Miramez – Capítulo 92 do livro Médiuns

O Médium perante outras religiões

Mas Jesus lhe disse: não proibais,
pois quem não é contra nós é por vós. (Lucas, 9:50)

O valor das religiões é nos levar à magnitude daquilo que é nosso, desde a nossa formação, crer em Deus e na Sua exuberante bondade, conceituando, ainda mais, que ninguém morre.

As doutrinas religiosas divergem em alguns pontos, não resta dúvida. Não obstante, convergem para o mesmo ideal – o amor. Cada comunidade religiosa tem uma missão, de acordo com o rebanho que lhe compete educar e instruir.


O combate entre as religiões é a prova da distância de Jesus, destes que se candidatam por si mesmos a defensores de uma verdade que eles ainda desconhecem esquecendo-se completamente do “não julgueis” e que todos fazemos parte do grande aprisco do Senhor.

É bom que destampemos nossa lembrança para uma advertência muito proveitosa, como a de Paulo em Coríntios, 10.32, nesta oportuna afirmação: Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tão pouco para a Igreja de Deus.

Médium! Medita nesse assunto e concentra-te, com mais interesse em teus deveres para com a consciência e Deus, Jesus e os benfeitores da espiritualidade maior. Esquece a ofensa aos outros, se porventura os teus impulsos te levarem a isso.

Mesmo que as religiões ou alguém estiver trilhando caminhos que a tua consciência doutrinária não aprovar, mesmo que a falta de conduta moral fizer esquecidos os preceitos do Cristianismo, mesmo que a maledicência alastrar no ambiente propício, nos outros reinos religiosos, não te levantes contra os postulados dessas seitas.

Compreende, no silêncio, que cada um assimila o que pode, e que no mundo ainda não existe trigo sem joio nem joio sem trigo. Ora por eles sem o azinhavre da crítica, e esforça-te sempre para melhorar a tua condição espiritual, pois Deus sabe intervir em tudo, na hora exata.

Há sensitivos que condenam os sistemas doutrinários que não são os seus, sem que percebam a ignorância revestida de vaidade, no que pensam, falam e escrevem.

Sem dúvida que existem Espíritos desencarnados com o mesmo impulso, transmitindo mensagens de condenação ao modo de pensar dos outros, pois a razão iluminada no discernimento cristão nos diz de onde eles vêm e quais os seus objetivos.

Se há pessoas que merecem maior atenção e respeito, eles são os que trilham os outros caminhos sentimentais, pois nos favorecem com experiências em outras dimensões. Se queremos saber a quantidade de religiões do mundo, procuremos a estatística dos Espíritos.

Mesmo que muitos pertençam à mesma fé, não encontraremos dois que a sintam do mesmo modo. Cada alma é um mundo religioso com as suas características próprias de modo a desenvolver as qualidades, ou dons que Deus colocou como leis dentro de cada ser.

E se Espírito pode viver sem a cooperação dos outros, a ofensa, os julgamentos, ódio, etc., tendem a desaparecer das nossas cogitações, pois é esse o nosso ideal, de nos darmos as mãos, encarnados e desencarnados, aproveitando essa profusão de ensinamentos, desfrutando desta presença maior dos céus na Terra, e educando-nos corretamente.

Cavalgamos na vida o ponto do nosso destino, considerando os preceitos religiosos como freios e os nossos instintos como esporas.

Os primeiros não nos deixam cair nas fossas, os segundos não permitem que paremos na estrada. E quanto às outras religiões e pessoas que não comungam conosco, escutemos novamente o versículo:
Mas Jesus lhe disse: não proibais,
pois quem não é contra nós é por vós.