidade de aglutinar os diversos elementos da matéria em sua peregrinação pelos minerais, o princípio espiritual vai iniciar outra etapa de sua longa carreira evolutiva.

Identifica-se com os vírus, logo a seguir com as bactérias rudimentares, as algas unicelulares e, sucedendo-as, com as algas pluricelulares.

O princípio inteligente passa então a vivenciar as experiências nos vegetais mais complexos, melhor estruturados, onde ele vai adquirir a capacidade de reagir direta ou indiretamente a qualquer mudança exterior (irritabilidade) e depois a faculdade de sentir, captar e registrar as alterações do meio que o cerca (sensação), conquistas do princípio espiritual em seu percurso pelo reino vegetal.

Mais tarde, assinala-se o ingresso da “energia pensante”, no reino animal. O princípio inteligente vai desdobrar-se entre os espongiários, os celenterados, os equinodermos e crustáceos, anfíbios, répteis, os peixes e as aves, até chegar aos mamíferos.

Neste imenso percurso, o elemento espiritual estará enriquecendo a sua estrutura energética, aprimorando o seu psiquismo rudimentar e assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, da auto-preservação, enfim, dos diversos instintos, preparando-se para a sublime conquista da razão.

Afirma-se que a conquista maior do princípio inteligente em sua passagem pelos animais foi o instinto. Denomina-se instinto às formas de comportamento dos organismos que não são adquiridas durante a vida, mas herdadas.

São impulsos naturais involuntários pelo qual os seres executam certos atos de forma mecânica, sem conhecer o fim ou o porquê desses atos, como o gato enterrar suas fezes e urina, ou certos pássaros fazerem seus ninhos de certa forma.

No entanto, em muitos animais, especialmente nos animais superiores (macaco, cão, gato, cavalo, muar e o elefante), já identifica-se uma inteligência rudimentar. Além dos atos instintivos, observa-se, às vezes, atitudes que demandam certo grau de perspicácia e lucidez.

Seria uma forma primitiva de inteligência relacionada apenas a coisas que importam à auto-preservação do animal. André Luiz diz que nos animais superiores observa-se um pensamento descontínuo e fragmentário, a partir do qual vai desenvolver-se o pensamento contínuo do reino hominal.

5. Conquistas do Princípio Inteligente

1. Atração (capacidade de aglutinar os elementos da matéria)
2. Sensação (faculdade de reagir aos estímulos do meio)
3. Instinto (atitudes espontâneas, involuntárias, reflexas, características da espécie)
4. Razão (consciência que o indivíduo tem de si mesmo e do meio que o cerca).

Reino Hominal: Afirma André Luiz que, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser automatizado em seus impulsos, no caminho para o reino angélico, despendeu nada menos que um bilhão e meio de anos.

Com a conquista da razão, aparece o raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma orientação centrípeta, ou seja, de fora para dentro; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha.

Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente, agora sim, “Espírito”, está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga (de dentro para fora).

Mas a conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estadia no reino hominal. Ele deverá agora iniciar-se na valorosa luta para conquistar os valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos.

Baseado na apostila do
Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG

Bibliografia:

Evolução em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier
No Mundo Maior - Cap. IV - André Luiz/Chico Xavier
Mecanismos da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
Morte Vida Renascimento - Hernani Guimarães Andrade
Impulsos Criativos da Evolução - Jorge Andréa
A Caminho da Luz - Emmanuel/Chico Xavier
Evolução Anímica - Gabriel Delanne
Biologia - Helena Curtis